É bom ser devedor?
Hoje vou falar um pouco de dívidas e começo com uma
pergunta: Você pagaria 1.000% de juros? Naturalmente, são necessários alguns
esclarecimentos adicionais. O ponto principal dessa pergunta é que não se
refere a um pais que se encontra em hiperinflação. O objetivo é usar esse
dinheiro para um negócio certeiro que vai gerar um lucro mínimo de 20%.
Minha resposta é: depende; se eu precisar somente por um dia,
eu tomaria emprestado, e seu custo seria de 1%. Entretanto, com esta taxa
absurda, se for por um mês já não vale a pena. E se os juros fossem de 15% a.a.
para ir jogar no Cassino? Eu não aceitaria o empréstimo, pois como o resultado
desse empréstimo depende de sorte, posso perder todo o dinheiro e não teria
como recuperar.
Esses exemplos simples tem o intuito de ilustrar que nem
sempre é óbvia essa pergunta.
Os EUA têm se tornando um grande devedor de outros países,
comparado ao que fornece de empréstimos. O que os americanos tomam emprestado para financiar sua Balança Comercial, está levando-o para o
buraco.
Alguns economistas acreditam que a administração Trump terá
que desvalorizar o dólar a fim de diminuir o déficit comercial.
Os estrangeiros que detêm títulos americanos, como bonds do
tesouro e de companhias, ultrapassam o que os americanos possuem em obrigações
estrangeiras num montante de US$ 8,4 trilhões, segundo um relatório publicado
pelo Bureau of Economic Analysis. Esse montante corresponde a 45% do PIB. Sua
projeção é de que atinja 53% em 2021, porém poderá se acelerar caso a administração
do Trump decida cortar impostos e o Congresso resolva expandir seu déficit
orçamentário.
Os EUA estão se aproximando de uma zona que poucos países
conseguiram sobreviver incólume. Segundo Gagnon, nenhuma economia de um tamanho
médio teve um déficit acima de 60% sem uma grande reversão na sua Balança
Comercial, normalmente acompanhada de um severo stress financeiro.
Empréstimo não é necessariamente um problema, especialmente
se um país tem muitos recursos naturais. Porém, uma parcela substancial do
empréstimo americano é para financiar consumo ao invés de investimentos que
poderiam elevar sua expansão econômica.
Uma vantagem que os americanos possuem é o fato do dólar ser
uma moeda universal. Isso implica que não teriam uma corrida nas suas reservas,
caso os estrangeiros decidam sair desses títulos.
Segundo as contas do Ganon, para que a dívida se
estabilizasse ao nível de 50% do PIB, o déficit comercial deveria ser reduzido
dos atuais 4% para 2%, o que ocasionaria uma desvalorização do dólar de 14%.
Porém, o governo Trump diz que pretende cortar seu déficit através de melhores
negociações com outros países, incluindo elevar as tarifas e restrições de
investimento.
Um país não quebra diferentemente das empresas. Mas pode ter
várias consequências quando seus credores começam a desconfiar que uma crise se
aproxima. A maneira clássica de se resolver um problema de dívida é através da
desvalorização da mesma. Essa desvalorização pode ser feita por meio de uma
renegociação forçada, isso se resume a troca dos títulos existentes com um
corte em seu valor (caso Grécia), ou através de inflação mais elevada que acaba
tendo um efeito semelhante.
Será que vou ver isso acontecer nos títulos em dólar
enquanto estiver vivo?
Já que o assunto é dívida, a figura abaixo contém diversas
informações sobre o assunto. Na parte superior, a emissão de dívidas
denominadas de High Yield em comparação aos anos anteriores; a evolução das
taxas em relação aos juros dos títulos americanos; na parte inferior, a percentagem
desses títulos que entram em default (notem que se espera uma queda); e por
último, as maiores emissões em 2017.
No post espetacular, fiz os seguintes comentários sobre
o ouro: ..."
a) Se o ouro continuar a subindo e não tocar no US$ 1.230, ao romper US$
1.265 no fechamento, fica acionado a compra com um stop a US$ 1.230” ...
Esse acaba sendo mais um caso de como a disciplina é
importante. Eu grifei a condição para iniciar o trade, o preço estar acima de
US$ 1.265 no fechamento.
No gráfico acima apontei a última sexta-feira com uma flecha
verde. Nesse dia, o ouro atingiu a máxima de US$ 1.270 e se não tivesse
colocado a ressalva, teríamos comprado. Acontece que durante o dia, o metal recuou
e acabou fechando quase nas mínimas, a US$ 1.250. Ontem, o ouro ameaçou cair e
chegou a ser negociado a US$ 1.247; porém, notem que não violou a reta verde,
fechando praticamente no mesmo nível da abertura a US$ 1.254.
Hoje, o ouro rompeu de forma definitiva o nível de US$ 1.265
e encontra-se no momento a US$ 1.272, o que ativou a sugestão de compra que
sugeri.
Eu acabei relatando em detalhe pois queria frisar que o
movimento da última sexta-feira poderia ser um false break, onde o ouro retornaria até o nível de US$ 1.200. Mas
acabou não acontecendo e o mesmo resolveu dar meia volta e subir. Essa
flexibilidade é fundamental para quem decide usar a análise técnica. Pouco
importa as suas convicções baseadas em fundamentos se o mercado ruma noutra
direção.
Se você não se adaptar vai perder dinheiro e ficar p#&o da vida!
Você aprende as ferramentas de análise, faz as suas
premissas e coloca ficha na mesa. Se estiver certo, vai ganhar; se estiver
errado, vai cair fora rapidinho. A diferença entre essas situações é que seu
ganho por trade será significativamente superior à sua perda. E, por último, se
precisar inverter o trade completamente, baseado nos fundamentos técnicos, por
que não o fazer?
O SP500 fechou a 2.353, com queda de 0,14%; o USDBRL a R$ 3,1411, com alta de 0,32%; o EURUSD a 1,0605, com alta de 0,11%; e o ouro a US$ 1.272, com alta de 1,45%.
Fique ligado!
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