O SP 500 está caro?
Qual o preço máximo que se pode vender um produto? Essa é
uma pergunta que certa vez um colega me definiu muito bem. Imagine que você
está disposto a vender um produto que custou R$ 10 e almeja uma margem de 20%.
Assim seu preço de venda é R$ 12. Como não é você que vai usar, a utilidade
será definida pelo o comprador. Se para ele é muito valioso, precisa muito,
pode estar disposto a pagar um preço máximo de R$ 15. Se você tivesse como obter
essa informação seu lucro seria maior.
Agora qual seria o preço mínimo? Nesse caso, o processo se
inverte, pois, o vendedor já definiu que tem intenção de vender por R$12. Mas
qual seria o seu preço mínimo? Vamos supor
que abaixo de R$ 10,50 não vai vender, esse é o preço mínimo. Esse
raciocínio deve ser apimentado pela lei da oferta e da procura, criando um
deslocamento para cima ou para baixo, desses preços.
Como funciona com uma ação? Quando podemos dizer que está
cara ou barata? Existem alguns parâmetros para responder essa questão, mas
seguramente o P/E – Preço sobre o lucro, é o mais utilizado. Seu
conceito é simples identifica em quantos anos os seus lucros acumulados recupera
o valor pago na compra dessas ações.
Existe um número mágico, ou seja, acima de 15 é caro,
abaixo é barato? Não exatamente, pois depende de algumas variáveis micro e
macroeconômicas que alteram esse número.
O mesmo raciocínio pode ser feito ao índice, que está menos
sujeito as considerações especificas. Outro fator que altera esse nível, é qual
o critério para calcular os lucros. Em nosso exemplo considerou-se um de mais longo prazo, levando
em conta os lucros de 10 anos ajustados pela inflação (P/E 10).
A média histórica para o P/E 10 do SP500 é 16,7. Depois da
queda até a mínima de 13,3 em março de 2009, recuperou-se à 23,5 em 2011 e
permaneceu nesse nível, até que em fevereiro de 2013 atingiu 27.
O gráfico a seguir mostra a evolução histórica anotando em
qual percentil o SP500 encontra-se atualmente, bem como pontos importantes
historicamente: como a bolha da tecnologia; o pico de 1929; o pico de 2007; e
hoje.
Numa visão mais precisa de como P/E 10 está hoje,
relaciona-se com o passado. O gráfico inclui faixas horizontais para dividir as
avaliações mensais em quintis - cinco grupos, cada um com 20% do total. Uma
proporção no top 20% sugerem um mercado altamente sobrevalorizado, a parte
inferior de 20% de um mercado altamente subestimado.
Com base na última média de ganhos dos últimos 10 anos, para
chegar a um P/E 10 exigiria um declínio dos preços S & P 500 bem abaixo
1000. Claro, uma alternativa mais feliz seria para os lucros das empresas continuarem
em alta forte e prolongada.
- David, você está
comprado em bolsa! Não acha que é muito arriscado?
Certamente já frisei isso, mas o fato de estar caro é
suficiente para afirmar que a bolsa vai cair? Vou citar o exemplo atual dos
juros dos países europeus e do Japão. Publiquei inúmeros posts relatando a
quantidade de países em que os juros dos títulos estão negativos. Qualquer
pessoa mais sensata poderia se perguntar por que alguém investiria seus
recursos para receber daqui algum tempo menos do que aplicou. Posso dizer que
eu compraria...
- Pessoal, o David
pirou! Hahaha ...
Espera um pouco, você não deixa nem eu terminar! Eu
compraria desde que, acreditasse que os juros se tornariam mais negativos no futuro,
assim realizaria um lucro na venda desse título. Em outras palavras o que
importa é o movimento no futuro, de onde eu parto, tanto faz. É um raciocínio
bastante pragmático e tem um viés técnico, naturalmente. É logico que eu acho
perigoso, pois se estiver errado o prejuízo pode ser muito grande. Desta forma,
sucede um outro conceito em investimentos, qual o risco x retorno? Nesse caso
dos juros é muito ruim.
Em finanças modernas, mais e mais, estuda-se o comportamento
humano – Financial Behaviour. Esta
matéria ainda é muito embrionária, mas eu já virei fã. De que adianta calcular
exatamente o valor real de um ativo, se o mercado não dá bola para esse valor?
Ao se fixar nesse parâmetro ou você ficará imobilizado por muito tempo não
fazendo nada, ou vai quebrar logo, implementando uma estratégia de ficar vendido,
por estar caro!
No post terrorismo-no-varejo, fiz os seguintes
comentários sobre o euro: ...” Outro
fator interessante é a quantidade de vezes que a moeda única tentou romper o
nível de 1,15 – 8 vezes, e na queda apenas 3 vezes, uma infinidade de bolas na
trave e, como no futebol, quem não faz toma! Grifei o nível de 1,09 – 1,085 que
se rompido eleva a chance de o euro testar novamente o nível inferior de
1,05”...
Desde a publicação do PIB americano na última sexta-feira, o
mercado ficou receoso, e mostra sinais que poderão modificar o rumo da moeda
única. Como citei acima era necessário o rompimento do intervalo entre 1,09 –
1,085 para que a chance de queda se elevasse. Porém aconteceu o contrário e
hoje rompeu um ponto para cima 1,115 que merece atenção. Não tenho como
concluir nada ainda, mas fiquei desconfiado se a queda está eminente, e se
efetivamente vai cair no curto prazo.
O gráfico acima não deixa a menor dúvida que o euro está num
movimento de correção desde 2015, e nessas situações são poucas as chances de
se ‘adivinhar” como vai evoluir. O que se pode afirmar é que, um dia a correção
acaba, e nós vamos querer pegar o novo movimento impulsivo, tanto faz se vai
subir ou cair, isso é problema do Draghi!
- David, você está me
deixando tonto! Já não sei se é para comprar, para vender...
Entendo sua angústia, a vida é dura, não existe forma de
ganhar dinheiro na moleza. Faz o seguinte, desapega! Hahaha.... Também não me
sinto culpado, no gráfico acima existem dois retângulos a serem respeitados e
que nos darão as pistas necessárias, o de cima entre 1,145 – 1,155 e o de baixo
1,045 – 1,055. Venho repetindo isso desde 2015.
Não se esqueça: “Let’s
the market speak” pois o compromisso é com o bolso.
O SP500 fechou a 2.157, com queda de 0,64%; o USDBRL a R$ 3,2612, com baixa de 0,12%; o EURUSD a 1,1220, com alta de 0,55%; e o ouro a US$ 1.364, com alta de 0,82%.
Fique ligado!
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