Desafiando o Mosca
Quem acompanha o Mosca
nesses últimos 5 anos sabe dos inúmeros posts que publiquei alertando para
o excesso de liquidez que o mundo vive. Tudo começou com os helicópteros do
Bernanke que foram copiados por outros bancos centrais ocidentais: Europa,
Japão, Inglaterra, Suíça; entre outros. Embora boa parte desses programas tenha
terminado, seus efeitos continuam, uma vez que, a liquidez injetada permanece
no sistema. Esses excessos de recursos geram distorções e especulações em
diversos mercados, sendo os mais intuitivos os mercados de bolsa e títulos.
Já vi de tudo nos meus mais de 40 anos no ramo. Ou melhor,
achava que havia visto até que uma matéria do Wall Street Journal chamou minha
atenção. Seu título é, sui generis,
“especuladores cheiram lucros no mercado Chinês de alho”. O gráfico abaixo não
deixa dúvidas que o preço em yuans dobrou em um ano.
Ao ler a matéria, conheci os argumentos para tamanha
explosão nos preços, sendo o principal motivo a queda na oferta. Tanto os
produtores como um número de especuladores estocaram o produto para posterior
venda. A título de informação, 80% da produção chinesa são exportadas, tendo
como maior consumidor os americanos. Tanto o alho como vários outros produtos
agrícolas chineses são atraídos por especuladores porque a colheita é feita uma
vez por ano e depois vendida lentamente até a próxima safra.
Faz 5 anos que eu ínsito, ad nauseam, que dinheiro não é capim; mas nos dias de hoje parece
que é. Tamanha distorção, oriunda de políticas monetárias desesperadas para que
os países não entrassem numa depressão, está gerando divergências em diversos
segmentos da sociedade, com consequências imprevisíveis. Historicamente,
situações onde foi injetado muita liquidez numa economia, a moeda tende a
perder seu valor intrínseco no tempo, originado pelo aumento da inflação. Como agora
são vários países agindo da mesma forma e como uma moeda sempre se desvaloriza
em relação a outra, qual será a perdedora?
Por esta e outras razões analistas tem sugerido a compra de
ouro como um refúgio de valor. Será que algum dia vou sugerir a compra de alho? Hahaha ...
Ontem, comentei que seriam publicados alguns dados da
economia chinesa: a balança comercial ainda apresentou saldo expressivo de
aproximadamente US$ 50 bilhões no mês de outubro, em virtude de uma queda das
importações de 1,4% e das exportações 7,3%. Uma boa parte da explicação é por
conta da desvalorização do Yuan de 9% desde agosto de 2015, entretanto os
analistas consideram que é necessário que o yuan se deprecie mais a fim de
aumentar as exportações.
Em relação às reservas, os dados de setembro apontam
para uma queda de US$ 45,7 bilhões; um resultado maior que o esperado pelos
analistas. Porém, o gráfico abaixo ajuda até entender a matéria acima, pois os
residentes chineses estão mandando para o exterior quantias cada vez maiores (vermelho);
e as entradas na verdade são saídas (azul marinho).
As reservas ainda são enormes US$ 3,1 trilhões e por
enquanto não apresentam a menor ameaça. Contudo, um fluxo cambial gerado por
expectativa de desvalorização pode criar um ciclo vicioso que num determinado
momento obriga o banco central a agir. Esse é o risco monetário que a China
poderá enfrentar se a população chinesa se convencer que o yuan vai perder
valor. Outro mercado onde os chineses estão participando ativamente é o Bitcoin
Uma ilustração bastante interessante preparada pelo
professor Branko Milanovic conclui quem os maiores beneficiários da globalização
são: a classe média asiática e os 1% mais ricos dos países ocidentais. Um
resultado lógico, pois a produção foi transferida para a Ásia.
Ontem os mercados reagiram à possibilidade de vitória da
Hillary, porém, hoje que é o dia da eleição, vão querer a certeza. Assim, é de
se esperar pouco volume de negociação até que o resultado seja anunciado ou uma
evidência se concretize; se é que teremos essa informação hoje. A Bovespa não
poderia ser diferente, ontem acompanhou a alta das bolsas do exterior.
A janela abaixo espelha as cotações com suas variações das
principais moedas que acompanho. Isso aconteceu na parte da manhã. Praticamente
nada!
No post de-dedos-cruzados, alertei para a resistência que
se visionava a 66.000: ...” Minha sugestão é vender metade da posição nesse nível e
elevar o stoploss para o nível de 62.500, valendo para o restante ou para
posição inteira” .... Depois disso fomos stopados.
O Bovespa encontra-se negociando a 63.300, muito
próximo da máxima de 65.200. O que fazer? Nada! Neste momento não consigo saber
se a correção já terminou ou se terá novas baixas nos próximos dias. Não
arrisco nenhum palpite, pois, se por um lado esse índice já subiu muito nesse
ano e seria esperada uma correção maior, os dados de momentum continuam muito bons; o melhor de todos que acompanho. Já na
queda, pelo último motivo exposto, acho arriscado se enveredar por esse
caminho.
Para não deixar vocês sem parâmetro, apontei dois níveis de observação:
primeiro, se o índice ultrapassar 65.200 de uma forma consistente, vamos
comprar,
com as ressalvas que explicarei se acabar acontecendo; segundo, uma
queda abaixo de 61.500, onde a correção ganha mais credibilidade. Será
necessário avaliar se é uma correção pequena, média ou grande. I’m sorry, mas é isso que posso
antecipar,
mas uma coisa é clara: o Mosca quer
comprar!
Comentários
Postar um comentário