A última bala
Tenho que confessar, a situação política parece calam
demais. Com um Presidente que está se segurando a todo custo na sua cadeira,
fico pensando quanto tempo isso pode durar. Hoje saiu uma pesquisa apontando
que 80% da população o considera desonesto, além de seu índice de rejeição
barrar nos 70%, como pode estar tudo calmo.
Se ele quer ficar a todo custo existiria uma outra maneira
dele sair da presidência? A resposta é sim: através do TSE, ou mesmo um
processo de impeachment. No primeiro caso, caberia uma série de recursos caso a
chapa Dilma – Temer seja cassada, além de ser difícil imaginar o TSE derrubando
um Presidente; já no segundo caso, Rodrigo Maia, Presidente da Câmera dos
deputados é seu aliado. Se para tirar a Dilma, onde naquele momento Eduardo
Cunha tinha todo interesse em tira-la, demorou vários meses, imagino na
situação atual.
É verdade que existe uma outra forma que vislumbraria sua
saída, um clamor incontestável das ruas. Mas será que isso vai acontecer?
Se o país estivesse no piloto automático poderíamos até
imaginar 1 ½ de letargia, mas com uma recuperação econômica incipiente e uma
dívida pública crescendo de forma exponencial, as reformas são primordiais.
O governo de forma ingênua declarou que ou a reforma da
Previdência passa ou o país vai quebrar. Isso aconteceu em outro momento e
agora não dá para voltar atrás. Se for feito uma pesquisa com os investidores,
100% responderá que sem reforma o país vai para o buraco. Essa questão passa a
ser booleana, se passar tudo bem, senão sai da frente.
Vamos imaginar que Temer continue como poderíamos ficar
tranquilos? Novamente de forma desesperada, o governo revelou um plano B. Se a
reforma não passar no Congresso poderia editar uma Medida Provisória que teria
o efeito de jogar a decisão definitiva para 2021, mantendo até lá os níveis
atuais de déficit. Digo que foi desesperada pois se era sua carta na manga, não
era o momento de mostrar. Sendo assim, não imagino porque algum deputado
votaria a favor da reforma.
A estratégia de Temer é perigosa, mas receber o Joseley em
sua casa sem que passasse por um detector de metais também foi. O que poderia
estar a seu lado? A melhora da economia, que já começa a dar sinais nesse
sentido. Por exemplo, hoje foram publicados os dados de emprego, onde se nota
uma possível mudança de direção. O gráfico a seguir nota-se a queda no Pessoal
desocupado de 14,2 milhões para 14, 0 milhões.
Mas não dá para soltar rojões pois a taxa de desocupação
(razão entre o número de pessoas desocupadas – que busca ocupação e não
encontram – e o número de pessoas na força de trabalho) atingiu 13,6%,
levemente abaixo do trimestre anterior (13,7%). As projeções indicam que a
piora do mercado de trabalho encontrará o fundo do poço neste trimestre,
começando a melhorar na segunda metade do ano.
Outro fator que terá impacto na economia é a queda de juros.
Hoje o COPOM se reúne para baixar mais 100 pontos a taxa SELIC, pelo menos é o
que o mercado espera. Quero deixar registrado que eu eu imaginaria ser possível uma queda de 125 pontos. Os meus motivos são
os seguintes:
1)
Não existe inflação atualmente na economia: Uma
análise semanal nos vários itens que compõem o índice, nota-se variações
positivas diminutas, contraposto por quedas um pouco maiores. O IGPM está em
deflação nos últimos dois meses e é bem provável que o IPCA também será
negativo em junho.
2)
Atividade econômica ainda muito fraca.
3)
O mercado encararia de forma muito positiva o
movimento. O banco central daria um sinal inequívoco que os fundamentos econômicos
estão sólidos se sobrepondo aos problemas políticos.
Independentemente do que o BC fizer hoje, é esperado que a
taxa SELIC se estabilize ao redor de 8% a 8,5%. Antes do evento JBS falava-se
em 7% a 7,5%. Mesmo nesse novo nível esperado, vai gerar um alívio financeiro
enorme para as empresas, além de ‘empurrar’ os investidores para os ativos de
risco.
A última bala no gatilho do Temer é a economia. Mas não só
dele, também dos candidatos pró governo como o PSDB. Agora, se por algum motivo
ele não permanecer na Presidência, quem teria interesse de pegar esse abacaxi
por tão pouco tempo? Só me vem um candidato a mente: Lula, faz qualquer coisa
para sair da mira da lava jato.
No post fora-jbs, fiz os seguintes comentários sobre o
SP500: ...”
sugiro a compra do SP500 da seguinte forma: ½ a 2.340 e ½ a 2.325, com um
stoploss a 2.295. Minha proposta contempla um risco de 1,6% para buscar o nível
mínimo de 2.450, que resultaria num ganho de 5%” ...
Mas não aconteceu essa oportunidade, uma vez que, o mercado
subiu desse dia em diante, rompendo a barreira dos 2.400. Desta forma, esse
trade foi cancelado. Esse mercado vem mostrando alguns sinais de cansaço. Isso
por si só, não é suficiente para que se tome uma posição, que nesse caso seria
a de venda, mas é importante para quem tem posições compradas. Se esse é o seu
caso, sugiro ir apertando os stoploss de forma sistemática.
Ainda acredito que o nível de 2.450 será atingido. Daí em
diante mais cautela ainda. Para quem tem posição poderá adotar uma das
seguintes decisões: a) vender tudo e observar; b) manter e subir o stop; c)
qualquer situação intermediária, vendendo parte da posição e mantendo o
restante. Não tem uma regra melhor, só se sabe ex-posti.
Sobre o mercado acionário gostaria de acrescentar uma
ilustração bastante interessante. Abaixo encontra-se a evolução do SP500 e do
SP500 sem as principais ações da área de tecnologia (Apple, Facebook, Amazon,
Microsoft e Google). Essas ações, na proporção do SP500, foram responsáveis por
metade da performance enquanto todas as outras 495 empresas pela outra metade
(aproximadamente). Conclusão: O melhor teria sido comparar a carteira FANG –
inicias das empresas de tecnologia – e pronto. Incrível!
O SP500 fechou a 2.411, sem variação; o USDBRL a R$ 3,2357,
com queda de 0,67%; o EURUSD a 1,1231, com alta de 0,45%; e o ouro a US$ 1.268,
com alat de 0,45%.
Fique ligado!
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