A exuberância das bolsas é racional ou irracional?
O ano começou de forma marcante nos mercados. O que até
pouco tempo eram mercados com volatilidade extremamente baixa, foi substituído
por movimentos direcional na maior parte dos ativos, onde destaco: dólar em
queda generalizada, juros em alta na maior parte dos países desenvolvidos, e
bolsas em alta.
Comecei este ano muito cauteloso, mesmo observando uma
euforia generalizada.
Na semana passada me concentrei nos bonds estrangeiros, onde
descrevi minha desconfiança que os juros são para cima de forma imponente. Por
enquanto pelo bom motivo - crescimento, mas de olho se não evoluirá para o mau
motivo – inflação. Hoje chegou a vez das bolsas de valores.
Eu já comentei um momento ocorrido há 20 anos, quando a
bolsa americana estava subindo com um movimento semelhante ao atual. Num belo
dia, Alan Greespan, Presidente do FED, concluiu que aquele era um movimento
perigoso e resolveu dar um aviso. Expressou de forma não muito tranquila essa
alta, como Irrational Excuberance”. No
dia o Dow Jones levou um tombo, mas passados alguns dias, continuou a desafiar
o chefe maior das finanças.
Provoco o leitor para apontar algum lugar do mundo onde a
bolsa de valores não esteja subindo. Lógico que vai encontrar, mas é uma
pequena minoria. De nosso interesse, tanto o SP500 como o Ibovespa, estão
subindo. A nossa bolsa foi turbinada a semana passada quando o julgamento de
Lula o colocou fora do páreo eleitoral. Para mim ainda não é claro quem se
beneficiaria de seus votos, caso isso aconteça. Será que é tão tranquilo assim
Bolsonaro ou Ciro Gomes? Não acredito – ou quero acreditar, que esse último
tenha chance, pois seria péssimo. Mas quem sou eu para falar de eleições.
Frisei inúmeras vezes a mudança de direção na injeção de
recursos pelos bancos centrais. Esse movimento se tornará mais acentuado a
partir do final desse ano e 2019, como se pode verificar na figura abaixo.
Por mais que os analistas queiram não correlacionaram a
performance das bolsas, em virtude de anos de abundancia de helicópteros, é
difícil de negar esse fato ao observar o gráfico a seguir, onde a linha escura
corresponde a injeção de liquidez através da compra de títulos pelos bancos
centrais, enquanto a linha clara mede a evolução das bolsas de valores - índice
MSCI World.
Uma conclusão simplista analisando o gráfico, implicaria que
as bolsas deveriam cair 50% até o final de 2019.
Para expor os motivos de minha preocupação, notem a seguir o
número de dias sem houvesse uma queda de 0,6% no SP500.
Um outro estudo elaborado pela Crescast, empresa que
acompanha os mercados, mostra que a bolsa americana está sobrevalorizada e
próximo de um mercado de baixa – Bear
Market.
- Puxa David, vamos
vender tudo, e logo!
Calma, não existe nenhum indicador técnico que indica esse
movimento imediatamente. O mercado nos dará indicações. Por outro lado, vocês
acompanharam as minhas previsões para o nível das bolsas, principalmente no SP
500, se alterando a cada vez que um novo recorde foi atingido. Recentemente a
aceleração é marcante.
Talvez tudo isso seja o motivo de minha cautela. Essa alta é
racional ou irracional?
Como não poderia deixar de ser, meu comentário técnico hoje
será sobre o SP500. No post derrocada-do-dólar, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ...” desde
agosto do ano passado, a bolsa americana ganhou um ímpeto que se pode verificar
no gráfico a seguir, caminhando para o Target estabelecido acima de 2.900” ...
...” em mercados de alta, da forma como acontece agora com o SP500, a melhor
estratégia é não se mexer na posição, e ir subindo o stoploss. Dessa forma, o
mercado vai zerar sua posição quando uma retração maior acontecer, enquanto
isso, as altas vão se sucedendo” ...
O SP500 está muito próximo de novo nível traçado ao redor de
2.900, conforme pode ser visto na figura a seguir.
Enfatizei com a linha azul o que descrevi acima como
exuberância. Não aconteceu nada de preocupante do ponto de vista técnico nem
tampouco nos fundamentos. Os lucros estão bem, o Trump reduziu os impostos com
impacto positivo numa série de companhias e etc ... Mas conforme o preço sobe
diminui o número de compradores e aumenta o número de vendedores (ou
potencias). Com os preços baixos intempéries podem ser melhor suportadas do que
quando os preços sobem de forma abrupta.
Por esses motivos, vou navegar daqui em diante com rédeas
bem curtas, subindo o stoploss com frequência, até que em algum dia seremos
stopados. Isso não vai implicar que a alta terminou, mas prefiro acompanhar
esse desenrolar sem posições. Estou alterando o stoploss para 2.800. Um
detalhe, dado a forma parabólica da alta, é que o stoploss não segue
estritamente os parâmetros técnicos, isso poderá ter implicação mais à frente.
Mas vamos deixar esse assunto para o futuro.
O SP500 estava a 2.860, com queda de 0,43%; o USDBRL a R$
3.1574, com alta de 0,21%; o EURUSD a € 1,2385, com queda de 0,28%; e o ouro
a U$ 1.341, com queda de 0,60%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário