Inflação em alta!



Ao buscar as informações sobre o IPCA do mês de outubro, fiquei preocupado ao ler o título da reportagem no jornal Valor “Inflação ganha força em outubro”. Imediatamente pensei que algo teria saído fora do controle, afinal a chamada indica um resultado negativo. 
Porém a realidade não era bem essa, o nível do mês de outubro foi de 0,42%, totalmente dentro da previsão do mercado que era entre 0,40% - 0,54%. Esse resultado ocasionou uma alta da inflação anual de 2,54% para 2,70%.

Os principais fatores que influenciaram no sentido da alta foram a energia elétrica, reflexo da alteração da bandeira tarifária para o mês, além do gás de botijão. Já a alimentação, que ainda permanece em deflação, perdeu o ímpeto. Como costumo dizer, se a queda nos preços dos alimentos continuar indefinidamente a comida ficará literalmente de graça. Algum momento vai parar de cair!

Um exercício importante para análise da inflação, a mais longo prazo, é expurgar os efeitos dos alimentos do índice. Como o gráfico abaixo aponta, sem o impacto dos alimentos, a inflação estaria mais próxima da meta de 4%.



Outro fator de conforto são os baixos níveis dos preços livres – 1,46% em 12 meses, bem como do índice de difusão – 53%. A soma desses resultados deve dar subsídios para que o banco central corte os juros em 0,50% na próxima reunião de dezembro, embora é esperado uma elevação modesta da inflação para o termino de 2017. Em bases anuais o IPCA encerraria o ano em 3%. Para 2018 a Rosenberg trabalha com uma taxa de 3,8% a.a.



Mas não fico surpreso com esse tipo de alarde dos meios de comunicação, afinal eles têm que chamar a atenção. É nossa função fazer uma análise mais realista dos fatos. Minha tese que o Brasil vive uma situação nova, onde a inflação não é mais tão importante, pode ser comprovada por manchetes com esta do Valor. Se uma variação de 0, 16% a.a. é tão elevada para os meios de comunicação, e por que ela não é mais importante.
Nas reuniões da Rosenberg noto os analistas simularem diversos cenários para as variações de preço. Como contrapartida, como esses cenários impactariam a inflação de 2017. Seu objetivo é comprar ou vender esses contratos objetivando um ganho 0,10% ou 0,15%. Para eles, certamente alguma variação no indicador mensal pode ter impacto financeiro, para nós não faz a menor diferença se a inflação for 3,13% ou 3,23%.

No post conflito-de-interesses, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” nosso trade parecia caminhar no sentido certo, porém o nível de 2,42% foi violado, só que desta vez para baixo. No momento se encontra a 2,34%, próximo de nosso stoploss” ... ...” agora não temos muita margem de manobra, ou o mercado vira e volta a subir, ou provavelmente seremos stopados. Se isso acabar acontecendo, não significa que os juros caiam abaixo de 2%, como eu estava esperando alguns meses atrás”...

Durante esta semana, nosso stoploss esteve por um triz, a mínima atingiu 2,3040%. Hoje especificamente houve uma recuperação situando-se em 2,37%. O susto passou? Não mesmo, agora 2,40% passa ser um novo teste para a alta.

Notem que em 4 situações distintas o mercado buscou romper essa região – 2,40%/2,42%, sendo que nessa última negociou alguns dias acima. Parece que o mercado testará novamente esse nível, e duas situações poderão ocorrer: o que se denomina na linguagem do mercado last kiss, onde os juros voltam a cair sem seguida; ou finalmente os juros começam um ciclo de alta. Agora é fundamental que o nível de 2,65% seja ultrapassado. 

Para qualquer pessoa que está envolvida no mercado de títulos vê com surpresa níveis tão baixos de juros. Porém, uma análise mais abrangente de outros mercados, se pode chegar à conclusão que não são tão baixos assim. Os títulos de 5 anos do tesouro alemão rendem -0,22% a.a., enquanto os americanos rendem 2% a.a. Se um alemão decidir comprar o papel de seu país, no final de 5 anos receberá menos do que aplicou, pagará aproximadamente € 2 para cada € 100 investidos, enquanto o americano receberá U$ 10 para cada U$ 100. Assim, existe uma demanda vinda da Europa e Japão na compra dos títulos americanos. 



O SP500 fechou a 2.583, sem variação; o USDBRL a R$ 3,2783, com alta de 0,81%; o EURUSD a € 1,1665, com alta de 0,21%; e o ouro a U$ 1.275, com queda de 0,70%.

Fique ligado!

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