Influência do passado


O ser humano consegue se adaptar ao meio ambiente desde que não sejam em condições extremas. O mundo vive há quase uma década com muitos dilemas, tanto sociais quanto políticos, sendo seguramente o baixo crescimento o fator predominante. Mas, como tudo na vida, as coisas mudam e é isso o que comenta a última reportagem da revista Economist. Seu título já diz tudo: A economia mundial vislumbra uma ascensão sincronizada.

Segundo essa reportagem, desde um pequeno soluço em 2010, os motores da América, Europa, Ásia e os mercados emergentes, estão funcionando em conjunto. Entretanto, uma rebelião política, nutrida por baixos crescimentos econômicos está se espalhando. Globalização está fora da moda.

Essa dissonância é perigosa. Se os políticos populistas ganham crédito, tal qual Trump, suas políticas ganharão credibilidade, com efeitos potenciais desatadores.

Transcrevo a seguir alguns trechos do referido artigo.

...”A última década foi marcada por falsas alvoradas, nas quais o otimismo no início de um ano foi anulado - seja pela crise do euro, oscilações nos mercados emergentes, o colapso do preço do petróleo ou o receio de um colapso na China. A economia americana continuou crescendo, mas sempre contra o vento” ...

...”Agora as coisas são diferentes. Esta semana, o Fed elevou as taxas pela segunda vez em três meses - graças em parte ao vigor da economia americana, mas também por causa do crescimento em outros lugares. Os receios sobre o excesso de capacidade chinesa e de uma desvalorização do yuan recuaram” ...

...” Mais importante ainda, a ascensão não tem nada a ver com o nacionalismo econômico do primeiro-ministro "Trump"....

Essas opiniões vêm de encontro com meu ponto de vista que tenho compartilhado aqui. Naturalmente, um artigo da Economist projeta uma dimensão maior nesse assunto. Mas meu objetivo secundário é analisar a reação das pessoas a esse possível cenário. Talvez a situação no Brasil seja particular, pois além da recessão brutal que passamos, as revelações de corrupção generalizada criam uma descrença contra qualquer melhora. E é sobre isso que desejo ressaltar.

Em conversa com economistas de renome, suas opiniões são que nunca em sua história profissional o Brasil esteve numa situação tão favorável como a atual. As conquistas que Temer obteve na passagem da PEC podem dar um outro rumo as contas públicas. Naturalmente, a reforma da Previdência tem que passar sem grandes mudanças, porém eles acreditam que Temer possui uma boa ascensão e controle sobre o Congresso.

Já no campo econômico, a nova equipe está implementando as medidas necessárias a restaurar a normalidade nos negócios. Os dados mais recentes projetam uma melhora em alguns setores e um estancamento na queda vertiginosa dos últimos dois anos, em outros. No emprego, no mês passado, pela primeira vez em muito tempo, houve a criação líquida de postos de trabalho. A inflação caminha para o centro na meta de 4,5% e já se vislumbra em algum momento deste ano, que a mesma atinja níveis abaixo de 4%, devendo se estabilizar próxima deste patamar.

Porque então os empresários continuam tão céticos? Em finanças comportamentais existe um efeito denominado de Efeito de Recência que ocorre da nossa tendência a dar um grande peso aos últimos eventos, ao invés de pesar o que outros dados apontam, mesmo que, esses dados serem tão ou mais importantes. Tal descrença foi originada por esse largo período onde notícias locais estavam concentradas em coisas ruins, e é isso que tem pesado para tamanha descrença.

Se o Economist estiver certo, e estamos entrando num momento de crescimento sincronizado na maioria dos países, os receios de deflação devem ser substituídos por uma vigilância maior na inflação. Não se pode perder de vista as políticas expansionistas de quase todos os bancos centrais, onde alguns deles como o BCE e BOJ ainda praticam taxas de juros negativas. É bom que esses últimos acordem logo, para evitar o problema oposto de superinflação.  Acredito que o tema do Mosca para 2017 é extremamente oportuno: “Inflação: A Revanche! ”

Um gráfico interessante mostra como o emprego vem se recuperando ao redor do mundo, sem que haja uma correspondência nos aumentos de salários. Vários podem ser os motivos, onde certamente os avanços tecnológicos tem um peso importante.


No post deu-y-de-novo, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” minha sugestão de trade a seguir deva ser entendida como uma indicação de longo prazo. Na verdade, é apenas um trade especulativo, de curto prazo.  A orientação é comprar a 1,0710 e usar como stoploss 1,0520. Meu objetivo será algo em torno de 1,095, mas vou definir mais adiante”...


Hoje o euro busca romper a barreira de 1,0830, um nível que se ultrapassado deverá ativar várias ordens de stoploss, além de engajar novas ordens de compra da moeda única. Meu target inicial é ao redor de 1,095 – 1,10. Provavelmente vamos realizar no mínimo parte da posição, se chegar lá, é claro.

O que venho notando é que parte dos analistas está concluindo que o ECB terá que mudar sua política monetária, pois a Europa não está mais a beira do precipício e, ao contrário, pode começar a crescer de forma mais saudável. Só o seu Presidente, Mario Draghi, não vê desta forma, talvez influenciado por suas raízes italianas!


Com esse cenário, não faz sentido continuar com a posição vendida de ouro. Estou liquidando aos níveis atuais de US$ 1.240; realizando um pequeno prejuízo. Parece que estamos entrando num mini ciclo de dólar em baixa.

O SP500 fechou a 2.344, com queda de 1,24%; o USDBRL a US$ 3,0840, com alta de 0,39%; o EURUSD a 1,0812, com alta de 0,70%; e o ouro a US$ 1.245, com alta de 0,97%.
Fique ligado!

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