Helicópteros em baixa

Os leitores do Mosca sabem que quando o assunto é helicóptero, é bem provável que vou falar do excesso de liquidez que o mundo vive. Este termo foi inicialmente usado pelo ex-Presidente do FED, Ben Bernanke, quando estudou a letargia da economia japonesa nos anos 90, e concluiu que eles cometeram um erro ao não injetar recursos no sistema bancário. Ele foi tão enfático dizendo que, se necessário, deve-se usar helicópteros para inundar a economia de moeda. Esse estudo foi revisitado intensamente durante a crise de 2008 e foi o que o FED acabou adotando. Outros países ou regiões usaram a mesma formula, cujo objetivo principal era de evitar a estagnação.

A Europa vinha apresentando resultados econômicos muito fracos, e no final de 2014 caminhava para um cenário mais perigoso. A situação era ainda mais complicada, pois diferente de qualquer outro país, por estar dentro da zona do euro, a decisão de política monetária não depende exclusivamente da vontade de seu Presidente, é necessário um certo consentimento de seus membros. E a Alemanha, país de maior peso dentro deste grupo, carrega um estigma enorme da hiper inflação vivida durante o início do século passado. Mas finalmente conseguiu-se um consenso e o Super Mário implementou um programa de injeção para uma quantidade expressiva de euros. Este programa consiste basicamente na compra de títulos de vários governos europeus, com um data estimada de término em 2016. Ou seja, encomendou muitos helicópteros para esse fim.

Acontece, que o velho Continente vem se recuperando bem nos últimos meses, conforme algumas estatísticas abaixo. Primeiro e muito importante, a inflação que era uma grande preocupação, parece caminhar rumo a níveis que tira o fantasma da deflação.
Em função desses dados, as taxas de juros embutidas nos títulos governamentais estão subindo, é verdade que, de níveis absurdamente baixos.

Os PMIs publicados hoje, também mostram uma recuperação saudável na Europa.
E por último, vejam como as vendas ao varejo se recuperaram depois de um longo declínio.
Na reunião do ECB hoje, o seu Presidente estava feliz da vida, e porque não muito aliviado, seu plano está funcionando. Reafirmou que não pretende alterar seu programa para injetar 1,1 trilhão de euros, iniciada há 3 meses, e término previsto até 2016. Mas o pessoal que movimenta trilhões de euros em títulos, não está tão seguro assim. Os juros dos títulos alemães vêm subindo desde a mínima atingida em abril passado, uma vez que, existe o receio que a injeção programada será interrompida antes do final.
Estímulo é bom para qualquer atividade, desde que não haja exagero. No caso de política monetária, não exite uma quantidade certa. É através da observação dos efeitos que pode-se buscar uma medida adequada.

Um mercado que esteve em alta forte durante estes últimos 5 anos, começa a sentir uma retração, são os helicópteros. No passado chegou a ter até ágio! Hahahaha .... Porém, recentemente os USA, o Japão, para citar alguns, cancelaram seus pedidos e até colocaram alguns a venda. Agora parece que a Europa pode não querer mais suas encomendas, e pelo sim ou pelo não, deram uma segurada nos pedidos. Afinal, será que vai sobrar tantos euros no futuro para pagar a conta!

Ontem eu entrei na posição comprada de euro conforme esquema proposto no post 14-semanas-de-desamor, e hoje pela manhã os 40% a 1,1085 foram completados. Ficamos assim com 60% à um preço médio de 1,1097. A última parcela a 1,105, fica cancelada e mantido o stoploss ao mesmo nível  estipulado anteriormente de 1,10.

- David, como você explica essa alta do euro, se a Grécia está na linha do pênalti?
Está surpreso? Eu venho comentando há um bom tempo, que a Europa está melhorando e que a posição da Grécia se enfraqueceu muito. Como qualquer situação na vida, você só é obrigado a aceitar determinadas condições se está numa posição fraca. Enquanto que, nos momentos em que está mais fortalecido, você rejeitaria. A dupla pop star encontra-se nesse ultimo caso, não fizeram uma boa avaliação do entorno, e colocaram seu plano custe o custar. Provavelmente agora vai custar!

No post comprados-e-vendidos-quem-são, eu propus um trade de venda do dólar contra o real: ...pode arriscar uma venda de dólar a R$ 3,15 com um stop a R$ 3,22, arriscar 2.2% para buscar um retorno superior a 9%... Depois disso o trade foi executado e atualizei o nível do stop: ...Hoje fiz uma análise mais detalhada e corremos o risco de sermos stopados e em seguida, o mercado virar mais adiante. Para evitar isso, sugiro alterar o stop para um dos seguintes níveis: 1) "pão-duro" = R$ 3,25; ou 2) "correto" = R$ 3,32. O primeiro poderá implicar uma perda de 3,2% e o segundo 5,4%, fica a critério do seu bolso e da sua crença. Eu vou ficar com o segundo...


Depois de atingir uma máxima de R$ 3,2139, o dólar perdeu força e encontra-se agora a R$ 3,1220, uma queda de 3%. Para que meus objetivos sejam alcançados, precisamos uma colaboração do mercado, primeiro rompendo o nível de R$ 3,05 (1) e principalmente o de R$ 2,89 (2). Mas nada de ficar animado, ao contrário, vamos apertar o stop para  R$ 3,22, pois estamos operando contra a maré.

Naturalmente uma alta do euro ajudaria na posição, pois é sinal que o "dólar - dólar" estaria perdendo força. Como na sexta-feira serão publicado os dados de emprego nos USA, podemos ter algum movimento por aí. Hoje foi publicado o ADP, que se vocês lembram, é uma pesquisa privada sobre o nível de emprego, usada pelo mercado para antecipar os dados oficias. Nenhuma grande novidade, por essa métrica criaram-se 201.000 novas vagas, mas o que conta ponto é o de sexta-feira.

O SP500 fechou a 2.114, com alta de 0,21%; o USDBRL a R$ 3,1331, com alta de 0,11%; o EURUSD a 1,1270, com alta de 1,07%; e o ouro a US$ 1.185, com queda de 0,70%. Vou aproveitar para cancelar um trade que se encontrava aberto, para comprar ouro a US$ 1.170, não estou gostando muito de como ele está se comportando, prefiro observar por enquanto.
Fique ligado!

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