Seus 10 mais 10!

Quem joga pôquer sabe o conceito da palavra repicar, isto acontece quando um jogador faz uma aposta, e você cobre o que ele apostou e aumenta a aposta, obrigando seu adversário a colocar mais ficha na mesa. Parece que hoje em dia vivemos algo semelhante nos mercados mundiais, onde um Banco Central após o outro, para não ver a economia de seu país desacelerar, injeta recursos no sistema com esperança de elevar o PIB. "Seus 10 mais 10!".

Um renomado economista, Dr. Lacy Hunt levanta este problema através de uma entrevista onde faz um alerta: "A economia mundial encontra-se em estado terminal de esclerose de dívida". Nunca o mundo desenvolvido teve tanta dívida. Nunca os Bancos Centrais expandiram tanto seus balanços. Nunca antes tanta dívida soberana foi abertamente monetizada. Nunca antes as grandes instituições financeiras foram designadas "grandes demais para falir", e, assim, foi concedida uma licença especial para assumir riscos gigantescos.

O economista Austríaco, Bohm-Bawerk, definiu que dívida é um aumento da despesa corrente em detrimento de uma queda nos gastos futuros. Irving Fisher, modificou um pouco e disse que depende em última instância se a dívida é produtiva ou não. Se esta gera um fluxo de renda para pagar o principal e juros, então você está bem, não está sujeito a um ciclo de baixa no futuro. Mas infelizmente o nível de dívidas elevou-se mais e mais, tornando-se em dívida de consumo e especulação financeira, e que nenhuma delas vai gerar qualquer fluxo para pagar o empréstimo, mesmo com juros muito baixos.

Recentemente, as notícias estão enfatizado que empréstimos comerciais e ao consumidor estão se elevando. Alguns artigos comentam como os padrões de crédito foram diminuídos para fazer financiamentos imobiliários e de automóveis, ocasionando a categoria subprime  destes últimos voltarem aos níveis de uma década atrás. "Se você assumir uma dívida para comprar algo agora, têm como contra partida que terá que pagá-la mais tarde. Muitos assumem que nunca terão que pagar esta dívida, isto é um erro".

Este não é só um problema dos americanos, mas é também um problema ao redor do mundo. Todos nós estamos presos a esta esclerose da dívida. A Dívida pública e privada nos USA é de cerca de 346% do PIB, e ela não está caindo. E na Eurozona, nos 17 países que a compreendem, a dívida é 100 pontos percentuais mais elevado, no Reino Unido é ainda maior. No Japão a dívida pública e privada é de 650%. O que é significativo, é que os países com maiores níveis de endividamento estão performando pior, o que é consistente com os estudos acadêmicos.

"O excesso de dívida é o problema básico. E nós não temos uma maneira de sair, porque a política monetária não é realmente adequada para resolver tal problema".

Para exemplificar, vejamos os níveis de endividamento dos investidores na bolsa de Nova York, na modalidade denominada de margin_debt. Aqui o conceito de margin debt é estendido, pois além da dívida inclui-se o saldo da conta corrente.


Como foi definido acima, os investidores que estão comprando ações e assumindo dívidas, precisam que os preços subam mais que os juros que terão que pagar quando da liquidação. Você poderia se perguntar: Mas este empréstimo produz o que? Nada! Só especulação, acreditando que no futuro virá outro investidor disposto a pagar mais caro pelas ações.

Recentemente fomos stopados num trade do SP500, os indicadores pareciam oferecer uma oportunidade, no mínimo de curto prazo. Mas não foi o que aconteceu, com uma mísera retração de menos de 5%, o índice reverteu e encontra-se nas máximas históricas. E agora, o que esperar? Minhas análises apontam para novas altas, existem alguns parâmetros indicando "cansaço", mas ele (SP500) tem provado muita resistência.

Neste novo cenário vou me basear no post publicado em março deste ano: eu-avisei, onde eu comentei: ...o nível atual, próximo a 1.900, é um divisor de águas, se conseguir ultrapassar, podem esperar para o futuro 2.200 ou 3.100 ...Agora caso não consiga ultrapassar, e um movimento de queda se inicie, pode ser expressiva, a tão esperada onda C ... Foi por esta razão que eu decidi fazer aposta recente, mas não funcionou. Assim o próximo ponto é 2.200.

- David, coragem, vamos às compras!
Você pode me chamar de covarde, e talvez até de teimoso, mas sigo também meus instintos e quando eles me dizem que está perigoso, prefiro não entrar.
- Mas seus dados técnicos não sugere este receio!
Boa colocação, mas você acabou de assistir um caso em que não funcionou, ou seja, não exite garantia que vai acontecer

Eu já comentei, mas não custa repetir, toda vez que você arrisca nos mercados, é importante ter uma ideia do seu eventual tombo, qual a altura do "muro" em que você caminha. O teor do post de hoje é um alerta sobre dívidas e o gráfico acima sobre o crédito, mostra um excesso enorme de otimismo. Outro fator que é importante, é que, com exceção dos mercados futuros, a bolsa não opera 24 horas, isto pode obrigar liquidações de stop em preços piores que o imaginado, tenha sempre isto em mente.

O SP500 fechou a 2.000, com alta de 0,11%; o USDBRL a R$ 2,2641, com baixa de 1,02%; o EURUSD a 1,3171, com baixa de 0,15%; e o ouro a US$ 1.282, com alta de 0,44%.
Fique ligado!

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