O outro lado da moeda

Quando formamos um cenário para o futuro, em qualquer área que seja, ficamos com uma tendência de rejeitar informações que o questionam. Ao contrário, temos o maior interesse em leituras que corroboram nosso ponto de vista. Imagino que seja uma defesa do nosso ego, afinal ninguém gosta de estar errado em suas previsões. Aprendi com a vida que a realidade se sobrepõe, e quando cometemos um erro, mais dia menos dia, a verdade prevalece.

Os leitores do mosca sabem que tenho uma visão não muito positiva para o futuro, esta premissa baseia-se nas minhas análises técnicas de longo prazo, acrescidas das observações e informações que analiso. Porém é dever de olhar ao lado, e verificar os que pensam contrariamente.

Existe uma casa com uma elevada reputação, que elabora excelentes relatórios econômicos, Gavekal, e é sobre um destes relatórios que vou comentar hoje. Antes de começar, é importante frisar que, nessa empresa não existe um consenso, pois alguns de seus sócios tem visões contrárias.

O relatório em questão, acredita que os mercados de ações embarcaram num movimento de alta de longo prazo, comparável aos vividos nos anos 1950 e 1960, ou 1980 e 1990. E mais, o que estamos vivendo não é o final, mais o início deste movimento.

Para fundamentar sua afirmação elenca os seguintes motivos: Primeiro e principal, a pior crise econômica e financeira da memória viva terminou, e maior parte do mundo está vivenciando um decente, mesmo não sendo espetacular, crescimento; segundo, as políticas econômicas e financeiras, ao redor do mundo, embora distante de serem perfeitas, são altamente previsíveis e assim, improváveis de causar novas rupturas no mercado; terceiro, a tecnologia está avançando, e esta inovação está criando novos produtos, serviços e processos que estimulam tanto investimentos como demanda de consumo; e finalmente, a inflação é praticamente inexistente, ao menos nas economias desenvolvidas, implicando que as taxas de juros permanecerão baixas por um período longo.

Mesmo com estas condições benignas, correções menores e pânicos são esperados, uma vez que os mercados financeiros movem-se entre a euforia e o pânico. Isto foi visto no início de outubro, onde as ações em Wall Street caíram 10% em três semanas. Estes retrocessos, entretanto, tendem a reforçar a tendência de alta, se os medos que acarretaram sua queda, mostram-se ilusórios ou menos assustadores que aparentavam. Isto é exatamente o que ocorreu.

Houveram dois argumentos que catalisaram este movimento: Uma queda repentina dos preços do petróleo e dados econômicos sombrios na Europa e Japão. O primeiro desses problemas, não aparenta ser mais que um soluço, uma vez que, a queda do preço do óleo, no final, é benéfico para o consumo e lucro das empresas. Com exceção das companhias e países que o produzem. Em contraste, o segundo problema - queda das economias da Europa e Japão - amedrontaram os investidores por uma razão real. Independente de como a economia americana vai performar, os negócios mundiais não vão se livrar de uma possível recessão na Europa e Japão. Especialmente se os governos ou BC's desses países, se recusarem a seguir o modelo fiscal e monetário adotado pelos USA, para estimular o crescimento.

Os últimos movimentos observados na Europa e Japão, parecem encorajar.  Assim, tornará mais fácil a remoção dos obstáculos necessários para as reformas estruturais. O prospecto para uma expansão sustentável, parecem estar mais claros que há um mês atrás. Esta melhoria na perspectiva econômica justificam a alta das bolsas, recentemente.

Mesmo que as condições continuem a melhorar, os preços das ações são obrigados em algum momento, a infligir perdas pesadas aos investidores. Isto é o que aconteceu em 1987, aproximadamente cinco anos depois do início de um mercado de alta estrutural. Estes ciclos são inevitáveis porque a melhora das condições econômicas encorajam excessos. Porém, inicialmente são necessárias altas fortes, antes das quedas - e as condições econômicas sugerem que, uma alta em grande escala, pode estar somente começando.

Não vou criticar as ideias principais, uma vez que seus argumentos são válidos. Porém, queria colocar alguns pontos: 1) Ele considera um sucesso a intervenção nos USA, porém eu acredito que pairam dúvidas sobre a recuperação. Alguns gráficos que se encontram logo a seguir, além da incerteza quando da retirada dos enormes estímulos financeiros, são questões ainda não resolvidas; 2) Ele acredita que tanto o Japão quanto a Europa, caminham para uma ação semelhante ao do FED, o que é questionável; 3) E por último, eu presenciei o dia em outubro de 1987, em que a bolsa caiu mais de 25%. Queria ver se este analista tivesse posições naquela data, acharia aquilo uma correção "normal".

Sua conclusão pode-se resumir na famosa frase: By on the dips!

Com uma visão mais pessimista sobre a bolsa americana, Lance Roberts, em seu último relatório, apresenta alguns dados que se contrapõe as ideias acima. Para não tornar muito longo o post, selecione somente dois gráficos. O primeiro mostra que a maior parte dos lucros recentes, deu-se por conta das recompras das ações pelas companhias, ao invés do crescimento das vendas. Em algum momento, isso se esgota, ou porque os juros irão subir, ou o endividamento das empresas ficará muito elevado.

Os resultados das companhias são cíclicos, embora os analistas sempre projetem lucros crescentes, de forma geral. Uma maneira de medição, é o lucro - em relação ao - PIB, e no gráfico a seguir, pode-se verificar sua evolução comparada ao SP500.

Para referenciar um argumento citado pelo Gavekal, no gráfico acima, encontra-se destacado a queda de 1987. Vejam que demorou cinco anos para que o mercado retornasse aos níveis pré-queda.

Pode ser que ambos estejam corretos, uma vez que, o Gavekal não descarta os momentos de pânico, mas os classifica como temporários. O gráfico acima, dá esta impressão de "normalidade" na linha vermelha, e só esperar que recupera. Mas quero ver no momento de pânico manter esta calma! Como citou Keynes, "no longo prazo estaremos todos mortos". Vou levar em consideração seus pensamentos, mas uso a análise técnica para nos guiar. O compromisso é com o bolso, para pagar o leitinho das crianças, todos os dias! Hahahahah....

Vem-se noticiando, que os grandes compradores de ouro são os Chineses, devem ter lido o post os-magnatas, e aumentado suas posições, Hahahahah: ... Precisamos duas provas adicionais para ter-se uma certa segurança: primeiro passar os US$ 1.180 e em seguida US$ 1.220, e mesmo assim quero ver de que forma. Em todo caso, se quiser fazer uma aposta arriscada, tipo jogar na loteria, compre com um stop a US$ 1.132...Desde então, atingiu a máxima de US$ 1.193, e agora encontra-se próximo a US$ 1.180.


No curto prazo, o ouro têm que passar a barreira de US$ 1.195, e em seguida US$ 1.225. Aí sim, posso elevar mais minhas expectativas. Tudo isso, tem que acontecer, sem que o metal retorne ao nível de US$ 1.145, que passa a ser o novo stoploss para quem aderiu a minha sugestão.

No post suíça-um-pais-99,9999%, eu comentei que o povo Suíço decidirá no dia 27 de novembro, se o país deve ou não ter 20% de suas reservas em ouro. Se a resposta for sim, o BC daquele país, terá comprar o metal. 

O gráfico a seguir é da cotação do EURCHF (euro contra o franco suíço). Pode-se observar alguns movimentos importantes nestes últimos anos: Primeiro a reação quando o BC Suíço, fixou a relação em 1,20, e pegou todo mundo que estava apostando no franco suíço, como a única moeda que tinha algum valor. Em seguida, voltou a beirar aquele ponto, quando da crise de solvência do Club Med, e mais recentemente, a estagnação da Europa.


Desde o início de outubro, o EURCHF vem se aproximando lentamente do patamar de 1,20, e eu não acredito que já seja por receio do referendo, afinal o ouro caiu. Porém, se o resultado for positivo, e como existe aquele limite fixado pelo BC, é provável que o metal seja bem afetado. 

O SP500 fechou a 2.041, sem alteração; o USDBRL a R$ 2,6077, com alta de 0,28%; o EURUSD a 1,2449, com queda de 0,58%; e o ouro a US$ 1.186, sem variação.
Fique ligado!

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