Surprise!

Se eu fizesse uma pesquisa com investidores e perguntasse, após o anúncio do resultado das eleições, se esperariam entradas ou saídas de dólares no Brasil, imagino que a grande maioria, senão a totalidade, responderia saída. Um raciocínio simplista levaria a imaginar-se que na melhor das hipóteses não haveriam retorno, mas entradas, quem seria o louco? Pois bem, não foi o que aconteceu, na publicação do fluxo cambial de outubro, houve forte entrada líquida de US$ 6,9 bilhões, a maior desde de maio de 2013. E mais, dia 27 de outubro apresentou forte entrada líquida de US$ 3,7 bilhões, a segunda-feira depois das eleições!

- David, você é muito ingênuo, foi o manobra do governo.
Pode até ser, mas contra o fluxo não há argumentos, e mais, não houveram saídas fortes. O interessante também, é que a posição líquida vendida dos Bancos diminuiu, conforme pode-se ver, nos gráficos abaixo.


Abaixo segue as cotações do USDBRL, para permitir avaliar o impacto do fluxo, nas cotações de nossa moeda. 

Atente-se inicialmente ao primeiro gráfico sobre o fluxo cambial em 2013 que mostrou-se muito mais volátil. Depois de fortes entradas no 1º semestre desse ano, houveram grandes saídas no semestre seguinte, Agora acompanhem no gráfico abaixo, o impacto na moeda nesse mesmo período, destacado em vermelho. O dólar a partir de maio iniciou um movimento de alta que somente foi estancado, quando o BC inciou seu programa de swap.

Em 2014, pode-se observar no gráfico de fluxo cambial, uma flutuação bem menor, com pequenas entradas e saídas se sucedendo, e culminou com a forte entrada do mês anterior. Já na moeda, depois de uma queda nas cotações do dólar, no início de 2014, a mesma ficou contida num intervalo pequeno de variação, até o mês de setembro, onde um movimento mais forte de alta se iniciou, não consistente com o fluxo cambial.

Outro fator que também deve-se observar, é o fato da posição dos bancos se encontrar hoje, nos menores níveis do ano. Isto significa uma menor pressão na margem, sobre o dólar. O que poderia então ter ocasionado a depreciação do real? O dólar-dólar, movimento generalizado de apreciação da moeda americana.

Para justificar minha hipótese, veja a seguir o desempenho das moedas frente ao dólar, o primeiro gráfico, agrupei as moedas dos países desenvolvidos: euro, libra esterlina, franco suíço e yen japonês.


Abaixo, as moedas dos países emergentes: dólar australiano, real, dólar neozelandês, rand sul-africano, peso mexicano e dólar canadense.


Assim, não fosse este movimento conjunto, mesmo com um cenário político incerto, o dólar poderia estar se desvalorizando frente ao real. Muito diferente da situação da Rússia, que como vem se noticiando nos jornais, teve uma perda constante de reservas, no caso do Brasil, nosso nível se mantém intacto, ao redor de R$ 380 bilhões.

Assim, gostaria de colocar dois pontos: Primeiro - embora a situação econômica brasileira projeta muita dificuldades à frente, os investidores estrangeiros ainda continuam a confiar no país, e Segundo - se o dólar parar de se valorizar no exterior, o real poderá sofrer uma boa valorização, em função de ser a moeda que paga os maiores juros.

Hoje farei um comentário breve sobre o real, uma vez que o que comentei no post fed-nos-mínimos-detalhes, permanece válido: ... Prefiro deixar os intervalos maiores, que indicariam ou uma retomada do movimento de alta, ou de queda, estes níveis são R$ 2,54/2,55 e R$ 2,39/2,40...


O dólar vem "surfando", sobre uma linha de suporte. Logo depois das eleições ameaçou romper para baixo, quando chegou a R$ 2,395. Em seguida buscou novamente recuperar essa linha, isso é comum em análise técnica. Nessa semana, encontra-se literalmente sobre ela, sem que haja uma definição ainda.
Como havia comentado, antes, venho postando estes movimentos no meu twitter. Esse é o tipo de assunto que imagino colocar lá, observações, ou oportunidades que surjam durante o dia. No caso especifico, vamos ver se o USDBRL é bom de onda! Hahaha ....

O SP500 fechou a 2.030, com alta de 0,32%; o USDBRL a R$ 2,5700, com alta de 2,36%, fechando acima do ponto citado acima; o EURUSD a 1,2386, com queda de 0,80%; e o ouro a US$ 1.143, sem alteração. 
Fique ligado!

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