Limite de baixa



Ontem foi publicado o resultado das transações correntes com um déficit de U$ 4,3 bilhões. Como o resultado em janeiro de 2017 foi um pouco pior de U$ 5,0 bilhões, o acumulado em 12 meses teve uma nova queda para U$ 9,0 bilhões. Um saldo excelente.

Então por que estaria eu alertando sobre o futuro das contas cambiais? O motivo é que, espera-se uma piora em seus vários componentes. Vejamos então:

Investimento direto atingiu a marca de U$ 6,5 bilhões, abaixo do observado no ano anterior. O gráfico a seguir não deixa dúvidas, depois de atingir a marca histórica de U$ 100 bilhões em 2011, vem lentamente retraindo e situando-se em base de 12 meses ao redor de U$ 65 bilhões.

Os resultados comparáveis entre essas duas rubricas – déficit e investimento direto, dão uma enorme vantagem numérica como o gráfico abaixo apresenta. Mas não dá para ficar comemorando, pois, o déficit tende a piorar daqui em diante.


Uma grande contribuição para a queda vertiginosa do déficit foi a balança comercial. Depois da catastrófica gestão do país pelo PT, e mesmo com um incentivador das exportações por conta da desvalorização cambial em 2015, há 3 anos essa conta estava levemente negativa. Depois disso, o saldo subiu até atingir a casa dos U$ 70 bilhões, uma cifra importante.

Acontece que grande parte dessa melhora foi consequência da recessão vivida nos últimos dois anos, fazendo com que, as importações despencassem. Daqui em diante não se pode esperar esses resultados, a Rosenberg trabalha com um saldo de U$ 45 bilhões, uma perda de U$ 20 bilhões em relação ao valor desse ano.



Já a conta de serviços, imagino ter impacto dos dois lados, algumas positivas outras negativas. Neste mês o déficit foi de U$ 2,8 bilhões. Notemos os subitens

·         Viagem internacional: Apresentou um déficit de 1,2 bilhões, 33 % superior ao do outro ano. Aqui acredito que vai ser maior ou igual.

·         Aluguel de equipamentos: Uma boa parte do déficit dessa conta era oriundo do trambique que o PT montou com a Petrobras, que comprava os equipamentos aqui e fazia um lease back no exterior. Como agora tem gente seria na Petrobrás (por enquanto!), essa conta tende a cair.


Conta de rendas atingiu U$ 4,1 bilhões no mês, redução de 23%. Nessa conta, é contabilizado as despesas de juros, bem como, a remessa de lucros e dividendos. Acredito numa piora, consequência dos lucros que já deverão aparecer durante esse ano.

Já o passivo de investimento em carteira existiu um ingresso expressivo de U$ 11,9 bilhões, composto por entradas em ações e fundos de ações de U$ 4,1 bilhões, entrada em títulos de renda fixa U$ 6,0 bilhões, completando com o influxo de U$ 1,8 bilhões em títulos de renda fixa negociados no exterior. Esse item está à mercê dos investimentos de estrangeiros em títulos brasileiros, que se mostram atrativos em termos de valores das ações e juros dos títulos de renda fixa.

Os estrangeiros estão muito otimistas com os mercados emergentes e em especial o Brasil. No mês em questão, antes da volatilidade das bolsas americanas terem explodido no início de fevereiro, diversas companhias fizeram emissões de títulos no mercado internacional com taxas baixíssimas e prazos a perder de vista. Isso explica parte das entradas de janeiro. Pode se contar com esse cenário no futuro? Tenho minhas dúvidas, principalmente se os juros no exterior subirem mais do que o mercado espera.

Mas não existem motivos ainda em se preocupar, as reservas estão em um nível estável de U$ 375 bilhões há anos.

O objetivo do post de hoje é alertar que a derivada segunda se alterou, como se diz em cálculo. O déficit de U$ 9,0 bilhões em 12 meses, calculo ser é o limite de baixa. Devemos nos preparar para tempos diferentes. Em consequência é fundamental que o mercado externo nos veja com bons olhos, rebaixamento por parte das agências de risco hoje não surtem efeito, mas certamente terão um peso maior, caso a necessidade de financiamento por parte do Brasil aumente.

No post desafiando-o-fed, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” como continuo com minha ideia que em algum momento o dólar vai cair abaixo do nível de R$ 3,10, tenho uma inclinação para sugerir uma venda de dólares. Mas como tivemos um insucesso da última vez, a tendência seria estabelecer um nível mais elevado ao redor de R$ 3,30, pois o stoploss ficaria a nível de R$ 3,35” ...


Se os leitores queriam saber sobre triângulos o exemplo do dólar é excelente. Essas configurações podem demorar muito tempo, mais do que os trades estão dispostos a esperar, sem que uma resolução aconteça. Alguns operadores usam essa configuração para ganhar dinheiro, vendendo na parte superior e comprando na parte inferior do triângulo. Até que em algum momento acontece o rompimento. Temporariamente o dólar está “confortável” nesse espaço.

Minhas recomendações e expectativas se encontram acima. Por enquanto não sei quando acontecerá o rompimento, e, essa situação atual, pode perdurar por mais tempo.

O SP500 fechou a 2.744, com queda de 1,27%; o USDBRL a R$ 3,2512, com alta de 0,82%; o EURUSD a 1,2230, com queda de 0,68%; e o ouro a U$ 1.318, com queda de 1,14%.
Fique ligado!

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