O mercado desafia o FED
Nunca se falou tanto em taxa de juros ao redor do mundo. Essa
observação vale tanto para os EUA como aqui no Brasil, embora com direções
opostas. No país americano, a autoridade monetária encontra-se imbuída em
normalizar o nível da taxa de juros. O juro real ainda está negativo em – 1%
a.a. Já aqui, depois do governo desastroso do PT, que culminou com elevado
nível de inflação e total descontrole das contas públicas, a nova equipe
econômica, empossada a menos de um ano, vem implementando mediadas que
propiciaram uma queda expressiva dos preços. Entretanto, o juro real ainda se
encontra acima de 5% a.a.
Ambos bancos centrais estão agindo no intuito de normalizar
sua política monetária. Nos EUA, o FED vem anunciando que pretende subir os
juros atuais de 1% a.a., tanto na próxima reunião em junho, como na reunião
seguinte em setembro, embora nessa última ainda não existe um consenso.
Uma das razões dessa indefinição sobre a continuidade, são
os últimos dados de inflação. Em abril, mostrou desaceleração. A autoridade
espera que essa retração seja transitória, para em seguida atingir seu objetivo
de 2% a.a. nos próximos meses. Já o mercado de trabalho, outro indicador que
influencia suas decisões, encontra-se muito próximo do pelo emprego. É nesse
indicador que o FED coloca sua ênfase, pois espera um impacto na inflação
através da pressão dos salários.
Supondo que o FED consiga atingir seus objetivos, dentro de
muito pouco tempo os juros estariam em 1,5% a.a. Como se poderia explicar que o
juro de 10 anos se encontra tão baixo, na casa de 2,25% a.a. Uma diferença
ínfima de 0,75%, entre essas duas taxas. É importante frisar que esse
diferencial deve levar em consideração os seguintes pontos: O FED projeta uma
taxa de juros de curto prazo em 3% a.a., a ser atingida nos próximos 2 anos.
Isso é o que se extrai das projeções publicadas nas atas do Comitê; o
recebimento de um determinado prêmio positivo para quem se dispõe a investir
num prazo tão longo, contemplando os riscos futuros.
Logo que o Presidente Trump foi eleito, o mercado apostou
que suas promessas elevariam a inflação, o que induziria o FED a acelerar a alta
dos juros. O gráfico a seguir apresenta a posição especulativa em contratos de
juros de 10 anos. O seu significado quando está negativo é que, os investidores
apostam na alta dos juros, contrariamente, quando positivo, os mesmos apostam
numa queda dos juros. Notem que logo após as eleições apostavam numa alta que foi
revertida agora para uma baixa.
Seria muita ingenuidade achar que o mercado não sabe fazer
conta. O que está por trás de sua aposta?
Consideram o movimento do FED em subir os juros, afetará o crescimento
da economia. Como consequência, a inflação voltaria a cair. Nessas condições, a
autoridade monetária seria obrigada a cortar os juros mais adiante. Cenário conhecido
como o voo de galinha, que não consegue se sustentar.
Na época Greespan uma frase era dita com muita frequência: don´t fight the FED, para indicar que
apostas feitas contra a autoridade monetária resultaria em prejuízo. Talvez
hoje ela não mais se aplica, com os sucessivos erros em suas projeções dos
últimos anos, o mercado resolveu não levar tanto em consideração as crenças do
FED.
Um outro indicador que já deveria ter apresentado melhora é
o volume de credito. O gráfico a seguir, que condensa esse indicador das
maiores economias do mundo, mostra uma desaceleração.
Talvez a única exceção seja a China que continua crescendo
seu endividamento. Esse fator tem gerado preocupação nos investidores. Parece
que a economia está se desacelerando e o governo tenta segurar através do
credito.
Vivemos uma revolução digital onde os desenvolvimentos
tecnológicos afetam os negócios de forma direta. A substituição do trabalho
humano por robôs é visível em todas as áreas de atuação. Incialmente aconteceu
nas fábricas e agora também nos serviços. Na semana passada, no post o-guru-dos-investimentos,relatei como hedge funds que usam modelos quantitativos em
seu processo de tomada de decisões vem obtendo melhores desempenho que os
fundos geridos por titãs em finanças.
Todo esse movimento é deflacionário e de difícil mensuração.
Como consumidores é boa notícia pois permite a compra de produtos e serviços
mais baratos, porém socialmente é conturbador, haja visto que centenas de
milhares de empregos são eliminados, razão dos recentes movimentos observados
ao redor do mundo.
Se a história é um indicador, no longo prazo essas mudanças propiciaram
a evolução da humanidade. O desemprego originado num setor cria oportunidades
em outros, e pouco a pouco, acontece a migração. Porém, como no longo prazo
estaremos todos mortos, vivenciar esse momento gera uma certa apreensão.
É interessante o que vem ocorrendo. Depois que termino o
assunto econômico do dia, verifico os mercados que acompanho. Sem exceção, noto
que não existe grande alteração desde a última postagem. Isso é função da baixa
volatilidade que estamos vivenciando. Seria muito fácil anunciar que tudo isso
está prestes a terminar justificando com situações passadas. Mas não estou
convencido que esse é o caso. Com tantos eventos que indicariam instabilidade e
nada aconteceu, parece que somente algo muito sério poderia mudar esse status
quo.
Hoje vou comentar sobre a moeda única, pois pode surgir uma oportunidade
no curto prazo. No post anestesiado, fiz os seguintes comentários sobre o
euro: ...”
Calculo que o euro testará o nível de € 1,15, e é aí que a grande batalha deve
acontecer. Como apontei no gráfico acima, existem dois caminhos possíveis” ...
Na semana passada o euro atingiu a cotação de € 1,1260,
iniciando uma pequena correção. E é nessa correção que poderemos entrar
comprando a moeda única. No gráfico abaixo aponto esses pontos.
Minha sugestão de compra é ao nível de € 1,105 - € 1,10, com
um stoploss a € 1,09. O objetivo seria buscar algo ao redor de € 1,15. Coloque
metade em cada um. Veja que marquei em verde a máxima atingida recentemente.
Pode ser que os níveis que desejo não sejam alcançados e a moeda única
ultrapasse essa marca, nesse caso as sugestões ficam canceladas.
O SP500 fechou a 2.412, com queda de 0,12%; o USDBRL a R$ 3,2572, sem alteração; o EURUSD a 1,1183, com baixa de 0,17%; e o ouro a US$ 1.262, com baixa de 0,32%.
Fique ligado!
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