Mudança de 360º
Eu costumo brincar que quando uma situação se altera radicalmente
é porque passou por uma "mudança de 360°". Como pego a pessoa de surpresa ela fica
alguns segundos pensando se a frase está correta ou eu me enganei. Talvez meu
objetivo seja exatamente este, de provocar. Acredito que essa minha frase possa
se aplicar as perspectivas da economia americana; e porque não dizer das
economias ocidentais.
Nos últimos dias, ao invés de receios de recessão,
depressão, deflação, entre outros; só se fala em crescimento, elevação de juros
e inflação crescente. Será que uma economia pode virar no grito? Claramente não.
Talvez esse crescimento que se vislumbra agora já estava acontecendo, entretanto,
os analistas ainda guardavam lembranças do passado. Segundo Nietszche tudo tem que ter uma
explicação, o motivo dado é a vitória de Trump, que ironicamente, iniciou
esse processo.
Um bom sociólogo ou cientista político poderá explicar o que
efetivamente ocorreu, mas para o Mosca isso
não é importante, mas sim suas consequências. Também se fala que as prováveis
medidas a serem implementadas pelo novo Presidente americano terão duração
curta, mas isso vou deixar de lado, pois não sabemos nem se ele vai colocar em
prática o que prometeu.
Ontem foi publicado a revisão do PIB americano do 3º
trimestre e o resultado foi muito bom, o esperado era de 3% e o publicado foi
de 3,2%. Como se pode ver a seguir, a recuperação da economia vem acontecendo
desde do início do ano.
Contrapondo minha hipótese, uma pesquisa realizada com
economistas aponta a recessão americana como o principal risco para o próximo
ano. Não sei se foi elaborada antes dessa onda de otimismo.
Já Goldman Sachs, através de modelos proprietários, também
calcula a probabilidade da economia americana entrar em recessão. Seus
resultados, como se pode verificar a seguir, é de uma chance baixa no
curto prazo e pequena (<30%) daqui a 2 anos.
Diz-se que as surpresas acontecem de onde você não espera e,
para mim, a China ainda é o maior candidato nesse quesito. Algumas coisas
estranhas têm acontecido por lá, como, por exemplo: A moeda chinesa, o Yuan, desvalorizou-se
5 % nos últimos 6 meses; a saída de capitais está crescendo através dos
residentes. No 3º trimestre subiu para US$ 207 bilhões, quando comparados a US$
99 bilhões no trimestre anterior, e mesmo com a desvalorização da moeda, suas
exportações não estão crescendo. Em outubro, a queda foi de 7,3% medida em 12 meses. O
gráfico a seguir dá uma boa dimensão do fluxo de saída de dólares.
O governo Chinês impôs uma série de controles para
quem enviar recursos ao exterior acima de US$ 5 milhões; isso é válido para
quem deseja mandar e para quem já mandou. É difícil de imaginar que uma medida
como essa possa ter efeito numa economia desse tamanho e complexidade. Uma
alternativa a essas medidas, caso não sejam eficientes, seria a implantação de
um regime flutuante de câmbio, o que parece ser uma ferramenta a ser usada em
último caso.
Será que o mundo está olhando para o lugar errado?
Nenhum dos mercados que acompanho tem novidades muito
diferentes das que eu já comentei aqui. Por outro lado, algumas correções que
eu aguardo no Bovespa, juros de 10 anos, ainda não se materializaram, sendo assim
escolhi esse último. No post fazemos-qualquer-negócio, comentei: ...” A linha verde
traçada desde o início da queda de juros na década de 80, conteve as várias
idas e vindas, porém sempre com uma tendência de queda. Como podem observar
essa linha foi rompida neste mês. Já a linha rosa, que contem movimentos mais
curtos, o mercado está testando o ponto de tangência. Os indicadores de
momentum ainda balizam alta, com um sinal de curto prazo apontando uma
pausa”...
A análise num gráfico de curto prazo mostra a dificuldade,
pelo menos temporária, desse ativo ultrapassar o nível de 2,40% - 2,45%. Esse
nível é de real importância do ponto de vista técnico, pois, se ultrapassado,
não existe grandes obstáculos até a marca de 3,0%.
Na próxima sexta-feira serão publicados os dados de emprego. Hoje como de costume, o ADP publicou um nível de contratação de 206 mil, resultado acima do que o mercado esperava (146 mil).
Não acredito que o resultado oficial possa afetar muito o
mercado, a não ser que seja muito diferente do esperado – 170 mil. Desta forma,
fico de espectador nos juros de 10 anos, aguardando um melhor momento para
entrar com um trade acreditando que os juros irão subir.
O SP500 estava (*) a 2.201, com queda de 0,15%; o USDBRL a R$ 3,3850, com queda de 0,34%; o EURUSD a 1,0597, com queda de 0,48%; e o ouro a US$ 1.174, com queda de 1,19%.
Fique ligado
(*) - 18:00 hs.
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