Um toque feminino no FED

As mulheres estão ganhando posições de destaque em vários setores no mundo dos negócios, a reivindicação por igualdade é antiga, diz-se que houve 3 "ondas". A primeira teria ocorrido no século XIX e início do século XX, a segunda nas décadas de 1960 e 1970, e a terceira teria ido da década de 1990 até a atualidade. Dentre estas, acredito que a segunda foi a de maior repercussão, onde Betty Friedman teve a maior influência na inclusão das mulheres no trabalho, através da publicação do livro " The Feminine Mystique", um best-seller que fomentou a segunda onda do feminismo, abordando o papel das mulheres na indústria e na função de dona de casa.

Nos dias de hoje, notamos sua presença em vários postos de comando, de Presidente de empresas, Ministra das Finanças, FMI, Presidenta da República e mais recentemente no FED, um dos postos mais poderosos do planeta, e é desta mulher que vou comentar hoje, Janet Yellen. Quando ela participou da primeira reunião do FED, eu fiz o seguinte comentário ... "...ao ser questionada, Yellen deu a pista, talvez por ingenuidade ..."ah uns seis meses"..., entregou a arma para o bandido"... Mas acho que me enganei, ela não é ingênua, mas sincera.

Ontem ela participou de um evento das comunidades americanas em Chicago, que são entidades com boa influencia em seus distritos, onde abordam vários temas de um "bairro", da violência, limpeza e também recolação de desempregados, criando condições para sua volta ao trabalho. Ao ter acesso ao seu discurso fiquei surpreso, pois o que é esperado de uma autoridade monetária, é uma série de dados estatísticos e projeções, porém ela foi muito diferente. Primeiro expôs sua tristeza, em relação as famílias onde houve perdas de emprego e de suas casas. Eu selecionei algumas de suas frases: ... " to run through your savings and even lose your home, as months and sometimes years pass trying to find work; to feel your marriage and other relationships strained and broken by financial difficulties. And yet many of those who have suffered the most find the will to keep trying" ... Desafio a quem encontrar, um Presidente de Banco Central que tenha feito uma introdução semelhante.

Depois disso, passou um bom tempo contando a história de 3 americanos que passaram estas dificuldades e foram recolocados no mercado de trabalho, através da ação desta comunidade de Chicago. Em seguida explicou de maneira didática porque o mercado americano de trabalho ainda tem uma enorme capacidade ociosa, que resumo nos seguintes pontos: 
  • 6,7 milhões de americanos que só possuem empregos temporários.
  • Os salários estão subindo 2% a.a., depois da crise de 2008, que é muito baixo em termos históricos.
  • Uma parcela extraordinária de desempregados estão fora do mercado de trabalho por mais de 6 meses.
  • A queda expressiva do participation rate.
O que pode-se concluir de suas palavras, é que este discurso foi muito dovish, uma expressão usada para definir que o FED agira de forma suave, e que a Yellen, é uma pessoa sensível, e vai defender mais Main Street do que Wall Street, ou seja, mais emprego e menos lucro com especulação.

Como em todo começo de mês, são publicados os Purchasing_Managers_Index. Os da China são conflitantes, os anunciados pelo governo subiram, enquanto o publicado pelo banco HSBC caíram. Hummm....


Já na Europa, um resultado misto, alguns melhores outros piores, mas o que vem realmente incomodando o Continente é a consistente queda nos índices de inflação, que já está bem próximo de 0%.


Na quinta feira o ECB promoverá sua reunião mensal, e existem vários analistas esperando um anúncio de novos helicópteros, desculpe não consigo parar de usar! O motivo seria os baixos níveis de inflação. No post a-altura-da-yellen-determinou-sua... fiz uma análise detalhada sobre o euro, e recomendo a sua leitura, caso queria saber minha visão para o médio e longo prazo. No curto prazo nada acontece de mais importante, veja o gráfico.

Inicialmente a anotação em verde, é onde eu acredito que o euro irá, para depois mudar de direção. A zona em vermelho passa a ter um acompanhamento importante, pois adentrando é passível de uma reversão precoce, e por último, veja como as cotações estão "surfando" na linha cinza, tentando definir se "vai ou racha".

Aqui no Brasil amanhã têm reunião do COPOM e é esperado uma levação da taxa Selic de 0,25%, para 11% a.a., e juro para ninguém botar defeito!

O SP500 fechou a 1.885, com alta de 0,70%; o USDBRL a R$ 2,2625, com queda de 0,40%; o EURUSD a 1,3790, com alta de 0,15%; e o ouro a US$ 1.279, com queda de 0,33%.

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