Medo de fantasmas

Quando eramos crianças, a hora de ir para cama era sempre uma luta, nós queríamos ficar mais só 5 minutinhos e nossa mãe dizendo que estava na hora. Em alguma dessas noites, sem uma razão clara, ficávamos com a sensação que tinham fantasmas em nosso quarto. Era uma batalha, cobria-se a cabeça, fechávamos os olhos, até que levantássemos da cama para chamar a mãe, afinal, ela estava lá para nos salvar de qualquer ameaça. Depois de nos convencer que fantasmas não existem e ficar ao nosso lado, pegávamos no sono tranquilos.

2014 está terminando, e é nessa época que as pessoas começam a fazer um balanço do ano, e projetar o próximo. Não tem jeito, embora eu não acredito nesta descontinuidade "forçada", todo mundo faz, inclusive eu! Vocês já devem ter se acostumado com o título do Mosca para 2014, e que se encontra na primeira linha do blog: "2014: Who knows?" Será que foi um bom ano?

Daqui até o final de 2014, eu vou postando informações de resultados anuais assim que sejam publicadas. Vou começar com um índice confeccionado pelo Citibank - US Macro Surprise Index, que como o próprio nome indica, mede a evolução do ano em termos de performance econômica. O resultado não foi animador, o pior desde 2008, veja gráfico comparativo abaixo.


Existe uma categoria de administrador de fundos que é considerada como elite, são os chamados hedge funds. Normalmente, profissionais bem-sucedidos em bancos, junto a economistas renomados, decidem aventurar- se nessa seara, captando recursos de clientes. Aqui no Brasil, o melhor exemplo é o Fundo Verde, administrado por Luis Stuhlberger, assim também como eram os fundos da Linear, empresa em que fui sócio.

Esses fundos normalmente não têm restrição de atuação, compram bolsa, dólar, ouro, ou ficam vendidos a descoberto, um fundo de retorno absoluto não vinculado a nenhum índice. Uma matéria publicada pela Bloomberg, reportou que esse foi um dos piores anos para a categoria desde de 2009, acarretando o fechamento de 461 fundos. O retorno médio foi de 2% em dólares, enquanto o SP500 subiu 13,21%.

As apostas que mais afetaram o retorno destes fundos foram as taxas de juros americanas, a bolsa de valores e mais recentemente o petróleo. Um dado interessante, existe uma su categoria desses que usa somente ações para fazer suas apostas. Esses renderam 41% desde 2008, enquanto um investimento passivo no SP500 rendeu 153%. Meus leitores sabem que eu não gosto destes fundos, por várias razões. A primeira e principal, é que os custos cobrados são muito elevados, normalmente 2% a.a., acrescido de 20% de performance. Evitem!

Eu não sei vocês, mas eu sinto que alguma coisa não anda bem, vejo números melhores da economia americana, BC's fazendo o possível e impossível para reativar suas economias, economistas otimistas para 2015. Mas eu estou achando que tem fantasmas no ar, a queda das commodities, no meu entender, não faz muito sentido, embora sempre vai ter um economista que trata este movimento com tranquilidade - "oferta maior que a demanda"! Mas se a 2ª economia do mundo cresce 7% a.a., tem uma renda per capta baixa, não deveria ser forte sua demanda de matéria-prima? Como disse, é uma sensação, não tenho argumentos para discutir. Onde está minha mãe, quero dormir tranquilo! Hahahahah ....

Eu já tenho quase definido o tema para 2015, mas não quero adiantar, estou refletindo, Marketing! Como faço todos anos, tiro férias no final de ano, então pretendo publicar o último post do ano no dia 18/12 e retornar no dia 16/01/2015.

- Oh David, está com a vida feita!
Não se esqueça, você vem comigo, então também está com a vida feita! Hahahah... Mas sempre vou ficar de olho, caso aconteça algo importante. Espero que sintam minha falta! Mas ainda tem muito tempo até lá, e esta semana serão publicado os dados sobre o desemprego americano, além do COPOM amanhã, onde especula-se uma alta de 0,50% na taxa SELIC. Para os leitores que são revoltados com os juros altos do Brasil, a única coisa que posso dizer é: Lamento!

E a nossa bolsa como anda? No post procura-se-CEO eu comentei: ...Voltamos ao foco original de longo prazo, aguardando a queda até o nível de 40.000, o que deveria acontecer nos próximos meses. Até lá, não me aventuro a nada, pois como em qualquer correção, esperam-se movimentos erráticos...com o gráfico a seguir.


Desde então o IBOVESPA vinha numa trajetória ascendente, aproveitando as boas notícias da nova equipe econômica, quando de repente, ontem caiu mais de 4%. Recebi algumas mensagens de leitores, que ficaram perplexos com a queda, o que teria acontecido?  Eu não estou aqui para descobrir quais são os argumentos que explicam determinados movimentos. Além do mais, sempre são (argumentos) "ex posts", não esqueçam do que Nietzsche disse. Vejam a seguir o IBOVESPA num intervalo mais curto.


Eu disse que não acompanho muito a bolsa brasileira, assim não analiso diariamente. Muito bem, o que eu tenho a dizer é que do ponto de vista técnico, vem obedecendo os parâmetros com precisão matemática, vejamos: Destaquei em vermelho, um movimento de queda, onde a extensão (1) é igual a (2), relação frequente encontrada em correções. Em seguida, esta última de alta também obedeceu uma relação esperada (anotada em verde). Provavelmente estamos num novo movimento de queda, rumo aos 39.000.

- Ah David, então é só vender?
Não é tão simples, lembre-se o que eu disse acima ..."como em qualquer correção o movimento é errático"... Talvez comprar uma opção de venda com vencimento em 1 ano. Agora o que não se deve fazer é comprar, até chegar um preço convidativo, do ponto de vista técnico. Também com juros de 12% a.a., ou quem sabe 13% a.a., para que arriscar?

O SP500 fechou a 2.066, com alta de 0,64%; o USDBRL a R$ 2,5669, com alta de 0,31%; o EURUSD a 1,2384, com queda de 0,68%; e o ouro a US$ 1.198, com queda de 1,00%.
Fique ligado!

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