Efeito Manada dos BC's
Depois de ter se afastado do “clube dos helicópteros” –
nomenclatura criada pelo Mosca para identificar os países envolvidos em programas de injeção de moeda, a Inglaterra resolveu
hoje juntar-se novamente ao clube: USA, Japão, Europa, Suíça e devo
estar esquecendo de alguns outros de menor relevância nesse quesito. É verdade
que Carney, o presidente do BOE recebeu uma bomba em seu colo, afinal a votação
do Brexit deve ser completamente contra seus desejos. Mas é pago para presidir
o banco central londrino, então não tem o que reclamar.
O que é interessante hoje em dia, é que qualquer problema na
economia de um país, a solução dada pela autoridade monetária é emitir moeda:
Caiu o PIB, emite moeda; desemprego aumentou, emite moeda; o futebol está mal,
emite moeda! Hahaha... Será que não percebem que não está funcionando? Mas
parece que existe certo conforto entre esses BC’s, que é melhor estar junto da
maioria que tentar algo diferente, uma reação do tipo que se der errado dará
para todos, o que em finanças se denominaria efeito manada, o mesmo efeito quando
investidores resolvem comprar freneticamente uma ação por que todo mundo está
comprando.
Se fosse aplicado o seguinte teste a um grupo de
universitários de qualquer área, qual seria a resposta escolhida?
“Se o banco central de um governo, resolve emitir moeda,
qual você acha que seria o impacto na inflação? ”
a) Permanece igual.
b) Cai
c) Sobe
Só não daria 100% de resposta c) para aqueles estudantes
mais “espertinhos”, que achariam tão óbvia a resposta que só poderia ser uma
pegadinha, razão suficiente para não votar na c).
Voltando a situação da Inglaterra, Carney deixou claro que o
BOE não consegue neutralizar impactos estruturais, ou seja, disse em outras
palavras que a consequência da decisão absurda feita pela população não poderá
ser imputada a ele, vai tentar o melhor possível, vejam a seguir as principais
medidas.
Na coletiva com a impressa reforçou que todas essas medidas
poderão ser aumentadas, e os juros diminuídos a vontade, caso a economia entre
em recessão. As consequências nos mercados foram imediatas, e já conhecidas de
todos, moeda para baixo e bolsa para cima. A moeda para baixo até é
compreensível, nesse caso pelo menos a lei da oferta e da procura parece ainda
funcionar, mas pensem bem se fundamentalmente a bolsa deveria subir, uma vez
que, a economia deve piorar. Mas tudo bem, essa é a dança atual, BC injeta,
vamos para o risco, mesmo se o risco apontar para resultados piores no futuro.
Hoje estou um pouco ácido, é de certa forma, é o reflexo do
que os mercados também estão percebendo, os BC’s estão perdendo sua
credibilidade. Antigamente, uma frase muito respeitada pelos
investidores “Don´t fight the FED”, que
quer dizer não “peite” o FED, era um mantra. Hoje em dia isso está mudando, só
como exemplo notem a disparidade entre os juros projetados pelos mercados e
pelo FED. E no Japão, que o BOJ tenta a todo custo derrubar o
valor do Yen e ele sobe.
Se esse viés de não respeitar os bancos centrais continuar,
não antevejo um cenário de calmaria para o futuro, e nem tampouco de muita
previsibilidade, pois se o mercado apostar contra os BC’s o que pode acontecer?
No post contas-cambiais-no-limite, fiz os seguintes comentários sobre o
dólar: ...” No momento a tendência
permanece de queda e teoricamente poderíamos entrar vendendo novamente o dólar,
porém seria uma posição de curto prazo, especulativa. No gráfico acima apontei
o nível de R$ 3,18 onde o movimento deve se acelerar. No caso inverso, somente
uma alta acima de R$ 3,45, comprometeria a queda”....
Depois de ficar os últimos dias contido num intervalo muito
restrito, hoje o dólar resolveu mostrar a que veio, cair, o que está de acordo com a visão do Mosca.
Mas todo cuidado é pouco, e não dá para cantar vitória enquanto o limite de R$
3,18 for rompido. Não podemos esquecer que amanhã é um dia importante, não só
pelas Olimpíadas, mas pelo anúncio dos dados de desemprego. Pelos
gráficos, os dados não devem ser muito bons para o dólar. Para quem está
vendido, dedo no gatilho, mas sem ansiedade, haja como um sniper!
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