Desmistificando o Hedge

Já comentei algumas vezes sobre o conceito de hedge, palavra em inglês que não existe tradução para o português. Resolvi hoje aprofundar um pouco mais seu conceito, mas sugiro que releiam o post confusão-patrimonial. Inicialmente, vejamos sua definição :

Making an investment to reduce the risk of adverse price movements in an asset. Normally, a hedge consists of taking an offsetting position in a related security, such as a futures contract."

Esta definição vai direto ao assunto, consiste numa operação contrária para reduzir um movimento adverso no preço de um determinado ativo, por exemplo: Se você contraiu um empréstimo em dólares e num determinado momento está preocupado que a cotação contra o real possa subir, faz uma operação de hedge, compra dólares futuros de tal forma que se o dólar subir, você vai compensar sua perda no empréstimo com o ganho neste contrato.

Existem outros tipos de hedge que não são diretos. Me vem a cabeça uma situação que ocorreu quando estava na Tendência Corretora, num belo dia pela manhã, ao ligar nossos monitores, nos demos conta que as taxas de juros americanas tinham subido muito, não me lembro o motivo. O meu colega pegou o telefone e deu ordem para comprar prata. Eu era novato neste mundo de especulação, afinal vinha de um banco, que não participava destes mercados, perguntei:

- Por que você resolveu comprar prata?
- Ah, quando os juros sobem, a prata sobe muito mais.

Fiquei quieto, afinal como conseguiria contestar, mas de imediato tive uma dúvida: Se eram os juros que estavam subindo, por que não apostar direto neste mercado? Se tivesse questionado teria evitado um prejuízo, pois neste caso, não funcionou, a prata caiu e os juros continuaram a subir. Notem que o objetivo deste colega era de cobrir uma carteira de títulos americanos que detinha, mas quis dar uma "turbinada".

Depois de tantos anos eu criei meu próprio conceito sobre hedge: "Hedge é o final de uma especulação mal feita!"

- Hahahaha.... Agora virou filósofo em finanças? Explique-se melhor.
Vou pegar o exemplo do empréstimo em dólar, se você resolveu se endividar em outra moeda, onde seus produtos são vendidos em reais, está especulando e ponto! Argumentos do tipo: O CDI está muito caro; só exite linha de longo prazo em dólares; quanto que o dólar pode subir e etc... encaixa-se na frase do "meu amigo" Nietzsche, melhor uma explicação que nenhuma. O pior e que já vi várias pessoas se vangloriando quando no passado o dólar caiu, "ganhei uma nota". Ora se está disposto a ganhar uma nota, tem que aceitar perder uma nota!

O mosca fez mais um call certeiro, contra todas as expectativas, os juros dos títulos americanos atingiram o target mínimo, que venho alertando desde o ano passado, veja o último post sobre o assunto resistência-ao-antibiótica ... Eu ainda continuo com minha previsão que, veremos os juros cair até o nível de 2,40% a.a., para depois iniciar um novo ciclo de alta, e se ao invés de subirem continuarem a cair, principalmente abaixo de 2% a.a., algo de muito ruim deverá acontecer, mas não é meu cenário básico. Como dizia um colega americano, "when you don´t understand the markets, look bonds"... 

Se você seguiu minha recomendação, fique alerta, mas aguardaria para liquidar a posição, o motivo é que ainda tem muita gente que apostou contra, como por exemplo o Deutsche Bank que está muito otimista com a economia americana, acreditando que o FED vai subir os juros antes do que o mercado espera. Ele pode até estar certo, mas no curto prazo seu call foi ruim, lembrem-se do que comentei ontem sobre sobre os fundamentalistas, só tem um lado, vai ser difícil se explicar agora.

Para resumir entre 2,20/2,40% a.a., é mais provável que haja uma reversão, vou ficar de olho, agora se continuar caindo, e abaixo de 2% a.a., só se algo muito ruim acontecer.

- David, não entendi sua introdução sobre o hedge.
Bem lembrado, um analista publicou um gráfico que compara a evolução dos juros americanos com o SP500, em dois momentos, o gráfico de cima em 2011,e o abaixo mais recentemente.


Parece convincente que a bolsa está prestes a uma queda, então se o juros cai, vamos vender bolsa? Talvez possa ser um caso semelhante ao da prata que comentei acima, por enquanto meus indicadores do SP500 não apresentaram fraqueza. Por outro lado, tenho deixado claro, que a situação na bolsa merece muito cuidado e que não sou comprador. 

Mudando de assunto, o Banco Goldaman Sachs, fez um trabalho extenso sobre a Copa do Mundo, usou um modelo sofisticado de estatística para prever os resultados dos jogos, bem como o futuro campeão. Se der o que ele está esperando, a Dilma vai poder comemorar, o Brasil é disparado o mais cotado. Let´s see!


O SP500 fechou a 1.920, com alta de 0,54% com novo recorde histórico!; o USDBRL a R$ 2,2223, com queda de 0,44%; o EURUSD a 1,3602, sem variação; e o ouro a US$ 1.255, com queda de 0,19%.
Fique ligado!

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