Desafiando o livro texto
Por mais que a curva de Phillips tão comentada recentemente
não esteja funcionando - “Segundo esta teoria, desenvolvida pelo economista
neozelandês William Phillips, uma menor taxa de desemprego leva a um aumento da
inflação, e uma maior taxa de desemprego a uma menor inflação” – e se os dados
econômicos continuarem dispares, o FED terá um enorme dilema dentro
em breve.
Como de costume, nesta sexta-feira será anunciada a taxa de
desemprego nos EUA. Embora os dados publicados pelo ADP não tenham se mostrado
um bom indicador do dado oficial, não custa observar. O resultado publicado
ontem apontou a criação de 236,6 mil empregos. Se os dados de emprego
anunciados amanhã confirmarem esse patamar, não restara dúvida que o mercado
de trabalho está caminhando para um nível perigoso de aquecimento, e pela
teoria conhecida, é um indicador de alta da inflação futura.
Para completar nesse front, altista de juros, o PIB americano
do 2º trimestre foi republicado com alterações em relação a primeira publicação.
O resultado foi ótimo, a economia cresceu a uma taxa de 3% a.a., muito acima de
qualquer previsão dos economistas. Como se pode verificar na figura abaixo,
nenhum subitem sofreu retração sendo o consumo o grande responsável desse desempenho, como seria o esperado.
A projeção do modelo usado pelo FED de Atlanta, aponta para
o trimestre em curso, um resultado também bastante interessante de PIB, acima
de 3%. Naturalmente, em função das graves consequências do Furacão
Harvey, o PIB será afetado negativamente. Por outro lado, nos trimestres
seguintes, uma demanda adicional de reconstrução terá um impacto positivo. Até
o momento não existe nenhuma estimativa desses efeitos.
Agora vamos observar o que ocorreu com a inflação.
Incialmente os salários ao invés de mostrarem uma evolução positiva vem
retorcendo, depois de terem subido, em bases anuais, no final de 2016. O
gráfico a seguir ainda apresenta outra característica preocupante, com uma
tendência de queda no longo prazo, ou na melhor das hipóteses de
estabilidade. Não se pode desconsiderar o fato da taxa de desemprego, após de
ter atingindo o pico na crise de 2008, vem retorcendo constantemente, o que deveria ter um impacto inverso nos salários.
A inflação expressa pelo CPI core – sem considerar combustíveis e alimentos – medida em bases
semestrais anualizada, está abaixo de 1%. Se o item moradia for excluído, o
resultado leva a uma deflação, como se pode notar a seguir.
Com estes dados inconsistentes do ponto de vista econômico,
o FED terá a difícil missão de adotar um caminho nos próximos meses: ou subir
os juros admitindo que em algum momento a inflação vai responder ao que se
espera na teoria econômica; ou postergar essa decisão levando em consideração
uma força deflacionaria com efeito nos preços oriunda da revolução digital. No primeiro caso poderá induzir uma recessão mais
adiante e ter que baixar os juros, e no segundo caso, ser surpreendido por uma
onda inflacionaria tendo que subir os juros mais rapidamente.
Não sei qual caminho será adotado, mas se tivesse que apostar
optaria pelo primeiro. O motivo é que os membros são de forte formação acadêmica
sendo levado por suas crenças. Em todo caso, admito que é uma decisão dificilíssima!
No post bitcoin-mania, fiz os seguintes comentários sobre
o SP500: ...” Acredito que uma correção está em curso, o
que eu não sei se é uma pequena, média ou grande. Tudo incida que será uma
pequena, entre 5% – 7,5%, no máximo 10%. Em função disso, vou sugerir um trade
de venda do SP500 a 2.465, com stoploss a 2. 495” ...
Depois de ter ameaçado romper o nível de 2.400, e isso foi
antes do lançamento do míssil pela Coreia do Norte, o SP500 se encontra no
nosso nível de venda, ao redor de 2.470. Como mencionei acima, naquele momento
estava em dúvida qual a extensão da correção. Passados alguns dias, minha
convicção agora é que será pequena, meu target é 2.370 ou na melhor das
hipóteses 2.300.
O que eu não disse a vocês é que não será numa linha reta,
essa queda se houver, será lenta e cheia de percalços. Notem que, como anotei no
gráfico, minha expectativa mais a frente é de alta, ou seja, estamos buscando
um retorno numa queda contra a tendência. Nessas ocasiões, que considero bem
especulativas, o mercado pode retornar ao movimento original sem se prender ao
nível estatístico esperado.
A nível ilustrativo, uma outra forma de se posicionar nesses
momentos seria simplesmente aguardar a correção sem posição, e caso não aconteça,
entrar no mercado quando do rompimento, que neste caso, seria acima de 2.490.
Essa é uma forma mais prudente, ficando inclusive fora de um eventual sentimento
de frustração caso o trade acima se mostre negativo. Por essa e outras razões a
aposta nestes casos têm que ser pequena, e sem paixão.
O SP500 fechou a 2.471, com alta de 0,57%; o USDBRL a R$
3,1494, com queda de 0,32%; o EURUSD a € 1,1905 com alta de 0,20%; e o ouro a
U$ 1.321, com alta de 1,01%.
Fique ligado!
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