Não brinque com fogo

Em diversas ocasiões eu deixei claro a dúvida que tenho sobre as taxas de juros longos nos USA, por um lado as ações dos BC´s inundando os mercados com liquidez em conjunto com a ameaça de um cenário deflacionário, colocam uma pressão baixista nos juros, por outro lado a economia melhorando e a possibilidade da retirada destes estímulos deixam os mercados preocupados com a administração desta situação, bem como um potencial elevação da inflação.

A opinião dos analistas está se modificando sensivelmente e cada vez mais, um número maior deles, apontam como inevitável que o FED vai retirar os estímulos na próxima reunião em setembro. Numa observação mais pragmática é lógico que os juros estão baixos, pois uma taxa de 2,7% a.a. comparado com uma inflação de 1,8% a.a., resulta num juro real de 0,7% a.a., para um prazo de 10 anos, isto só faz sentido numa economia anêmica com possibilidades remotas de crescimento, semelhante ao que acontece com a economia japonesa nos últimos 20 anos.

Será que o cenário estaria se alterando nos USA? Está na hora de pedir auxilio aos gráficos.

Observem acima como os juros respeitaram a linhas paralelas desde de 1987, neste período houveram cinco situações onde ameaçaram romper para cima e também a mesma quantidade para baixo, outro fator de extrema importância é que, como os juros não podem ir abaixo de 0%, existe um limite natural nesta trajetória contida por estas linhas.

Do ponto de vista técnico, o ponto apontado com pivô é de enorme importância, pois um rompimento anunciaria uma mudança que perdura por 1/4 de século! Só para vocês terem uma ideia, vejam a tabela a seguir que calcula qual o prejuízo se um investidor compra um título hoje, e as  taxas sobem para alguns patamares.


São prejuízos significativos que merecem toda a atenção, é lógico que esta é uma pura simulação, com o objetivo de avaliação da ordem de grandeza, e que sua concretização só se justifica com o acontecimento de algo muito grave. O recado aqui é claro, primeiro existe uma chance de o mercado de longo prazo de baixa dos juros ter terminado, e se isto é verdade, não compensa investir em prazos longos, pois é prejuízo na certa; segundo graficamente pode-se esperar que nos próximos anos a taxa caminhe para o nível de 4% a.a., o que de certa forma normalizaria os juros num patamar mais adequado; e por último não dá para descartar totalmente uma nova queda dos juros.

David, beleza, com estas previsões você não tem como errar!
Hahahahah.... você pode ver que ainda estou relutante em aceitar que o momento da alta chegou, os argumentos são os seguintes: 1) O FED disse que para aumentar os juros ainda tem um longo caminho, então ficar esperando sentado nos juros zero tem um custo, o que pode fazer com que os juros dos títulos longos não subam mais por enquanto, 2) A inflação ainda está baixa tirando um grau de pressão das autoridades monetárias e 3) Veja no gráfico acima como depois da implementação dos helicópteros houveram algumas tentativas de alta que foram abortadas, quando se aproxima da linha vermelha, onde se encontra agora.

É inegável que o experimento dos helicópteros tem que acabar algum dia, a dúvida é se este momento já chegou, em todo caso não "brinquem" com os títulos longos podem se queimar, fiquem num horizonte de no máximo 3/5 anos.

O título de hoje também cabe no comentário da nossa moeda o real, que caiu forte hoje. Como pode-se observar abaixo, ela está dentro do target que eu vislumbrei no post muitos-furos-na-boia, retângulo em vermelho.


- David, então a tortura chegou ao fim?
Não dá para afirmar, pois na análise técnica trabalha-se com intervalos mais prováveis e caso o mercado não termine neste (1), busca um novo intervalo que neste caso seria ao redor de R$ 2,52/2,55 (2).

Atualizei também, os gráficos das moedas dos países emergentes, e vejam que o real é a unica moeda que não se estabilizou até o momento. Estamos tão mal assim? Isto pode perdurar por muito tempo? Vocês já conhecem minha opinião e argumentos.


O SP500 fechou a 1.655, com queda de 0,33%; o real a R$ 2,3950, com alta de 2,38% e esperem que amanhã será manchete de todos os jornais; o euro a 1,3332, com baixa de 0,10% e o ouro a US$ 1.372, com alta de 0,52%.
Fique ligado!

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