C'est la folie!
Quando eu trabalhava no Banco Francês e Brasileiro, costuma
ouvir o termo em francês C’est la folie.
Inicialmente, numa tradução chutada, concluía ser algo relacionado a uma folia,
farra. Porém as situações não condiziam com essa interpretação, foi quando
resolvi perguntar seu significado: Isso é uma loucura!
Os franceses estão há poucos dias de sua eleição para
Presidente e um resultado diferente do que o esperado pelos investidores poderia
colocar muita pressão nos mercados financeiros, como foi o caso recente do
Brexit. As últimas pesquisas indicavam um segundo turno entre a candidata de
direita Marie Le Pen contra o candidato de centro Macron. Mas nesse final de
semana, as pesquisas apontam mais um candidato com chances de mudar esse
cenário. Desta vez surgiu o político de extrema esquerda, Jean-Luc Melechon com
possibilidades de ir ao segundo turno.
Com essas últimas informações a situação passa a ser: Marie
Le Pen e Macron com 24% cada, Melechon e Filon com 18% cada. Esse quadro não
poderia ser mais indicativo da insatisfação vivida na França, bem como as
alternativas propostas pelos candidatos. Pode-se dizer que persiste um empate
generalizado entre eles, com uma pequena preferência para o primeiro grupo. Contudo, dá para confiar quem estará no segundo turno? Sinceramente,
depois dessa nova pesquisa, eu não me arrisco.
Então apela-se para a estatística com uma análise par a par.
Não precisa ser um cientista político para concluir que, um segundo turno entre
Le Pen e Melechon seria ruim para o mercado, e como polo opostos não se atarem,
extrema direita ou extrema esquerda, causariam um grande estrago ao mercado.
Nesse momento, prefiro não me aventurar nessa análise de qual seria o menos
pior, mas a frase, que agora já conheço seu significado, se aplica
perfeitamente as eleições francesas; C’est
la Folie!
Está semana se comemora a pascoa e os mercados
internacionais e locais estarão fechados na sexta-feira, embora nesse dia, será
publicado os dados de inflação nos EUA. O hard
data continua se deteriorando em detrimento do soft data, e o diferencial entre eles fica cada vez mais gritante.
O gráfico a seguir espelha a evolução entre ambos.
Com as recentes publicações da fraca venda de automóveis e
dos dados de emprego, o PIB calculado pelo FED de Atlanta teve uma queda de
0,4% situando-se agora em 0,6% para o 1º trimestre deste ano. No final de abril
o governo americano publicará o resultado oficial desse indicador e imagino que
se estiver próximo do número apontado pelo FED de Atlanta o impacto deverá ser
bem negativo para os mercados. Creio que nenhuma desculpa atribuída a esse resultado será convincente. Esse é mais um risco aos muitos que
estão por aí.
O crédito é fundamental no estágio atual das economias
mundiais, uma retração não seria nada bem-vinda. Um acompanhamento global desse indicador
feito pelo banco UBS, apresenta uma queda expressiva nos últimos 12 meses. A
ilustração a seguir deixa claro que o maior responsável foi a China. Por um
lado, muitos analistas se colocavam muito céticos em razão da qualidade dos
empréstimos nesse país e recomendam uma limpeza dos balanços dos bancos
anotando como perda os que se enquadrassem nesse caso. Por outro lado uma
retração por parte dos investidores poderá desencadear uma recessão indesejada.
Embora tenha sido publicado na última sexta-feira vale um
comentário adicional sobre o IPCA de março. Sua variação foi de 0,25% no mês,
levando sua taxa em 12 meses para 4,57%, ficando agora dentro da meta
estabelecida pelo banco central brasileiro. A tabela a seguir mostra os
destaques onde eu enfatizo os preços livres que apresentou uma variação
semelhante ao índice geral e uma pequena elevação na difusão no mês.
O COPOM se reunirá nesta quarta-feira e espera-se uma redução
da taxa SELIC em 100 pontos passando de 12,25% a.a. para 11,25% a.a. Existem
todas as condições para que esse processo de redução se acelere, mas acredito
que o banco central quer ter mais segurança em relação a reforma da previdência, razão pela qual, optou por um caminho mais lento para colocar a taxa
ao nível de 8,5% a.a., segundo as estimativas da Rosenberg.
É interessante que alguns países emergentes se encontram em
situação semelhante, ou até pior que a brasileira como a Rússia, em termos de
inflação. O gráfico a seguir mostra uma situação sui generis, parecendo que de
uma forma uníssona todos estão num processo de desinflação. Será que combinaram
literalmente com os Russos? Hahaha ...
No post china-pega-o-vácuo, fiz os seguintes comentários
sobre o dólar:
...” um rompimento do nível de R$ 3,06 vai abrir a porta para nós, e abaixo de
R$ 3,03, escancara! Pode ser que, o dólar ainda fique por mais algum tempo em
cima desse número mágico de R$ 3,11, mas não deveria ser por muito tempo” .... No
gráfico abaixo, extraído da publicação mencionada, coloquei duas hipóteses para
o movimento desejado, e parece que a verde ganha mais crédito.
Passado uma semana, a configuração de triângulo parece estar
se formando. Não custa repetir que nessas circunstâncias (67%), o triângulo tende a
romper na direção que prevalece, neste caso para baixo, e 33% em sentido
inverso.
-David, isso parece
que deve acontecer rapidinho.
Faço uma associação do triângulo com a das serpentes, pois o
mercado tende a traçar um movimento como a cobra. Entretanto, pode ser tão
traiçoeiro como ela, e ao invés de seguir seu caminho pode te dar uma mordida.
Assim, não se consegue fazer uma previsão nem do tempo que vai durar nem do
sentido. A única coisa que temos a nosso favor é a estatística cuja a
probabilidade nos favorece.
O SP500 fechou a 2.357, sem alteração; o USDBRL a R$ 3,1311, com queda de 0,46%; o EURUSD a 1,0593, sem alteração; e o ouro a US$ 1.255, sem alteração.
Fique ligado!
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