Folego para o BCE



O Mosca é um crítico ferrenho da política monetária implementada pelo banco central Europeu. Comprar caminhões de títulos das mais variadas cores e gostos, não parece uma estratégia prudente. A dívida da Grécia não pode ser igual a uma dívida da Alemanha, mas da maneira que o BCE vem encaminhando suas compras, coloca todos os países de forma iguais. Não é necessariamente assim pois esses papeis não tem a mesma taxa de juros, mas certamente a aquisição de volumes elevadíssimos distorceu esse parâmetro.

Mas será que o BCE está deixando a boiada passar e dentro em breve a inflação da zona do euro estaria sob risco? Não é o que parece segundo um artigo publicado pelo Wall Street Journal.

Ao contrário dos EUA e do Reino Unido, onde a inflação começou a subir, o crescimento dos preços ao consumidor na zona do euro, de 19 países, continua teimosamente baixo, apesar de anos de forte expansão econômica.

Esse é um problema para o Banco Central Europeu, que gastou € 2,4 trilhões (U$ 2,9 trilhões) comprando títulos da zona do euro desde o início de 2015, em uma tentativa de levar a inflação a uma meta de 2%. Apesar desse estímulo gigantesco, a inflação subjacente - que exclui preços voláteis de alimentos e energia - não mudou em todo o período, chegando a 0,7% em abril. A menos que a inflação se recupere em breve, o BCE se esforçará para elevar as taxas de juros, para níveis mais normais, a tempo da próxima recessão, quando provavelmente precisaria de espaço para manobrar taxas mais baixas com o objetivo de apoiar a economia.



O que distingue a zona do euro é o fraco crescimento dos salários, estão subindo cerca de 1,5% ao ano, aproximadamente a metade da taxa nos EUA e na Grã-Bretanha.

Normalmente, espera-se que as empresas aumentem os salários à medida que o desemprego diminui para atrair trabalhadores escassos. Isso deve elevar os preços ao consumidor, pois os empresários aumentam os preços para proteger seus lucros. A zona do euro criou 7,5 milhões de empregos nos últimos cinco anos, eliminando totalmente as perdas de empregos registradas durante a crise. E, no entanto, tanto o crescimento salarial quanto a inflação permanecem relativamente baixos.


Os novos entrantes - especialmente as pessoas mais velhas e as mulheres - estão se juntando à força de trabalho, o que aumenta a oferta de trabalho e mantém a inflação salarial. Três quartos do crescimento do emprego em relação à recuperação vieram de trabalhadores mais velhos e mais da metade de mulheres, em parte devido às recentes reformas do mercado de trabalho, como aumentar a idade em que os trabalhadores se qualificam para as aposentadorias.

Na Alemanha, a maior economia da região, 3,1 milhões de pessoas de 60 a 65 anos estavam trabalhando em 2016, mais que o dobro do número de 2006.

Os trabalhadores de hoje não querem mais dinheiro. Especialmente na Alemanha, que tem a menor taxa de desemprego da região, os sindicatos estão se concentrando em benefícios não salariais, como mais tempo de lazer, ou o financiamento de planos de pensão corporativos. Trabalhadores metalúrgicos alemães em fevereiro impulsionaram a introdução de uma semana de trabalho de 28 horas.


Aqui estão as explicações mais plausíveis - e por que elas podem desaparecer em importância.

O choque da crise financeira teve um impacto persistente no espirito arrojado. Ao contrário de outras regiões, a união monetária mergulhou em uma segunda recessão em 2011-13, desencadeada por governos muito endividados. As empresas e famílias da zona do euro ainda estão muito mais relutantes em assumir novos empréstimos hoje do que eram antes da crise de 2008. Isso reduz a demanda por bens e serviços e restringe o crescimento dos preços.


Como nos EUA, no entanto, a inflação pode estar prestes a retornar à medida que as memórias da crise se desvanecem. A imigração para a Alemanha a partir da Europa Oriental diminuiu, e os que já estão na Alemanha devem ver seus salários aumentarem conforme crescem suas habilidades, de acordo com o Bundesbank.
Sinais sugerem que as empresas estão trocando trabalhadores por máquinas em um ritmo mais lento, potencialmente dando aos funcionários mais poder de barganha. Alguns economistas temem que a inflação possa subir repentinamente - criando um problema para o BCE, que precisaria agir rapidamente para eliminar gradualmente seu grande estímulo monetário e começar a aumentar as taxas de juros.

Deixar a política monetária frouxa em vigor, apesar do crescimento bem acima da taxa de longo prazo em pleno emprego, cria uma boa chance de acontecer uma surpresa na inflação. Seria prudente para o BCE, abandonar sua política de juros negativos e compras desenfreadas de títulos, a fim de deixar os juros artificialmente baixos. Estão cutucando o leão com vara curta, como se diz em linguagem coloquial. Não seria nem o caso de agir de forma mais ativa com vem fazendo o FED, mas de arriscar ter que atuar mais forte em breve, para evitar um descontrole dos preços.

No post de-cabeça-para-baixo, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” notem que acima de R$ 3,57, marquei um intervalo, que compreende entre R$ 3,65 a R$ 3,70. O motivo é que nessa região existe algumas confluências, denotando uma probabilidade maior” ... ...” quanto mais o dólar sobe sem dar um respiro, mais aumentam as chances de estar entrando num novo movimento de alta mais consistente, destruindo minha ideia que ainda estamos numa correção”...


O gráfico atual não se alterou muito desde a última publicação. O que mudou foi o comunicado do banco central que passaria a atuar no mercado de dólar, através da venda de dólares com contratos de swap. Isso acalmou um pouco o mercado sem que houvesse uma retração importante de preços.

Há exatamente um mês, quando Lula foi preso, fiz os seguintes comentários no post velório-politico, sobre o impacto desse fato nas cotações do dólar: “ ... fiquei surpreso na semana passada, com a quantidade de pessoas que acreditavam ser a prisão do Lula um evento que faria a bolsa subir e o dólar cair. A esses que acreditavam nessa possibilidade sugeri que lessem o Mosca” .... Bem agora, ninguém nem lembra mais. O motivo principal e um movimento geral de alta do dólar.

O BCB também sabe disso, e sua ação na venda de moeda, é mais para evitar movimentos bruscos do que buscar “derrubar” as cotações. A experiência passada aqui, além dos fatos recentes que ocorreram na Argentina, devem evitar venda desnecessária de reservas.

Em relação ao futuro próximo, mantenho as mesmas as observações contidas acima. No campo interno ainda não existe nenhuma evidencia de quem será o próximo presidente. Declarações do candidato mexicano de esquerda, André Manuel López Obrador, que abriu guerra contra os empresários do país, deixa o ambiente mais preocupante no Brasil, caso o candidato Ciro Gomes eleve suas chances.

O SP500 fechou a 2.672, com alta de 0,35%; o USDBRL a R$ 3,5521, com alta de 0,65%; o EURUSD a 1,1920, com queda de 0,31%; e o ouro a U$ 1.313, sem variação.

Fique ligado!

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