Final imprevisível
Assim como eu, vocês devem estar surpresos com a quantidade
de acusações que se tornam públicas a respeito da corrupção generalizada vivida
no Brasil nas últimas décadas. Desde a revelação da gravação de conversa entre
Joesley e Temer, o rumo dos acontecimentos ganhou uma nova dimensão.
Através de meios não convencionais, o dono da JBS vem
surpreendendo dia após dia. Até o momento, quem se prestou a uma delação
premida fazia suas confissões que logo se tornavam públicas. Em seguida, esses
participantes, via de regra, saiam de cena e se limitavam a comunicar por meio
de seus advogados que estavam colaborando com a justiça.
Mas Joesley inovou, veio a público com novas acusações
periodicamente, acirrando novas dúvidas. Também vem gerando especulações
disseminadas, que estaria em combinado com o Procurador Janot, com objetivo de
desestabilizar o atual governo. Dentro dessa linha, também causa estranheza o
fato de poupar Lula. Em todo caso, não confio em nenhuma palavra desse empresário,
não que o que esteja relatando não é verídico, mas a forma como vem revelando deixam
dúvidas se não omite fatos. Um bandido confesso!
O público conhece os detalhes das operações reveladas pelas
construtoras, mas a “novela” JBS e as possíveis delações de Palocci e do
doleiro Funaro tornam o desfecho totalmente imprevisível. Por outro lado,
vários leitores se dizem perplexos com as repercussões nos mercados. Vou
mostrar hoje alguns dados para dimensionar o impacto até o momento.
O mapa abaixo mostra o estágio econômico e a política
monetária em diversos países. No caso brasileiro, a política monetária é de
afrouxamento e o ciclo econômico de recuperação.
Dentre os países considerados emergentes, a situação
brasileira ainda é a mais frágil. No gráfico a seguir, nas ordenadas (eixo x),
a evolução média do PIB entre 2014 – 2016; nas abcissas (eixo y), a projeção
para o período de 2017 - 2018. Notem que nossa situação é a pior de todas,
enquanto a China e Índia se encontram no extremo oposto.
Um trabalho elaborado pela BMI, uma empresa do grupo Fitch,
elenca os riscos políticos de curto prazo (1-2 anos) com os de longo prazo
(5-10 anos). Como se pode notar, nossa caso se equipara a da Turquia, África do
Sul e México.
Os três mercados onde se pode avaliar o impacto dos últimos
acontecimentos são: juros, câmbio e a bolsa de valores. Vamos analisar nesta
ordem. A taxa de juros pré-fixados implícita nos títulos brasileiros de 10 anos
encontra-se levemente superior ao de antes, que estava em 10% a.a. e agora se
encontra em 10,5% a.a.
Considero o impacto bastante limitado nesse mercado. O
principal motivo é a queda vertiginosa da inflação. Ilan, quando assumiu o
banco central há 1 ano, recebeu o país com uma inflação de 9,5% a.a., agora
encontra-se abaixo de 4% a.a. Como consequência, os juros reais estão
elevadíssimos e, caso essa equipe continue, é de se esperar algumas quedas da
taxa Selic.
Já a situação no câmbio não é tão confortável, depois de
sair de uma cotação de R$ 3,10 e atingir R$ 3,40 no dia da revelação da fita,
busca atualmente um patamar, porém mais próxima daquela máxima.
Como poderão ver a seguir, a bolsa de valores tem uma
configuração semelhante à do dólar.
Na minha visão, o mercado está dividido sob duas forças: por
um lado, os estrangeiros estão confiantes que tudo que acontece no país é bom
no longo prazo, e acreditam que a corrupção tenderá a diminuir
significativamente tornando o ambiente mais propício para os negócios; por
outro lado, os brasileiros estão mais preocupados com os eventos de curto prazo
e buscam algum tipo de proteção, caso a situação saia de controle. O Mosca acredita
que nos gráficos para definir seus prognósticos!
No post bcb-trancado-na-defesa, fiz os seguintes
comentários sobre o Ibovespa: ...”agora voltamos as premissas que havia levantado alguns
meses e que se encontram marcadas no gráfico abaixo com os números 1,2,3. Cada
uma delas tem um grau de retração. O primeiro nível apontado é de 57.000, o
segundo 53.500 e por último 49.000” .... Também tracei alguns
cenários de longo prazo do qual recomendo sua leitura.
Como observado, o Ibovespa está próximo a mínima atingida em
maio de 60.300. Infelizmente, não tenho uma sugestão clara sobre o futuro
próximo do índice. Como apontado abaixo, teria alguns níveis dos quais
suspeitará sua trajetória.
Poderia na verdade definir um intervalo como terra de
ninguém – 60.000 a 65.000. Na parte superior, as chances de uma alta se elevam,
porém, tenho que frisar que somente acima de 70.000 fica mais seguro.
Contrariamente, abaixo de 60.000, os dois intervalos definidos no post citado
acima passam a valer.
Acho que nem o Joesley, especialista em inside
information, também não teria um trade claro a ser feito; a não ser que
tenha uma gravação entregando uma mala com dinheiro para o Temer! Hahaha ....
- David, mas só para efeitos especulativos, com uma arma
na cabeça, qual seria sua aposta?
Na venda, com um stoploss a 64.000. Mas, sem muita convicção
até o momento.
O SP500 fechou a 2.453, com alta de 0,83% - recorde
histórico!; o USDBRL a R$ 3,2890, com queda de 0,10%; o EURUSD a 1,1149, com
queda de 0,43%; e o ouro a US$ 1.244, com queda de 0,67%.
Fique ligado!
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