Os jovens americanos estão felizes?

Depois da revelação da ata de ontem, os mercados seguem mantendo o mesmo ritmo dos últimos dois meses, onde a bola da vez são os mercados emergentes, inclusive o Brasil. A leitura mais detalhada do referido documento não deixa dúvidas, de quão dividido está o FED, fato que venho observando há um bom tempo.

Fazendo um paralelo da brincadeira da dança das cadeiras, é como se os membros às estivessem rodeando num ambiente sem luz, afinal vivemos no maior experimento financeiro da história. Neste caso a música teria um fator inverso, pois ao parar, significa que a economia não precisaria mais de estímulos e esperaria-se-ia que a autoridade não fosse pega de calça curta.

Como está escuro, alguns querem "sentar" logo, pois no livro texto de economia, excesso de reservas é sinal de inflação, enquanto outros mais cautelosos tem receio de se precipitar e abortar a fraca melhora que se observa ultimamente. Situação muito difícil, pois não estamos num cenário business as usual. Esta é a principal razão de minha dúvida sobre os juros longos nos USA não-brinque-com-fogo.

- David, o que você faria se estivesse lá?
Não quero ser pretensioso e iniciar aqui uma "ca--ção de regra", seria fácil, afinal o meu não estaria na reta, e se estivesse errado usaria o recurso dos analistas de mudar de opinião. Minha reposta honesta é, não sei de que lado estaria. Mas como não estou lá, e uso gráficos, let´s the market speak!

Acho muito difícil a economia americana melhorar sem que o consumo cresça, afinal representa 70% do seu PIB, o Bernanke sabe bem disso e esta é a razão da taxa de desemprego ser tão importante em sua análise. Hoje preparei alguns dados sobre a renda dos americanos que está passando por uma mudança estrutural com implicações importantes. Vamos começar com a evolução de sua renda real, que se encontrou visivelmente estagnada até a eclosão da crise de 2008 e a partir daí, teve uma queda que não se recuperou.


Outro dado interessante é a variação percentual da quantidade de chefes de famíla ocorrida neste período, em função da faixa etária.


Aqui pode-se notar dois efeitos que se sobrepõem, primeiro é consequência dos Baby_boomers que é o aumento do número de nascimentos ocorridos após a 2ª Guerra Mundial, e que se encontram atualmente na faixa de maior crescimento; e a segunda a elevação da expectativa de vida que está atrasando a aposentadoria em todo Universo, inclusive lá. 

Vejam a seguir o impacto no rendimento dentro destas mesmas faixas etárias.


Este efeito em termos de consumo não é nada bom, pois posso dizer por experiência própria, que a propensão marginal a consumir diminui sensivelmente quando se fica mais velho, e é onde a renda está crescendo, aliado ao fato destes trabalhadores terem um rendimento mais baixo.


O próximo gráfico não tem muito valor econômico, mas do ponto de vista social não é muito justo para se dizer pouco, vejam vocês mesmo.


Ao observar estes números, imagino que o Bernanke e sua turma não devem ficar muito animados, pois não se tem nada a fazer nos próximos anos, a não ser esperar que este pessoal saia do mercado de trabalho, enquanto isso a situação para os mais jovens não é muito animadora. O problema que este fenômeno acontece quando os consumidores estão com dívidas elevadas que foram contraídas nos últimos 30 anos, dificultando a retomada.

Neste momento se aplica bem a frase: Se ficar o bicho pega, se fugir o bicho come! E você o que faria?

Vamos dar uma olhada no índice dos índices o SP500, não que eu tenha muita coisa a acrescentar, mas as quedas recentes poderão nos dar alguma luz mais adiante.

No curto prazo as cotações se aproximam do ponto apontado como pivô ao redor de 1.630, se o SP500 se aguentar e rejeitar este ponto, poderemos caminhar para novas altas, caso contrário vejam como em 2011 houve uma situação semelhante a atual, onde o índice se aproximou da reta traçada, em duas ocasiões, para depois cair. Não estou sugerindo que o mesmo aconteça agora somente uma observação técnica, em todo caso vamos aguardar mais alguns dias, mas não esqueçam que estamos esperando-onda-C.

O SP500 fechou a 1.656, com alta de 0,86%; o real a R$ 2,4311, com baixa de 0,85%; o euro 1,3358 sem variação e o ouro a US$ 1.374, com alta de 0,63%.
Fique ligado!

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