Um mundo de risco zero!

O ser humano tem uma capacidade fantástica de adaptação, é claro que existem limites, mas de tempos em tempos, novos recordes acontecem. Durante minha vida profissional passei vários momentos de extremo stress, posso citar a moratória em 1987, diversos planos econômicos a saber: plano cruzado I e II, plano Bresser, plano verão, plano real, a crise da Ásia, a crise da Rússia, bolha da internet, bolha Imobiliária e etc... devo ter esquecido de alguns. Em cada um destes momentos a adrenalina eleva-se tanto, que a sensação ao final do dia é que um dia parece uma semana.

Confesso que nunca passei como os momentos atuais principalmente com a baixíssima volatilidade em todos os mercados, tanto nas bolsas, como nos juros e câmbio. Parece que não existem riscos, ou melhor, os ganhos e perdas são mínimos. Vários analistas alertam que isto é temporário e que em breve as oscilações vão retornar, e outros que estamos numa nova era, e que é para ficar, conforme o relatado no post novo-paradigma. A verdade que do mesmo jeito que as pessoas se acostumam a viver sob tensão, também aprendem a viver relaxados.

Seria fácil elencar os riscos latentes no mundo, mas certamente o excesso de liquidez gerado pelos BC's, parece de longe a maior ameaça. Ao refletir, pensei se este não seria o motivo que gerou esta situação, afinal de uma forma intuitiva, para mover uma poça de água basta um chute, agora mover um oceano é infinitamente mais difícil. Acredito que ninguém tem esta resposta, pois não existe nenhum paralelo no mundo moderno de tamanho experimento econômico.

This time is diferent, como o título do polêmico livro de Kennet Rogoff? O Ex-secretário do Tesouro Americano, Lawrence Summers, reiterou sua visão nesta última terça-feira em Londres, de uma estagnação secular, onde as influências demográficas, avanço tecnológico e o pagamento de dívidas, podem significar rendimentos super baixos por muito mais tempo antes que, o pleno emprego possa ser atingido. Vamos a alguns gráficos para que vocês se informem desta situação.

O gráfico acima é do VIX, já amplamente comentado aqui, que mede a volatilidade do índice SP500. Situa-se atualmente nos níveis mais baixos históricos, porém não aconteceu só agora, nos períodos anotados em vermelho, permaneceu bastante baixo, por aproximadamente 7 anos. Se fosse somente neste indicador os meus argumentos poderiam ficar comprometidos, uma vez que não são os únicos, porém observem a seguir, o que ocorre, na volatilidade dos títulos de 10 anos americanos e no euro.


O que mais me surpreende é a baixa volatilidade nas moedas, um mercado que negocia US$ 5,0 trilhões por dia! Talvez não seja de conhecimento de boa parte dos leitores, mas nos últimos anos, os portais de negociação de moedas se proliferaram, hoje com U$ 1.000 pode-se abrir uma conta. Até aí, nada de muita novidade, porém o que mais me chamou atenção recentemente, foi o fato de as operações mínimas, serem reduzidas a US$ 1.000. Como são operações de derivativos, o site exige uma garantia de 1/100 do valor em risco, ou seja, para cada contrato de US$ 1.000, a garantia é de  míseros US$ 10, uma gorjeta num restaurante!

Seria de se esperar um custo elevado na execuções, mas se preparem para não cair da cadeira, no euro o spread entre compra e venda é 1,8 pips, como se diz no jargão de mercado, por exemplo:
Compra = 1,360000
Venda   = 1,360018
Um exemplo para entenderem de quanto estamos falando, este diferencial para uma operação de US$ 1.000 é de US$ 0,18, não me enganei não, 18 centavos! Isto se compara a diferença de compra e venda quando se adquiri o dólar turismo para viajar, que é de, no mínimo 3%. Como eles podem ganhar dinheiro?

Esta situação vai continuar? Ninguém consegue responder, porém enquanto ficar assim, o lucro do sistema financeiro vai cair, pois a competição força a queda das margens, os hedge funds terão performance que não compensa os custos que cobram, e os ativos de maior retorno tendem a sumir, por isso a queda dos juros dos títulos de high yield. Honestamente, não tenho nenhuma convicção que deveria-se: Aproveitar esta maré até onde der; ou ficar de fora ganhando zero, novos tempos e desafios!

Hoje o assunto será Ibovespa, como comentei no post Insatisfaction ....calculo que esta  alta possa atingir até 55.000/56.000, para em seguida um período de retração, onde vou propor uma operação de compra. Uma outra hipótese é que, a correção já estaria em curso ... Parece que a alta não vai atingir o nível que imaginei, assim vou propor uma operação de compra.


Para ser franco não tenho ótimas notícias, pois meu cenário mais provável é de que este índice ainda vai atingir novas mínimas, talvez os 39.000 que estava esperando, mais a frente. Assim o gráfico mencionado no post acima não é mais válido.
Vou ficar agora com a opção A, veja a seguir a tática a ser adotada.


O intervalo de interesse é entre 47.000/48.500, o stoploss correto é à 45.000, porém não é esperado que caia muito abaixo dos 47.000. Como para chegar lá, existe uma queda de aproximadamente 10%, não vou ficar aqui tentando adivinhar a melhor tática. Fica por enquanto o alerta a 48.500, depois conversamos.

- David, ficou feio naquele almoço da semana passada. Vários comentaram que do jeito que faz as previsões, tipo pode subir, mas também pode cair, qualquer um acerta!
Eu sei que o desejo de todos seria que eu dissesse: "compra a 10 e vende a 20, e nem se preocupe, pode ir para praia", se eu tivesse este poder não precisaria escrever o blog, estaria muito rico! Hahahaha...
Entendam que a análise técnica é uma ferramenta que o analista usa para fazer suas hipóteses e estas podem estar erradas. Assim a diferença entre este método e o fundamentalista, é que o último só tem um caminho, enquanto o primeiro tem dois, um que vai de acordo com suas premissas e o que não vai.

Quando eu tenho uma convicção maior, ou um risco retorno interessante, eu proponho um trade, arrisco. Quando não tenho, ou me abstenho, ou dou uma indicação do que espero, mas a convicção não é muito grande. Continue "assinado" o mosca que com o passar do tempo vai se acostumar ou aceitar, que como tudo tem risco, você deve limitar suas perdas para não ficar na torcida perdendo muito mais.

O SP500 fechou a 1.909, com queda de 0,11%; o USDBRL a R$ 2,2321, com queda de 0,31%; o EURUSD a 1,3592, com queda de 0,30%; e o ouro a US$ 1.258, com queda de 0,55%.
Fique ligado!

Comentários