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Dúvida cruel

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Minha dúvida crucial nestes últimos tempos e se vamos entrar num período inflacionário ou deflacionário, recentemente parece que tem pendido mais para este último. A razão são os últimos movimentos do BOJ, a possibilidade de o FED ter que aumentar seu programa, caso o desemprego não mostre melhoras tanto numéricas como qualitativas e a chance, cada vez maior, do ECB no mínimo baixar os juros. Venho escrevendo bastante sobre estes temas e confesso que o gráfico a seguir me intrigou. Na parte superior está a evolução da base monetária nestes países e na inferior a medida de inflação. Se com toda esta injeção de liquidez dos BC´s com o intuito de gerar um "pouquinho" de inflação tem sido frustrada, obrigando a que de tempos em tempos, mais helicópteros sejam lançados, o que aconteceria se resolvessem parar, ou o mundo tivesse algum choque exógeno?  Na última reunião de conjuntura, eu levantei estas angústias e nenhum dos brilhantes economistas conseguiu me da

Subir pouco ou muito, eis a questão

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Eu adaptei a famosa frase de Shakespeare, para o dilema que nosso BC terá na próxima semana ao anunciar a decisão do COPOM: " Subir pouco ou muito os juros"! Hoje é manchete de todos os jornais a alta do índice de inflação IPCA para o mês de março, com a taxa anual superando o limite máximo da banda de 6,5%. Vejam a seguir no gráfico, onde se compara a taxa de inflação com os limites estabelecidos, é visível que a meta de inflação almejada nunca foi atingida, com exceção de um curto período apontado em vermelho, sempre ficou na área superior da banda. Seria mais honesto assumir uma meta de 5,5% a.a com +/- 2,0%, isto implicaria uma Selic mais elevada que os 7,25% atuais.  Eu venho de longa data, ressaltando a barbeiragem na condução de nossa politica monetária, onde as reduções expressivas da taxa SELIC foram motivadas mais por vontade política que por motivos técnicos e uma certa ingenuidade que a situação externa traria benefícios internos para sustentar este movi

É melhor algum juro do que nenhum!

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Logo depois do Plano_Real , em função da grande contenção na liquidez, algumas distorções aconteciam sem nenhuma razão aparente naquele momento. Eu era o diretor financeiro do BFB, e tinha sob minha responsabilidade a tesouraria do banco. A conta reservas no BC tem uma gestão que leva em consideração os depósitos á vista e flutuações expressivas acontecem.  Sem entrar em detalhes, um dia o responsável pela mesa de operações entra em minha sala às 16hs00 e diz: - Estou com uma montanha de caixa para aplicar e o mercado só está pagando 0,10%. Os juros nesta época eram de 14% a.a., provavelmente a taxa estava baixa durante o dia e ele resolveu esperar, só que o nível derreteu e aí ele resolveu jogar a decisão para mim. -  Eu respondi:  Isto dá 1,2% a.a.?  - Sua resposta: Não, é 0,10% a.a.! Era muito, muito baixo. A primeira reação foi a deixar o dinheiro sem remuneração nenhuma, afinal esta taxa era ridícula, mas após refletir um pouco, eu disse: - Pode aplicar, afinal é melhor

Mea culpa

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É indubitável que a bolsa de valores e especificamente o SP500 vem tendo uma performance positiva desde março de 2009, mais de 100%! Vocês podem se perguntar porque o mosca não sugeriu uma posição comprada e a resposta mais direta é, eu errei! Como eu sou humano, busco os “culpados” afinal sempre é melhor uma explicação que nenhuma, e talvez a que explica melhor foi meu receio de ficar comprado nas condições artificiais que vivemos nos dias de hoje. Talvez meu único consolo é que eu não teimei operando contra a tendência, posso não ter ganho mas não perdi. Vou entrar hoje no racional que os analistas de bolsa usam para determinar se uma ação está cara ou barata, sem dúvida o mais observado é o P/L, onde P = Preço da ação (ou do índice) e L = Lucro. Quanto maior o P/L mais "cara" está a bolsa e vice-versa.  Olhando sob uma ótica didática, este indicador pode subir porque os preços sobem enquanto os lucros sobem menos, ou os preços caem e os lucros se mantêm. Vejamos c

Guerra de helicópteros

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Com as últimas medidas tomadas no Japão e comentadas no post o-BOJ-"colou"-do-FED , a reunião do ECB na semana passada, onde o Super-Mário não descartou mais queda de juros, caso seja necessário, e os números decepcionantes do desemprego americano, podemos esperar uma verdadeira guerra de helicópteros, onde o objetivo de cada país será melhorar suas condições de crescimento. Como eles não tem mais muitas armas para combater o alto desemprego nos USA e Europa e a longa deflação no Japão, o jeito foi fazer mais do mesmo, "induzindo" a desvalorização de suas moedas. O Yen foi o mais afetado, pois o programa a ser implementado é audacioso, e o mercado resolveu dar uma ajuda vendendo agressivamente a moeda japonesa contra todas as outras, a dúvida é o que vai acontecer com o dólar e o euro. Mas hoje o assunto será o real e parece que estes movimentos já tiveram um impacto na sexta-feira, valorizando nossa moeda e é provável que tenha um impacto maior, pelo menos no c

Banho de água fria

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Hoje foi publicado os números de desemprego nos USA, criaram-se 88.000 novas vagas quando o esperado era de 190.000, ruim! Mas a taxa de desemprego recuou para 7,6%. Como é possível isso se são necessários 200.000 postos novos por mês, a fim de manter estável a taxa de desemprego? O motivo é que os americanos estão desistindo de procurar novos postos, e o  Participation Rate  não para de cair. -David, está muito confuso, o que realmente importa? Não fique preocupado, você e a torcida do yankees estão confusos, agora imagina o Bernanke que colocou um objetivo para a taxa de desemprego, mas não esperava que o outro índice ( participation rate ) continuasse em queda, como ele vai reagir? Não vai gostar com certeza, pois a queda da taxa de desemprego é causada porque menos gente procura emprego, não é saudável.  O FED colocou todas as suas fichas nos helicópteros e acredito que vai continuar com a mesma estratégia, e agora como os Japoneses agindo da mesma forma, aum

O BOJ "colou" do FED

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Quando eu estava na faculdade a calculadora HP custava uma fortuna, algo como U$500 da época! A solução era usar régua de cálculo, alguém lembra ou melhor conhece? Hahahahah.. Numa prova final de estatística resolvi comprar uma “turbinada” e fui fazer a prova. Esta prova era com consulta e eu era bom de matemática, pois mesmo tirando zero eu passaria, mas alguns colegas estavam desesperados, precisavam muito de uma nota boa. No meio da prova um colega fala baixinho: “ David, me passa a questão 2?” Eu respondi: “Deixa comigo!” Peguei uma folha de papel e como eu sabia a solução e tinha o poderoso instrumento era “bater em morto”. Percebi que aquela página circulou a classe e vários colegas usaram a minha grande "sabedoria", afinal tinham confiança em mim. Ao sair as notas, surprise,  havia um monte de zeros, como era possível? Simples, eu cometi um erro usando a régua de cálculo, consequentemente todos os resultados estavam “exatamente errados”! Infelizmente alguns