SELIC 6%: Uma miragem?
Eu venho enfatizando que a inflação no Brasil está
apresentando sinais de notável estabilidade. Isso seria suficiente para
projetar juros nominais e reais mais baixos. O mercado trabalha com a taxa
Selic entre 7% a 7,5% a.a. para o final de 2017. Essa taxa compreenderia uma
inflação de 4% a.a. e um juro real de 3% a 3,5% a.a., podendo um compensar o
outro.
Podem notar que ninguém prevê uma taxa de 7,25% e a razão é
a mais esdruxula possível, o motivo é que seria igual a taxa mínima durante o
governo da Dilma. Sendo assim, pode dar azar! Come on! Seu governo foi tão ruim que ninguém mais lembra, até
sugiro que seja excluído do livro de história brasileira, talvez um parágrafo.
Hoje foi publicado o IPCA-15 correspondente a metade do mês
de agosto, a variação ficou em 0,35%, abaixo de todas as expectativas do
mercado, em 12 meses a taxa caiu mais um pouco para 2,68% a.a. É verdade que os
alimentos estão em queda livre, com taxas negativas, não fosse a elevação dos
impostos na gasolina seria bem provável um novo mês com deflação.
Por outro lado, ao se retirar os alimentos, a inflação
estaria um pouco mais elevada, porém abaixo de 4%. O quadro a seguir mostra as
principais categorias contendo a inflação em 12 meses. Chamo a atenção para os
preços livres, bem como o índice de difusão. Naturalmente os monitorados sofrem
a influência do aumento da gasolina, que no próximo mês já não terá mais nenhum
impacto.
Não sei se vocês sabem, mas se a inflação terminar o ano
abaixo de 3%, que é o limite inferior da banda, o presidente do banco central
terá que dar explicações ao congresso. Se isso acontecer será um fato inédito.
Hoje em discussão na Rosenberg foi levantada a possibilidade
de a desinflação vivida nos países desenvolvidos ter influência aqui também. Se
esse for o caso, imaginem quanto a inflação poderá cair? A
ineficiência aqui é muito grande, ocasionada pelo excesso de impostos, juros
elevados e alta inflação.
Mesmo sem considerar isso, imaginado que a inflação
permaneça nos patamares atuais. Não vejo porque não poderíamos ter daqui há um
ano, uma taxa Selic de 6 % a.a. Parece insano, mas é o que se pode extrair do
movimento de preços recentes, e mesmo assim, o juro real de 3% em relação aos 6%, seria elevado.
Agora se você é um aficionado da inflação e depende dela
para seus negócios ou investimentos, sugiro que faça campanha de apoio ao Lula,
pois só uma gestão dele, ou do pessoal mais de esquerda poderia trazer a
inflação de volta, com suas ideias arcaicas sobre economia.
Foi publicado o resultado das contas externas
brasileiras que apresentou um déficit de U$ 3,4 bilhões, o acumulado foi de U$ 13, 8 bilhões em 12 meses. Assim como o Corinthians que perdeu sua
invencibilidade na última rodada, mas que de nada afetou sua superioridade
numérica, as contas externas brasileiras mantêm sua excelente performance,
mesmo apresentando déficit este mês.
Antigamente, esses dados cobriam o material inteiro do
post, agora vou me limitar aos principais, todos expressos em 12 meses:
Investimento Direto acumula U$ 84, 5 bilhões; a Balança Comercial atingiu U$
59,5 bilhões; a Conta de Serviços U$ 31,9 bilhões de déficit, destacando a
despesa com viagens de brasileiros com despesas líquidas de U$ 1,7 bilhão
mantendo-se em alta nos últimos onze meses; conta de rendas com déficit de U$ 43,7
bilhões, cuja remessa de lucros ao exterior apresentou alta de 29% em relação a
julho de 2016; ingresso em carteira de U$ 3,7 bilhões no mês mantendo a conta
com um déficit de U$ 14,8 bilhões em 12 meses; as reservas se encontram agora
um pouco mais elevadas em U$ 381 bilhões. Um show!
No post o-ultimo-bonde-para-lapa, fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: ... “Permaneço com as seguintes hipóteses:
1. Sobe um pouco mais não atinge U$ 1.300 –
provavelmente vou comprar na próxima correção.
2. Sobe e ultrapassa U$ 1.300 – compro no
rompimento.
3. Não aguenta e retrocede, onde o dia de
hoje seria considerado como um false break -
voltamos à estaca zero” ...
... A opção 2 caminha
para se concretizar e por essa razão vou deixar um trade condicional. Comprar
ouro a U$ 1.305, desde que, feche nesse preço ou acima, nessa situação o
stoploss ficará em U$ 1.270” ...
Na última sexta-feira o ouro atingiu U$ 1.300, porém fechou
nas mínimas do dia a U$ 1.283 – em verde, denotando a possibilidade de ter sido
um false break. No momento se encontra a US$ 1.290.
Na próxima sexta-feira acontece a conferência anual de
Jackson Hole, onde os bancos centrais do mundo se encontram para discutir
diversos aspectos da política monetária. A presidente do FED, Janet Yellen, e o
presidente do ECB, Mario Draghi, farão a abertura do evento. Não sei se a
Yellen irá reforçar a ideia de “aumento já” dos juros programado para dezembro,
e/ou Mario Draghi vai avisar que o gato subiu no telhado para a mamata de juros
negativos. O que parece certo é que até
lá o ouro defina sua trajetória. Desta forma, ficam abertas as três
possibilidades que indiquei acima.
O SP500 fechou a 2.444, com queda de 0,35%; o EURUSD a €
1,1810, com alta de 0,42%; o USDBRL a R$ 3,1403, com queda de 0,62%; e o ouro a
U$ 1.290, com alta de 0,46%.
Fique ligado!
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