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Quando qualquer coisa é melhor que dinheiro

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Minha carreira profissional foi muito rica em termos de vivencias econômicas. Nos anos 80, o Brasil vivia um descontrole monetário ímpar, a inflação atingia níveis que beirava a hiperinflação, se é que não estava. Pouco antes de Fernando Collor ser eleito Presidente da República em 1990, a inflação estava em 80% a.m., o equivalente a 123.000% a.a.! As pessoas comuns perdiam um valor incrível de seu poder de compra, o salário pago no primeiro dia do mês, se não usado imediatamente, comprava muito menos produtos com o passar o tempo. Para quem possuía recursos já não era tão grande a perda, pois a existência de títulos indexados à inflação protegia parcialmente. Só para terem uma ideia, a BTN da época rendia inflação + 80% a.a. Uma dúvida surge de imediato para quem não viveu naquela época, qual o motivo de juros tão elevados nesses títulos? A razão era que parte desses juros servia para compensar a defasagem da inflação. Esses títulos, que se chamavam NTNS, pagavam a inflaç

O impacto do retorno

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O post traz hoje um artigo publicado no site The Irrelavant Investor que versa sobre o comportamento humano em investimentos. O autor fez a comparação entre dois investimentos após a crise de 1929, e como seria o comportamento do investidor para essas duas aplicações que obtiveram o mesmo retorno após 25 anos. Levaram vinte e cinco anos antes do Dow Jones recuperar o seu pico de 1929. Neste tempo, os Estados Unidos tiveram quatro presidentes diferentes e construiu-se a Barragem de Hoover, o Empire State Building e a Golden Gate Bridge. O Hindenburg explodiu, o F.B.I foi estabelecido, a bomba atômica foi abandonada, Jackie Robinson quebrou a barreira de cores, e o mundo experimentou sua segunda grande guerra. Só tarda um minuto a procurar esses assuntos, mas esses eventos realmente aconteceram em mais de treze milhões de minutos. É por isso que se diz que a história se perde nos gráficos. Todos nós jogamos no mesmo campo, mas cada um percorre rotas diferentes. Meir Statm

Theresa Mayday ou Maydie?

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Mais uma vez o mercado foi enganado pelas pesquisas. Desta vez foi novamente na Inglaterra, onde a Primeira Ministra Britânica perdeu sua maioria no Parlamento. Tudo se deve a uma jogada arriscada que Teresa May tentou, ao anunciar inesperadamente que estava dissolvendo o Parlamento e convocando eleições legislativas.  Sua aposta era vencedora: na época, ela tinha maioria no Parlamento, uma maioria pequena. Mas para enfrentar o Brexit queria uma maioria forte, por isso tentou esmagar o partido trabalhista e conquistar uma grande superioridade. Mas essa vantagem que a Primeira Ministra imaginou não se materializou e acabou com uma quantidade de assentos inferior ao que tinha antes da votação.   Em situações como essa o sistema parlamentarista tem uma desvantagem em relação ao Presidencialista, pois sem uma maioria, o Primeiro Ministro fica de mãos amarradas, sendo obrigado a negociar qualquer assunto. O esperado era que ela renunciasse, mas pelo que indicou, vai p

ECB: Relax

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A reunião do ECB hoje pela manhã foi muito esperada pelo mercado. Como o euro virou a coqueluche do momento, todos queriam saber se Mario Draghi mudaria de ponta, indicando que o tempo de fartura de helicópteros estava terminado. O sorriso estampado em seu rosto, na abertura da secção de perguntas e respostas, poderia ser um indicador nesse sentido. Porém, foi um indicador falso, pois manteve a taxa de juros inalterada. O pior veio no comunicado enfatizando que os juros ficarão nos níveis atuais por um período extenso, e num horizonte bem mais longo que o termino do programa de compra de bonds - termina no próximo ano. Deixou mais um recado informando que caso a situação piore, esse programa poderá ser aumentado, tanto em termo de volume, como em extensão de prazo. Só para relembrar, a taxa praticada nas operações regulares de política monetária permanece em 0%, e no caso de depósitos feitos pelos bancos no ECB – 0,4% a.a. (não é tracinho, é menos mesmo!). Mas por que tant

Esqueçam Temer

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O que eu quero dizer com esqueçam Temer? Na reunião mensal de macroeconomia, realizado na Rosenberg, a melhora da economia brasileira ficou nítida. Não quero com isso dizer que está de vento em popa, mas provavelmente o pior já ficou para atrás. O crescimento esse ano ainda será baixo, inferior a 1%, porém vários sinais são animadores. Por exemplo: a produção de automóveis recuperou bastante nos últimos meses; as contas cambias estão excelentes; inflação quase inexistente, em agosto deverá ser inferior a 3% a.a. (recorde histórico); emprego, que é um indicador retardado, já mostra uma reversão de tendência. Não fosse o caso Joseley, os mercados de juros estariam apontando uma taxa SELIC de 7% no final deste ano, mas aconteceu. Por causa disso, diariamente permanece a dúvida que ninguém sabe responder: Temer fica ou não? Mas os estrangeiros não estão dando bola e continuam a colocar dinheiro no Brasil através de investimentos diretos, compra de ações e títulos de renda

Goldilocks for ever

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O Mosca tem usado em alguns posts o termo Goldilocks , que resumidamente significa um cenário econômico onde o crescimento econômico não é nem muito forte nem muito fraco. A inflação nessa situação tende a ser baixa. Esse parece ser o cenário que vivemos atualmente nos países desenvolvidos. No jogo de futebol, os jogadores de defesa se posicionam onde a bola está, enquanto o centro avante onde a bola estará. O investidor pode decidir de duas formas como alocar suas poupanças, ou de acordo com a movimentação atual do mercado, ou faz uma projeção sobre o futuro, e se posiciona de acordo. Poderia citar o caso brasileiro como exemplo, nitidamente os investidores se posicionaram imaginado onde a bola estará no futuro, pois esperam que a atividade vai melhorar e a inflação cair. Nessa condição, investiram na bolsa e em títulos pré-fixados. Já nos mercados internacionais, nos meses recentes, não fez muita diferença qual a forma adotada, uma vez que, praticamente todas as class

A compra de ações nas mãos de 400.000 pessoas

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Os ataques terroristas ao redor do mundo estão se tornado corriqueiros. No passado, a forma mais utilizada eram homens bombas que explodiam num local com grande aglomeração de pessoas. Essa forma está dando lugar a outro tipo de ataque que usa carros para atropelar as pessoas, seguido de agressões com faca. Todos eles têm algo em comum, após o ataque são capturados pela Polícia, vivo ou morto. Parece que este tipo de risco passa a fazer parte de nosso cotidiano. É muito difícil alguma ação preventiva, pois esses assassinos não usam armas convencionais. Os países emergentes como o caso do Brasil, experiência outras formas de agressões: assaltos das mais variadas formas acontecem cotidianamente por aqui. Agora parece que são os países desenvolvidos que passam por ações semelhantes. Os objetivos são muito distintos, enquanto os primeiros normalmente não são organizados por nenhum grupo, os últimos o são por grupos terroristas. Outra diferença é que o primeiro tem o objetivo de ro