Carne para o povo


Na última sexta-feira foram publicadas as contas cambias brasileiras. Como vem ocorrendo nos últimos meses a posição se encontra firme num nível bastante confortável. No mês, o déficit foi de US$ 935 milhões, quando comprado em 12 meses o mesmo atingiu US$ 22,8 bilhões (1,24% do PIB).

O maior destaque continua sendo a entrada de investimentos diretos cuja cifra atingiu US$ 5,3 bilhões, acumulado US$ 84,4 bilhões, o que demonstra o elevado interesse dos estrangeiros no Brasil.


O desempenho das três grandes contas foram:

Balança comercial: Um superávit recorde de US$ 4,4 bilhões, fruto de um aumento nas importações e exportações, mais intenso nesta última. A expectativa de uma safra agrícola recorde em 2017, aliada a uma recuperação esperada nos preços da commodities, vislumbram um saldo da ordem de US$ 60 bilhões para o corrente ano, segundo as projeções da Rosenberg.

O gráfico a seguir mostra a espetacular recuperação das contas comerciais brasileiras quando comparados a seus pares da América Latina


A reação recente dos países importadores de carne brasileira, suspendendo seus embarques até que exista uma explicação melhor da operação carne fraca, causou uma certa inquietação às empresas que participam desse segmento, e que possuem em sua grande maioria alguma acusação. Neste final de semana, a China anunciou a retirada de seu embargo já a partir de hoje. Uma razão muito importante na rapidez desse país, é resultado da grande dependência dos nossos produtos como se pode verificar a seguir.


Caso a China não tivesse agido prontamente, faltariam esses produtos em seu país. Seria praticamente impossível encontrar um outro fornecedor no curto prazo. Parece que a grande trapalhada da Polícia Federal, que deve ter confundido corrupção com má prática de produção, deve se normalizar em breve.

Conta de serviços: registrou despesas líquidas de US$ 2,4 bilhões no mês e US$ 32 bilhões em 12 meses. Um acréscimo marginal nas despesas de viagens internacionais para US$ 800 milhões e um pequeno decréscimo na conta de alugueis, colocam essa rubrica num patamar estacionado ao redor de US$ 32 bilhões.

Contas de rendas: As despesas líquidas atingiram US$ 3,1 bilhões (US$ 42 bilhões em 12 meses). Com remessas de lucros de US$ 2,5 bilhões, ainda permanecem em patamar baixo, em função da forte retração vivida no último ano.

O investimento em carteira apresenta um resultado dispare em relação ao que se poderia esperar. Com taxas de juros estratosféricas, observou-se uma saída de US$ 1,8 bilhão em títulos de renda fixa, que foi contraposto por uma entrada de US$ 800 milhões em ações e uma leve saída nos fundos de US$ 150 milhões, acarretando um saldo líquido de US$ 1,1 bilhão. Para mim é um mistério!


As reservas internacionais encontram-se estatísticas ao redor de US$ 375 bilhões, sendo o principal motivo da razoável estabilidade vivida nos momentos críticos em 2016. Agora, com diminutas posições em swaps cambias, é mais um fator de tranquilidade para o mercado. Outro destaque é o total da dívida externa brasileira, cujo estoque vem diminuindo, e se encontra a US$ 315 bilhões. Ou seja, o Brasil é liquidamente um credor internacional.

No post influência-do-passado, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” o euro busca romper a barreira de 1,0830, um nível que se ultrapassado deverá ativar várias ordens de stoploss, além de engajar novas ordens de compra da moeda única. Meu target inicial é ao redor de 1,095 – 1,10” ... E hoje isso acabou acontecendo de uma forma mais decisiva.

No gráfico a seguir, encontra-se uma visão de mais curto prazo, onde se encaixa o target traçado acima.


Ao se observar o gráfico de mais longo prazo outras hipóteses podem surgir, das quase destaco as duas mais importantes:

1)      Correção mais “enjoada” – Neste caso, depois de ultrapassar o nível de 1,10, o euro poderia se aventurar entre 1,11 a 1,15. Porém depois de atingir algum nível dentro desse intervalo, a moeda única efetuaria meia volta e rumaria para a paridade ou abaixo dela.


2)      Rumo ao Norte – Nas projeções de final de ano, e especificamente no post euro-uma-ideia-de-jerico, fiz as seguintes observações: ...” eu projeto que o euro vai reverter em algum momento, ou seja, voltara a subir. A moeda única se encontra em seu último estágio de queda, frisando que essa é uma afirmação com uma visão de longo prazo. Aviso aos navegantes, vamos comprar euro em algum momento, e ele vai subir bastante”...


Na verdade, não acredito que esse momento já chegou, a possibilidade mais provável e essa correção até 1,095 – 1,10.

- David, é por que coloca essas outras elucubrações?
Para que não se perca a ideia de longo prazo, principalmente em casos onde o movimento que predomina começa a se exaurir. Mas não precisa se preocupar pelo momento, mesmo que o cenário 2 seja o que está vigorando, ainda vai demorar muito tempo. Por enquanto ficamos com o nosso básico.

O SP500 fechou a 2.341, com queda de 0,10%; o USDBRL a R$ 3,1261, com queda de 0,60%; o EURUSD a 1,0861, com alta de 0,58%; e o ouro a US$ 1.253, com alta de 0,80%.
Fique ligado!

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