Fazemos qualquer negócio


Em dias de feriado como hoje , e especialmente o de Thanksgiving, os mercados que permanecem abertos tem baixa liquidez. Todos estarão aguardando amanhã, a divulgação das primeiras expectativas de vendas, da liquidação mais esperado do ano o Black Friday, que agora se tornou global. Assim, os assuntos de hoje são mais de interesse geral.

Para quem assistia ao programa a escolinha do professor Raymundo deve lembrar-se do personagem Samuel Blaustein, que costumava dizer “fazemos qualquer negócio” ou “ melhor zero na nota que prejuízo no bolso”. Parece que uma empresa mexicana aderiu ao lema desse personagem, ao oferecer a Trump ajuda na construção no seu “grande, bonito e potente muro”.

O Presidente da Companhia CCC – Grupo Cementos de Chihuahua, Enrique Escalante, disse ...“Nós não podemos escolher o cliente, somos um importante produtor nessa área e temos que respeitar os clientes em ambos os lados” ... ...” Para os negócios nós estamos incluidos, Trump é um candidato que incentiva bastante a indústria” ... O que eu poderia aconselhar ao Sr. Escalante é que caso consiga o contrato do governo americano, inclua na proposta, sua cidadania americana, pois será mais seguro ele ficar do lado de lá do muro!

Uma outra consequência da vitória de Trump foi a quebra da correlação entre os ativos. Em diversas ocasiões eu frisei que a elevada correlação dos mercados não permitia um princípio básico de alocação de portfólio, o qual seja,  não colocar todos os ovos numa mesma cesta. Parece que nesse ponto a vitória do troglodita – gostei, vou me referir a Trump dessa forma, ocasionou algo de positivo.

O gráfico a seguir mostra a correção implícita entre todos os ativos, que após as eleições passou de uma elevada correlação para quase sem correlação. Antes do resultado das eleições, os investidores para se protegerem realizaram operações de proteção em índices correlatos ao invés de específicos, por exemplo, para se proteger numa determinada ação, ao invés de vender esse ativo, pensou estar bem protegido vendendo o SP500. Porém o tiro saiu pela culatra!



Outro ponto que gostaria de enfatizar é a venda de títulos do governo americano por parte dos estrangeiros. O gráfico a seguir aponta que isso vem acontecendo durante 2016 e que mais recentemente foram os governos os maiores vendedores. Como os maiores detentores são os países emergentes, pode se concluir que, esses países estão se desfazendo dos títulos para amenizar a pressão sobre as suas moedas – alguém falou China? Hahaha ...


No post usexit, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...” mas a pujança da alta hoje me faz apontar outro intervalo conforme a figura acima entre 2,2% - 2,4%. Entretanto, não tenho convicção de que volte a cair nos próximos dias ou que esse novo patamar seja testado (2,2% - 2,4%)” ...


O mercado resolveu seguir os parâmetros do Mosca. Ontem, depois de tentar romper o nível de 2,4%, acabou recuando marginalmente para 2,35%. Resolvi postar o gráfico de mais longo prazo, para que vocês observem a importância do nível em que nos encontramos.

 
A linha verde traçada desde o início da queda de juros na década de 80, conteve as várias idas e vindas, porém sempre com uma tendência de queda. Como podem observar essa linha foi rompida neste mês. Já a linha rosa, que contem movimentos mais curtos, o mercado está testando o ponto de tangência. Os indicadores de momentum ainda balizam alta, com um sinal de curto prazo apontando uma pausa.

- David. Blá, blá, blá .... é para comprar ou para vender?
Ficou quietinho nos últimos dias, estava torcendo para a Hillary? Hahaha .... Resumindo, eu diria que o mercado está maduro para uma realização. Olhando mais adiante, existe um dilema, ou as taxas voltam a cair buscando novas mínimas abaixo de 1,3 %, ou o nível crucial de 3% a.a. será testado. Nesse meio tempo, pode se esperar um período de indecisão, com as taxas oscilando ao redor do macro intervalo de 1,3% a 3%.

Ainda é muito cedo para projetar o que vai acontecer. Antes que meu amigo pergunte vou me antecipar com duas possibilidades:

1)       A economia americana, e por que não dizer a mundial, ainda se encontra muito debilitada com elevados níveis de endividamento. Na hipótese de altas dos juros imagino que será pelo mau motivo. A razão pode ser a expectativa de alta da inflação ou elevação da dívida americana a lá Trump gerando insegurança na solvência.

2)      Já no caso de baixa, Trump não conseguirá convencer os políticos e seu plano de gastança ficará diminuído, tendendo a algo semelhante ao que vivemos nos últimos anos; ou então, o consumidor americano, bota no bolso seus melhores salários para poupar, frustrando a recuperação da economia – não esqueçam que 70% do PIB depende de consumo.


Talvez esse dilema seja um bom tema para 2017!

O USDBRL fechou a R$ 3,3920, sem alteração; o EURUSD a 1,0553, sem alteração; e o ouro a US$ 1.183, com queda de 0,37%.
Fique ligado!

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