Não basta ser rico

Recentemente tenho observado um aumento no número de artigos alertando para uma eminente correção, ou queda mais expressiva, na bolsa americana. Vários argumentos são expostos, mas no meu entender, existe uma distorção que me incomoda a cada vez que me deparo com nova informações, é a enorme concentração de renda. Talvez, parte de minha reação, poderia ser encarada como uma certa inveja de não estar neste grupo, ou mesmo de quem escreve estes artigos, porém os números são tão extremados, que merecem o destaque.

Dois economistas, um da Universidade de Berkley, Emmanuel Saez, e outro da London School of Economics, Gabriel Zucman, publicaram uma nova série de dados sobre a inequalidade da riqueza americana. Riqueza é definida como o valor daquilo que alguém possui, ativos como: residências; ações, títulos, subtraído de suas dívidas, caso haja. O movimento "ocupe Wall Street" que ocorreu em 2011, já segregou os americanos, porém os estudos destes economistas, mostram que ao se detalhar dentro deste grupo (1%), a discrepâncias são enormes, onde concluem que a real concentração está no 0,1%.

O gráfico a seguir aponta a evolução deste segmento desde o início do século passado, notem como depois da crise de 1929, este índice declinou até atingir um mínimo em 1978, voltando a subir logo depois. Hoje se encontra ao redor de 20%, enquanto se considerar os 1% representam 22%.

Uma análise mais detalhada dentro dos 1%, e considerando um período iniciado em 1960, fica claro quem foi que realmente acumulou mais patrimônio em detrimento dos outros subgrupos. Os ganhos relativos foram incorporados pela elite - os 0,1%, e mais ainda os 0,01%.

A luta para transformar renda em riqueza passa pela poupança e investimento. E ao passar os anos a riqueza se multiplica, é por isso que a diferença de riqueza é sempre mais severa que a diferença de renda. Isto explica porque os super ricos estão correndo à frente, enquanto os ricos "normais", estão no mesmo lugar. A economia tem tratado bem, pequenos empresários, advogados corporativos e médicos, mas para manter seus padrões de vida, eles precisam gastar mais de suas rendas do que, digamos, um Presidente de uma companhia ou gestor de um hedge fund.

Assim, esta pequena parcela de americanos está se consolidando com sucesso suas fortunas, muito mais rápido que os 99,9% do país. Correndo um risco melodramático, pois é assim que uma aristocracia se constrói.

Existem duas maneiras de equalizar a renda num país, a primeira é quando a classe média ganha participação no total da renda, eu chamo isso da boa distribuição, e a outra quando os ativos caem de preço, que denomino da má distribuição, que foi o que ocorreu depois de 1929. O que vocês acham mais provável?

Para piorar mais a situação, a economia americana não está criando suficientemente empregos para sua população, no post preparando-se-para-prova, eu elenquei as diversas formas que a população está usando para seu sustento, mas têm um gráfico que mostra claramente este declínio.


Grande parte do emprego está sendo substituído por fábricas em outros países, cuja mão de obra, não especializada, é mais barata, e as novas tecnologias, que cada dia, vem substituindo o trabalho humano. Como isto vai terminar ninguém sabe, mas que não é saudável, todo mundo sabe!

Todos estes pensamentos nos remetem ao SP500, quando este índice vai cair? Se é que vai! Nos últimos dias, teve uma retração, ainda tímida para ser conclusiva. No post onde-está-o-gato comentei ... "o nível atual, próximo a 1.900, é um divisor de águas, se conseguir ultrapassar, podem esperar para o futuro 2.200 ou 3.100, uma alta de 17% e 65%, respectivamente" ... Até o momento, depois de flertar com o nível de 1900, encontra-se 1.845, apenas 3% de queda. 

Como comentei acima, existem vários analistas alertando para os perigos de uma queda, assim selecionei um deles que têm bons argumentos. Inicialmente, o gráfico a seguir mostra 5 índices que, do ponto de vista técnico, encontram-se numa situação de decisão, que ele denominou de escape time.



Para dar uma "pista" de em qual direção acredita que o mercado irá, mostra que o nível de valorização que as ações se encontram, no passado, resultou em queda.


O SP500 fechou a 1.851, com alta de 0,38%; o USDBRL a R$ 2,2034, com baixa de 0,69%; o EURUSD a 1,3794, com alta de 0,39%; o ouro a US$ 1.308, com alta de 0,93%.
Fique ligado!

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