Contando os dias
Como já mencionado anteriormente o mandato do Presidente do
FED, Janet Yellen, termina no início de 2018. Muito se tem especulado sobre a
intenção de Trump em mantê-la no cargo, porém esqueceram de perguntar se ela
gostaria de ficar. Não tenho nenhuma informação sobre esse assunto mas presumo
que não deveria continuar. Primeiro, ter um “chefe” ou promoter como Trump não
parece ser algo motivador, basta ver o que ele anda fazendo com as pessoas que
escolheu nesses primeiros 6 meses de governo, acredita que ainda está no
programa The Apprentice. Segundo que,
os próximos anos não serão nada fácil, uma vez que, a retirada da liquidez do
sistema bancário, é algo inédito.
Assim como os esportistas tem que saber a hora de parar e
não ficar até o último minuto, um executivo do FED na posição de comando deve
fazer o mesmo, sair como vencedor. Sua carreira profissional depois pode ser
promissora, basta ver Alan Greenspan, que até hoje é consultado para palestras.
Se minha especulação estiver correta, bastará em setembro
anunciar uma programação da retirada de liquidez, em dezembro um presente de
Papai Noel para os rentistas promovendo mais uma elevação dos juros, e deixaria os abacaxis de 2018 para o novo Presidente indicado por Trump.
No post de ontem a-macroeconomia-esta-demode, comentei sobre as
inconsistências macroeconômicas vividas na atualidade, e a publicação ontem da
taxa de inflação – PCE, índice que o FED utiliza para as ações de Política
Monetária, não foi diferente. O nível foi de 0% no mês, e a taxa anual ficou em
1,4%, abaixo do objetivo.
O dado de consumo não foi nada animador também registrando
uma elevação mínima de 0,1%. Como os salários não estão subindo, parte do
consumo está sendo financiando com a diminuição da poupança, que se encontra
nos menores níveis observados nos últimos anos.
Por essa é outras razões o mercado vem apostando que o FED
não subirá os juros como pretende. Ontem publiquei o gráfico que aponta uma probabilidade
inferior a 40% para mais uma alta em 2017, porém o resultado desse cálculo para
2018 é ainda mais gritante. Pela previsão média dos membros do FED é esperado
100 pontos no próximo ano, ou seja, uma taxa de FED funds, como é conhecido, em
2,5%. Já o mercado futuro assinala a possibilidade de apenas uma alta,
terminado o ano em 1,5%. Parece pouco essa diferença, mas num mundo com pouco
juros é muito.
Hoje pela manhã foi publicado pelo ADP os dados de emprego
para o mês de julho. Ficou em 178 mil um pouco abaixo do previsto - 190 mil. O
gráfico a seguir compara esses resultados com os dados oficias, cujo nível esperado
para julho é de 180 mil.
Acredito que o emprego oficial não deverá diferir muito,
porém o mercado estará interessado na taxa de desemprego bem como nos custos da
hora de trabalho. Esses dois itens podem dar uma ideia se o FED vai ou não
cumprir o que vem anunciando.
Esse problema destas distorções e por que não, da
credibilidade do FED, não são agradáveis para seus dirigentes, que tem uma
formação estritamente acadêmica. Se a Yellen seguir meus conselhos poderá
terminar sua carreira dando aulas na Universidade e algumas palestras, pois com
71 anos que mais poderia ela almejar?
No post manual-de-emergência, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500: ...” ultimamente o mercado
ficou contido entre as duas linhas verdes traçadas no gráfico acima. Pode ser
que começou uma mini queda até a parte inferior, que corresponde a
aproximadamente 2.380. A linha cinza enfatiza que o mercado está “cansado”...
...” Em algum momento acredito que uma
retração a pelo menos 2.380 é possível”...
Realmente o mercado chegou a recuar, mas nem de perto aos
níveis que seria interessante uma compra, a mínima atingida foi de 2.140. Logo
em seguida continuou seu movimento ascendente. Como podem notar, essa evolução
não se deu de forma direta, e sim, “tortuosa”, a isso que denominei de cansado.
Mas já vivi muitas situações que o mercado evolui mesmo
“cansado” e quem não está dentro fica esperando uma oportunidade para entrar
que acaba não acontecendo. Então é esse cenário que vou estudar a seguir.
Considero o nível atual entre 2.475 -2.500, muito importante
para a bolsa americana. Se vocês recordarem foi mencionado no post do final de
2016 SP500-céu-azul: ...“O SP500,
ao romper a resistência de 2.200, abriu caminho para novas altas, conforme
mencionei no post a-ilógica-financeira. O gráfico a seguir, com preços
trimestrais, verifica-se claramente que após 2009 a bolsa está num canal de
alta que nunca foi violado (linhas verdes). O próximo objetivo é 2.500 e se
ultrapassado, irá rumo ao 2.950” .... Por enquanto, tanto a direção como
meus níveis se mostraram corretos.
Conforme mencionado acima, caso o SP500 não resolva
“descansar” agora, os próximos objetivos de médio prazo seriam 2.770 /2.870
/2.950, altas de 11% -15% e 18%, not bad
at all! Mas tem que passar o intervalo mencionado – 2.475/2.500, pois caso
contrário, uma correção está a caminho.
Acho que esse é uma situação interessante de mercado, pois
não se deve ter nenhuma posição. Vamos simular apenas a título ilustrativo o
que poderia acontecer caso se esteja posicionado.
1)
Comprado – Se o mercado é de alta e não sei se
vou comprar mais barato, compro já. Agora suponha que a correção começa e o
mercado cai, as notícias irão apontar que a alta terminou e
o tombo poderá ser grande; depois não posso saber com precisão onde essa
correção terminará. Garanto para vocês que não seria nada agradável.
2)
Vendido – Se o mercado tem boa chance de
corrigir vou vender agora. Isso seria totalmente insano, melhor jogar no Cassino.
Minha experiência mostra que raríssimas vezes se é bem-sucedido apostando
contra um mercado em alta. Caso dê certo, tem mais um componente psicológico –
“sou bom” – que um resultado financeiro que justifique o risco.
3)
Zerado – compramos se romper 2.500, ou
calculamos um ponto de entrada no caso de uma correção. Não é muito mais
tranquilo?
O SP500 fechou a 2.477, sem variação; o USDBRL a R$ 3,1195,
com queda de 0,19%; o EURUSD a 1,1854, com alta de 0,42%; e o ouro a U$ 1.266,
com queda de 0,15%.
Fique ligado!
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