US$ - The Return?

Nesta época do ano me vejo sempre com o mesmo dilema: "Por que este deveria ser o melhor momento de fazer uma previsão para todo o ano seguinte?"

- David, de novo com esta ladainha, já sabemos que você não gosta, nem concorda, mas a vida é assim!
Entendi o recado, prometo não reclamar mais.

Decide que o tema para 2016 será: US$ -The Return? O que acontecerá com o dólar, não contra o real, o "dólar-dólar".

Se eu tivesse uma lâmpada do gênio, onde poderia fazer somente um pedido do mercado, qual ativo escolher? Aquele que me desse maiores pistas sobre os outros, assim alavancaria a resposta do gênio. Neste ano, a minha opção foi o dólar.

Também considerei que, poderiam encarar como uma repetição de mais do mesmo, uma vez que, também foi o tema de 2015. Embora a alta neste ano, acumulou até agora 8%, nada espetacular, tenho dúvidas de como o DXY - dólar index, terminará 2016. Assim, criei um tema que pode ter dupla interpretação. The return?, pode indicar a continuidade da alta, ou como nos relançamentos de filmes de sucesso, a nova versão normalmente fracassa.

Já aviso de ante mão, que não tenho convicção em nenhum dos cenários, mas antes que meu amigo me cobre, vou destacar qual é o de minha preferência.

Sobre 2015, acredito que meu maior acerto, foi o tema escolhido. Fazia um bom tempo que o dólar não era tão comentado. Se vocês se recordam, em 2011 quando comecei a postar o Mosca, a moeda americana estava totalmente desacreditada in-god-we-trust: ...In God we Trust! somos compradores de U$... Mosca tinha uma visão construtiva, basta verificar o gráfico que foi publicado.
Mas isso agora é história e não tem mais valor, afinal resultados passados não são garantia de resultados futuros, esse é o "disclaimer" que qualquer fundo de investimento coloca lá no finalzinho em letras minúsculas.

Infelizmente hoje não posso ser mais tão assertivo como fui naquele momento, não ainda!

Eu vejo três cenários possíveis para a economia americana, que deveriam impactar o dólar de forma distinta:

"Brochou"

- Xiiii, agora o cara pirou! Vai me dizer que o Mosca virou um blog de sexo? 
Fico feliz que o título tenha chamado sua atenção, mas os assuntos ainda são de mercado.

No post a-"put"-de-levy comentei que o mercado projeta uma alta de juros pelo FED, de forma lenta. Um aumento e para, outro aumento e para.

Uma das hipóteses que não se pode descartar, é que a deflação que assola boa parte da Europa, cruze o Atlântico. Com os preços da commodities caindo sem parar, é possível que uma parte de empresas deste setor quebre.

Assim, o FED ao invés de aumenta e para, aumenta e para, pode ser obrigado a aumentar e dar marcha a ré, retornando a velha política dos helicópteros. Como o mercado está "compradasso" em dólares, 2016 seria o ano de se desfazer destas posições.

Com esse pano de fundo, veja a seguir o que poderia acontecer com o DXY.

O primeiro nível de alerta é abaixo de 92 - queda de 6%, e decisivamente abaixo de 87 - queda de 11%. Como este índice tem um peso de 57% de euros, vou calcular qual seria o seu nível teórico - EURUSD 1,17 e EURUSD 1,22, respectivamente.

Entendeu agora o título? Vai ser uma "brochadeira" geral! Hahaha...

"By the books"

Neste cenário a economia americana entraria nos trilhos, sem muita euforia, mas caminhando positivamente. A Europa melhoraria também e a China passaria de uma super star, para um crescimento da ordem de 5% - 6%, ainda dando inveja à maioria dos outros países.

O FED elevaria a taxa de juros para patamares mais decentes, mas nem de perto comparável aos níveis do passado, acima de 4% a.a, algo em torno de 2% - 3% a.a.

Neste caso, o mercado estaria mais correto ao imaginar um anda e para. Veja o que se pode esperar do DXY neste cenário.
O primeiro nível a 103, representa uma alta de 5,5% - EURUSD a 1,04. Já o segundo nível de 107, implicaria uma alta de 10% - EURUSD a 1,00. E por último, já quase disputando o próximo cenário, em 117 com expressiva alta de 20% - EURUSD a 0,92.

"Behind the Curve"

Vocês já devem ter ouvido falar no termo Behind the Curve, quando se refere ao FED. Seu significado é que, a autoridade monetária começa a subir os juros muito atrasada e precisa correr atrás do prejuízo.

Todo o mundo financeiro sabe que o que se tem tentado nestes últimos anos, ao injetar liquidez na economia muito acima do que seria razoável, é um experimento. Qualquer livro texto de economia enfatiza que um governo que tem uma política monetária frouxa, pode ser surpreendido com aumento da inflação.

Nesta situação, o FED teria que acelerar o ritmo de alta dos juros, por que a inflação começaria apontar para níveis superiores a 2%, quiçá já batendo nos 3%. É importante que não suba muito, pois aí o efeito seria negativo.

Neste cenário o DXY subiria bem!

Ao ultrapassar o nível de 117 o DXY deveria atingir 130, uma alta de 33% - EURUSD a 0,82, atingindo o nível mínimo desde a sua criação. Poderia não parar por aí, acima deste último nível, pode atingir até 165 - alta de 70%. Mas isso é uma outra história, para uma outra vez!

Todos estes cenários não significam que o dólar deverá atingir essas cotações em 2016, é natural que quanto mais elevada, mais provável que avance em anos seguintes.

O "By the books" é a opção do Mosca.
- David, você e a torcida do Corinthians! Hahaha...

A razão da minha preferência não é por que coincide com a do mercado, e sim porque analisando outros mercados, é a que parece fazer mais sentido.

Se eu estiver correto, deve surgir um oportunidade em breve para comprar dólares, e pegar uma alta, altinha, ou "altona", voltando à tona a frase: "In god we trust".

Esta semana vou focar a maior parte do conteúdo nas análises do real, euro, ouro, SP500 e juros de 10 anos, ficando apenas poucas observações econômicas, embora tenha um evento muito importante já programado, que é a reunião do FED.

Vocês devem ter notado que o Mosca mudou de cara. Foi sugestão da minha esposa para dar uma modernizada, marketing! Espero que gostem.

Fique ligado!

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