Anestesiado
Nesses últimos dias, a sensação que mais me prevalece é a de
desalento. Confesso, acreditava que a continuidade da corrupção, depois de todo
o andamento da lava jato, teria cessado. Mas, esses últimos acontecimentos demonstraram
que não. Ao mesmo tempo ficou confusa qual a linha de ação adotada pelo STF. A
única instituição que merece confiança é a Policia Federal em conjunto com a
equipe de Sergio Moro. Até o MPF tenho dúvidas.
Ontem, numa conferência telefônica, ouvi o Ministro Henrique
Meireles e sua equipe, que saíram a campo para dizer que manterão o programa
proposto. Em relação ao que falou, o que mais chamou minha atenção foi a
quantidade de vezes que interrompeu seu raciocínio com murmúrios humm...
humm... humm... Estava realmente medindo suas palavras. Para mim, foi sinal de
grande dúvida. Também acho que não poderia ser diferente.
Passados esses primeiros dias depois da revelação bombástica
da JBS, parece que o Presidente Temer considera a possibilidade de renúncia,
desde que tenha segurança de não ir preso. Isso, por um lado seria uma boa
notícia, porém dependerá se teríamos eleições indiretas ou eleições diretas,
como quer a esquerda. No primeiro caso, acho que o Ministro Meireles é o que
tem melhores condições de acalmar o mercado. Já um processo de eleições diretas
colocaria o país sob forte tensão. Imagina o discurso inflamado do Lula
tentando a qualquer custo se livrar do Moro?
Tem algo mais importante que não sai de meu pensamento: quem
serão os candidatos nas eleições de 2018? Não consigo encontrar um nome com
reais chances de ganhar e com ímpeto para enfrentar os problemas que serão
arrastados até aquela data. Parece que pode ser um outlier, que em estatística
significa valor aberrante ou valor atípico. Bolsonaro? Deus me livre; Marina?
Não tem carisma; Ciro Gomes? Um louco desvairado; Dória? Talvez. Ou alguém da
velha guarda? Lula? Vou embora!
Mas aprendi nas eleições de 1986, onde meu candidato para
governador, Armínio de Moraes, perdeu de lavada para o Quércia; sou
minoria. Olhando de hoje, não consigo ter nenhuma ideia e isso me preocupa.
Talvez por conta de tudo isso me sinto de certa forma
anestesiado, mecanismo que o nosso corpo usa para não sofrer com as situações
da vida. Mas sei que é temporário, por exemplo, minha indignação ao ver o Lula
no programa eleitoral do PT. Não aceito de forma nenhuma quem fica a seu favor,
e se tiver alguém ao meu redor, peço para não tocar nesse assunto.
Pode ser que daqui algumas semanas a vida volte ao normal e
essa situação seja “esquecida”. Com exceção das eleições diretas que, diga-se de
passagem, não tem nada de Constitucional, outra saída deverá acontecer, mas não
serei mais o mesmo; 2018 age como uma bomba relógio para mim.
Hoje foi publicado o IPCA-15 de maio, uma espécie de proxy
da inflação do mês, que será publicada no início de junho. O resultado continua
surpreendendo a todos, com uma variação de 0,24% no mês e de 3,8% em 12 meses,
a inflação está sob controle.
Como qualquer país normal, existem categorias que
subiram mais e outras que subiram menos. Nesse mês, os Alimentos que vinham
despencando alguns meses pressionaram um pouco com 0,42%, enquanto Habitação
subiu 0,15%. Um índice que espelha bem esse argumento é a difusão, que se
encontra em 56%, menores níveis históricos. Outro fator importante, a taxa dos
preços livres, praticamente igual ao índice total. Tudo tranquilo nesse front.
No final deste mês, o COPOM irá se reunir como programado.
Tenho visto alguns comentários que o BCB poderia recuar e diminuir o ritmo de
queda dos juros, atualmente em 100 pontos. Antes do evento da semana passada, o
mercado já dava como certo que esse nível passaria para 125 pontos e alguns
acreditavam em 150 pontos. Agora vejo alguns que consideram uma redução para 75
ou até 50 pontos. Na minha opinião vai manter a queda de 100 pontos, o que traria a taxa SELIC para 10,25% a.a. Ainda um juro
cavalar!
A discussão que acredito valida é em que nível o banco
central para. Anteriormente, falava-se em 8% a 8,5% a.a., agora isso pode
ser modificado, afinal, a reforma da Previdência não deve ser votada neste
governo. Mas até chegar nesse nível, a autoridade monetária tem 3 meses para
ver como a situação política se encaminha. Sendo assim, trabalho com mais uma
de 100 pontos na próxima reunião, daí em diante, nem com bola de Cristal!
Hahaha ...
No post a-Alemanha-entrou-no-vácuo-da-França, fiz os seguintes
comentários sobre o euro: ...” o rompimento da barreira de € 1,10. O próximo nível que
apresenta muito interesse será € 1,13. O gráfico a seguir tem uma visão de médio
prazo, e algumas hipóteses do que poderá acontecer com a moeda única são
traçadas” ...
O euro saiu da letargia e está ganhando mais destaque no
noticiário. Assim como o pássaro da mitologia Grega, Fênix, renasceu das
cinzas. O mais interessante é que foi empurrado para o ostracismo por quem deveria
mais preservá-lo, o ECB. Comandado pelo “mini” Mário, que buscou a todo custo
salvar o Club Med de sucumbir. Agora só falta vir a público e dizer que está
satisfeito com a evolução do euro, uma moeda forte!
O Mosca não está
nem aí para o que ele disse ou vai dizer, nós observamos o preço, e está
chegando a níveis interessantes. O gráfico a seguir é de longo prazo e nele traço
minhas principias ideias.
Como podem notar, o euro respeitou a linha verde inferior em
algumas ocasiões. Quando foi lançada no ano 2.000, 1€ valia US$ 0,85. Me
lembro bem dessa época, pois tinha uma posição importante. Demorou quase dois
anos para decolar, mas daí em diante subiu forte. Agora também tocou nessa reta
e no último mês vem apresentando uma alta mais consistente.
Calculo que o euro testará o nível de € 1,15, e é aí que a
grande batalha deve acontecer. Como apontei no gráfico acima, existem dois
caminhos possíveis:
A)
Meia-volta (A): O euro retoma seu caminho de baixa e
busca atingir a área ao redor de € 1,00.
B)
Deixa
comigo (B): Ultrapassa essa barreira e caminha para o nível de € 1,25. Se esse for
o cenário, muito importante será observar como chega até lá e se em seguida rompe esse
nível. Mas tudo isso é uma outra história para uma outra vez – era assim que
terminava meu programa infantil preferido.
Pode ser que estamos prestes a terminar o marasmo vivido
desde 2015, onde o euro não deu alegrias para nenhum trader. Como tudo na vida,
em algum momento as coisas mudam e talvez seja a hora da cambaleante
moeda europeia. Ou não, apenas um alarme falso!
O SP500 fechou a 2.398, com alta de 0,18%; o USDBRL a R$
3,2656, sem alteração; o EURUSD a 1,1177, com baixa de 0,53%; e o ouro a US$
1.250, com queda de 0,72%.
Fique ligado!
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