Quem tem medo de bicho papão?
A professora Yellen disse ontem ao comitê econômico do
Congresso que ficará em seu cargo até janeiro de 2018 e que não tem medo de
bicho papão, quando afirmou que não se intimida com o novo governo. Com o nível
muito próximo do pleno emprego, ela aconselhou Trump e o líder dos Republicanos a
serem cautelosos em afrouxar a política econômica através de cortes de impostos
e elevações de despesas.
... “Quando tivermos uma maior clareza sobre as políticas
econômicas que podem ser implementadas, o comitê levará em consideração os
impactos no emprego e na inflação, e talvez, ajustaremos nossas projeções” ....
Outros membros do FED disseram que esperam elevar as taxas de juros mais rápido
do que o previsto, se o Congresso aprovar estímulos para a economia.
Yellen acrescentou que, com uma dívida aproximada de 77% do
PIB, não existe muito espaço fiscal caso ocorra um choque na economia; um
choque adverso que necessite de estímulo fiscal. Reforçou ao novo Presidente e
congressistas para focarem seus esforços em medidas que aumentem a
produtividade ... “excepcionalmente muito baixa” ..., variável crítica para o
bom estado da economia no longo prazo.
E, por último, frisou que o mundo viveu numa crise
devastadora em 2008 e muito das reformas apropriadas foram incorporadas na
regulamentação conhecida como Dodd-Frank ... “Eu não gostaria de ver um
retrocesso, uma vez que, ela é importante em diminuir a chance de uma outra
crise financeira” ...
Yellen tocou em todos os pontos onde Trump disse ter
intenções de mudanças, deixou claro que não é favorável. Parece difícil que ela
seja apontada novamente ao cargo após o término de seu mandato, porém até lá
seriam 12 longos meses. Imaginando isso, sente-se segura de colocar suas crenças
sem receio das consequências. Do lado de Trump, nunca antes um Presidente do
FED foi “convidado” a se retirar antes do prazo e não seria lógico que
acontecesse agora. Mas Trump é Trump, e com ele tudo é possível. Este será mais
um assunto que teremos de aguardar sua posse.
Ontem foi publicado o CPI americano e o resultado ainda
mostra estabilização. O índice core foi
de 1,64% a.a., enquanto o que exclui combustível e alimentos ficou em 2,14%
a.a.
É interessante que a diferença entre os dois é causada pela
deflação nos preços dos alimentos, uma vez que os combustíveis têm subido em
função da alta do preço do petróleo.
Um dos fatores que assustavam o mundo recentemente era a
exportação de deflação vinda da China com queda nos preços dos produtos que
exportava. Mas, esse receio parece retroceder, visto que os preços das indústrias
mostram um sinal de alta depois de muitos meses flertando com índices
negativos.
O governo Chinês tem aproveitado a confusão trazida pela
eleição americana para lentamente desvalorizar a sua moeda. Comentei
anteriormente que as cotações do Yuan na região entre 6,70 – 6,90 podem ter um
impacto tecnicamente importante. A cotação atual de 6,88 está no limite do
intervalo estabelecido durante a crise de 2008. Caso seja rompido, poderá gerar
muitas ordens de stoploss. Vale um acompanhamento constante, pois já é sabido
que existe um forte fluxo de saída em curso oriundo dos chineses
Um dos veículos usados pelos chineses para trocar sua moeda
é o Bitcoin, o gráfico a seguir mostra essa tendência, pois numa situação
normal a cotação do Bitcoin deveria estar caindo, em decorrência dela ser
considerada um refúgio às manipulações de moeda feitas pelos bancos centrais e
que, nesse momento, a esperada alta dos juros americanos pesariam contra ela.
No post desafiando-o-mosca, fiz os seguintes
comentários sobre o Bovespa: ...” se o índice ultrapassar 65.200 de uma forma consistente,
vamos comprar, com as ressalvas que explicarei se acabar acontecendo; segundo,
uma queda abaixo de 61.500, onde a correção ganha mais credibilidade. Será
necessário avaliar se é uma correção pequena, média ou grande” ... Desde essa atualização o Bovespa, que
estava na eminência do ultrapassar o nível de 65.200, retrocedeu e parece que a
alternativa de correção ganhou credibilidade.
Por outro lado, não consigo ainda responder que tipo de
correção se desenha: pequena, média ou grande. O máximo que consigo neste
momento é traçar alguns níveis de acompanhamento.
Pequena (1) – Nesse caso é possível que o Bovespa atinja o nível
de 57.000 e em seguida reinicie um movimento de alta. Já deixo esclarecido que não
vou comprar nessa situação, pois acho o cenário pouco provável. Mas como tudo
pode acontecer, se isto acabar ocorrendo, vou comprar quando romper os
65.200.
Média (2) - Esse é o cenário que eu trabalho no momento, uma
queda entre 54.000 – 51.000, aí sim vou arriscar uma compra com stoploss ao
redor de 48.000. Mas, caso isso se concretize, ainda deverá demorar
algumas semanas até atingir esse intervalo.
Grande (3) - Abaixo de
51.000 e principalmente 48.000, o Bovespa entra numa zona perigosa, pois pode
ser uma correção média estendida ou o prenuncio de uma mudança total de rumo.
Nessa situação vou ficar de espectador.
Perigo – Entre 37.000 e 43.000 eu já vou estar pronto para
mudar minha projeção de continuidade de alta para reinício da baixa que prevalecia
até o início deste ano. Outro dia, estava observando o Bovespa numa janela de
mais longo prazo e observei um indicador que chamou minha atenção, e faria todo
sentido nesse caso. Mas, é só um indicador que não é decisivo neste
momento. Fica anotado.
Ainda não sei qual será o tema do Mosca para 2017, talvez seja um ano com maior grau de incerteza nos
mercados internacionais. Ainda tenho algum tempo para refletir no assunto.
O SP500 fechou a 2.181, com baixa de 0,24%; o USDBRL a R$ 3,3825, com queda de 1,03%; o EURUSD a 1,0592, com queda de 0,31%; e o ouro a US$ 1.208, com queda de 0,19%.
Fique ligado!
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