Pisando em ovos



Talvez os leitores do Mosca estejam ficando um pouco saturados do assunto bolsa de valores e suas consequências. Se eu estiver exagerando na importância peço desculpas, mas no meu entender será muito importante acompanhar as próximas semanas, e julgar se tudo volta à normalidade, ou o evento da semana anterior foi o começo na mudança de direção.

Se as bolsas estivessem baratas tudo teria menos importância, pois nestas situações novos recursos estão ávidos a entrar no mercado acionário, e qualquer queda é uma oportunidade. Mas esse não é ocaso, pelo mesmo da bolsa americana, aí tudo pode ser diferente.

Vou procurar fazer uma análise mais realista inicialmente. Não existem dúvidas que, o que ocasionou as quedas do início do mês foram os fundos ETF na categoria volatilidade, onde os investidores colocam seu dinheiro, apostando que a volatilidade permanecera baixa. Como essa estratégia foi vencedora por anos, um ciclo virtuoso se instalou nesse produto. Existia fundos que faziam apostas alavancadas nesse indicador, permitindo que a cada dólar aplicado o retorno fosse multiplicado. E foi o que aconteceu, só que a multiplicação foi para baixo! Para que tenham uma ideia do estrago, veja a cota de um desses fundos a seguir. Praticamente, perdeu todo o Capital.


Sem entrar no mérito se esse tipo de produto deveria ser oferecido a investidores menos qualificados, o subproduto desse fluxo, induziu uma queda da volatilidade, que por sua vez, aumentou a exposição ao risco dos outros participantes, e finalmente impulsionaram as bolsas.

Passados esses 10 dias, imagino que as posições relativas aos produtos de volatilidade foram zeradas, assim, não deveria haver mais pressão desse grupo.

Do que vai depender a normalidade? Eu acredito que, primeiro da atitude dos investidores, se julgarem que tudo não passou de um ponto fora da curva, portanto, abriu uma oportunidade de compra. Também é importante que a volatilidade retorne aos níveis mais baixos, não com prevalecia recentemente, mas em níveis razoáveis, entre 10% - 20%.


Agora, um fator que preocupa algumas pessoas e o fato da recuperação recente, tem sido de forma uniforme em todos os setores. Um artigo do Wall Street Journal relata essa situação.

 As ações de tudo, desde indústrias, bancos, e até empresas de produção de petróleo, estão se recuperando juntas, depois de cair em uníssono no início deste mês, um fenômeno que poderia levar a mais turbulência à frente.

As correlações entre os 11 setores do S&P 500, uma medida de como diferentes grupos de ações se movem em relação um ao outro, aumentaram quando o índice sofreu sua primeira correção em dois anos na semana passada e aumentou ainda mais quando as ações começaram a cair daqueles mínimos. Essa correlação, recentemente, atingiu o nível mais alto desde a eleição presidencial dos EUA em 2016, de acordo com uma análise da Goldman Sachs.


O aumento das correlações pode criar recessões mais violentas quando as ações caem, pois fatores como o potencial de lucros das empresas individuais ou os dados financeiros tendem a tornar-se menos importantes do que os receios mais amplos que conduzem a venda no mercado de ações.

Alguns investidores dizem que essa recuperação faz sentido, já que as perspectivas para o crescimento global continuam positivas. Mas outros dizem que o ritmo dos ganhos se tornou cauteloso, uma outra queda estaria próxima - especialmente porque algumas das preocupações levantadas no início do mês persistiram.

Todos esses argumentos recaem nas colocações colocadas acima onde somente a observação dos próximos dias poderá nos dizer qual lado prevalece, a da continuidade, ou da saída de recursos. É natural que possa existir uma alternativa intermediaria, onde a bolsa permanece indecisa, com idas e vindas pequenas – triângulo?

No post bitcoin-bolha, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” Observem incialmente as linhas pretas traçadas que contém os níveis de juros desde 1986. Essa linha foi rompida neste trimestre. Como o trimestre não terminou, estou supondo que não volte para baixo, o que anularia toda essa análise. Agora observem a linha vermelha que está localizada nos 3%. Caso os juros ultrapassem, acrescentam mais um ponto em favor do rompimento mencionado acima. Agora crucial é o nível ao redor de 3,3%, apontado em azul, se passar, podemos afirmar que terminou o ciclo de baixa de juros que perdurou por 40 anos! ” ...


Estou reforçando essa visão de longo prazo para que os leitores memorizem esses níveis. Muito simples “ 3% cuidado - 3,3% ação! ”. No gráfico a seguir, mostro a evolução das taxas com uma janela mais curta. Aí se pode ter a visualização da consistência dessa alta.


Vou manter as condições estabelecidas para esse trade e subir marginalmente o stoploss para 2,65% e a saída a 3,04%. Estou aproveitando para liquidar a posição de euros a 1,2480.

Acho que estou com o dedo no gatilho, por que será? Deve ser por algum receio que algo maior está para acontecer. Só o tempo poderá desvendar se esse sentimento é uma “fantasia” ou intuição.


O SP500 fechou a 2.732, sem variação; o USDBRL a R$ 3,2310, com alta de 01,0%; o EURUSD a 1,2404, com queda de 0,81%; e o ouro a U$ 1.347, com queda de 0,38%.

Fique ligado!

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