Brexit: O mercado estava errado?
Há exatos dois meses foi anunciado o resultado do referendum
que chocou o mundo financeiro, isso aconteceu por dois motivos, primeiro as
pesquisas não davam conta de tal resultado e segundo que o mercado não queira
nem pensar nessa hipótese que considerava péssima. A Gavekal, empresa de
renomada competência em assuntos econômicos, publicou um relatório contendo
seus motivos para a impressionante repercussão no preço dos ativos, ocorridas
nesse período.
1) Os dados econômicos tem sido ainda mais favoráveis aos
investimentos em ações e o euro, que era antes de 23 de junho. A China, zona do
euro, e a Grã-Bretanha, ela própria, desafiou as previsões econômicas mais
pessimistas que prevaleciam nos primeiros meses do ano. Mas a notícia mais
importante para os mercados é sempre sobre a economia dos EUA e os dados divulgados
desde 23 de junho tem sido especialmente encorajador.
Não é por acaso que a
queda abrupta pós-Brexit da libra reverteu e o SP 500 eclodiu a nova recordes depois
do anúncio dos dados de emprego em julho. Também contribuiu os números chineses
e da União Europeia desde junho, que foram decentes. Nenhum dado oficial do Reino
Unido confirmou até agora, o colapso no consumidor e da confiança empresarial
implícitos por pesquisas.
2) Os investidores podem agradecer aos céus a política
monetária em vigor. A combinação de um crescimento global decente com a
incerteza sobre o futuro sobre o Brexit transformou a política de juros de "quanto
mais baixo for" para “baixo para sempre". A combinação de crescimento
constante com baixa inflação já não pode ser descartada como um conto de fadas
e agora parece como uma forma permanente de vida.
No mundo pós-Brexit, eventos
impensáveis anteriormente, como taxas de juros negativas não parece surpreender,
nem tampouco incomum. NIRP – “Negative Interest Rate Policy” aterrorizava os
investidores na Europa e no Japão alguns meses antes, agora ela é aceita como
uma característica permanente do "New Normal "e os bancos estão
ajustando suas estratégias de negócios para lidar com esse cenário.
3) O contexto político do Brexit foi interpretado de uma
forma muito diferente do que a maioria das pessoas esperavam. Na Grã-Bretanha,
um novo primeiro-ministro tomou rédeas da situação mais rápido do que parecia
possível. A capacidade de Theresa May para lidar com o novo trabalho ainda não
foi testada. Será desafiada a gerenciar sua maioria parlamentar quando as
negociações do Brexit começar.
Mas no momento, os investidores e a opinião
pública estão ignorando tais detalhes, em parte porque o cronograma do Brexit
se estende além do horizonte dos investidores, como parece ser possível, que o
Reino Unido atrase o início do processo em até dois anos, o final de 2017, após
as eleições na Alemanha e França. Se este for o caso, então a Grã-Bretanha permanecerá
na UE até o final da década, o que, em termos de normalidade é considerado
longo prazo e demasiado distante para que sejam levados em conta nos cálculos.
Ninguém
pode dizer neste momento se esta recém descoberta Indiferença ao Brexit vai
passar a ser o realismo bem fundamentado, complacência ou pensamento positivo,
mas não é definitivamente a atitude que se esperava nas horas em pânico
imediatamente após a votação.
4) Quando o inesperado acontece, os mercados muitas vezes
sofrem uma reação de pânico no curto prazo, mas, em seguida, retornam à
normalidade a médio prazo. A razão pela qual as estratégias de tendências
tendem a serem bem-sucedidas, é que os preços podem levar muitos meses para
refletir plenamente grandes mudanças nos fundamentos. Os investidores muitas
vezes passam anos em negação sobre histórico, transformações que quase ninguém
previu ou ninguém plenamente entende.
O Brexit ainda poderá vir a ter sido uma
mudança tectônica deste tipo, especialmente se ele é seguido por revoltas antielitistas
em outros países. Pode ser, em outras palavras, que o comportamento do mercado
nesses dois meses é mais um guia para o futuro do que foram os primeiros meses
de negociação após o início dos rumores da crise do subprime em 2007 ou o
estouro da bolha da internet em 2000.
Em suma, uma continuação do mercado de alta das bolsas,
alimentado pela expansão dos EUA e a política monetária super estimulante, é o
mais provável cenário para o próximo ano. Mas com a eleição nos EUA e o
referendo italiano a apenas dois meses de distância, todas as consequências do
Brexit são difíceis de deduzir, com o nível das ações sendo maior do que nunca.
Cautela parece mais apropriado do que coragem, pelo menos até que se saiba o
nome do próximo presidente dos Estados Unidos.
A análise deste relatório é bem estruturada, mas não permite
nenhuma conclusão definitiva. Por outro lado, seu pensamento está de certa
forma enviesado pelo fato de o mercado ter reagido de forma totalmente
diferente do que esperava.
As posições dos investidores no mercado de ouro e prata
atingiram níveis bastante elevados. Normalmente nessas situações o ativo tem
dificuldades de seguir em sua trajetória e acabam acontecendo realizações. Se o
mercado é realmente de alta (ou baixa), deve se aproveitar esses momentos para
entrar, e é isso que venho buscando fazer nesses últimos meses sem sucesso.
No post china-on-side-line, fiz os seguintes comentários sobre o
ouro: ...”mantenho as mesmas recomendações
acima. Aumentou levemente a chance de comprar um pouco mais barato – US$
1.250/US$ 1.200. Neste mês de férias do hemisfério Norte normalmente não
acontece muitas oscilações. Mas nossos parâmetros são técnicos e caso os preços
atinjam os estabelecidos vamos agir” ...
Desde essa publicação, o metal ficou contido num intervalo
restrito e hoje está sofrendo uma queda, embora pequena. Esse movimento, pode
estar dando início a correção tanto almejada pelo Mosca.
Eu anotei em verde o que eu espero, uma queda até US$ 1.250,
ou no próximo ponto a US$ 1.210. Em alcançando esses preços, é bem provável que
darei sugestões de compra nessa região.
- David, porque você
não mete ficha, como está acostumado a dizer, e vende agora!
Parece que você quer me provocar, eu fiz toda uma
argumentação que estou esperando uma queda para comprar, e achei que deixei
implícito que o ouro vai subir mais frente. Sua sugestão não está errada, mas
não é adequada para meus leitores, que precisariam estar acompanhando mais
atentamente os mercados. Se for o seu caso, é uma sugestão válida com stop
curto, pois é fundamental que o metal negocie abaixo de US$ 1.310, para que eu
tenha chance em minha estratégia, caso contrário ainda pode subir acima de US$
1.375.
Na próxima sexta-feira, a Presidente do FED, Janet Yellen
fará um discurso no encontro anual de política econômica, promovido pelo
Federal Reserve Bank de Kansas. Esse dia é bastante esperado pelo mercado e
promete tirar todos os traders da piscina para acompanhar. O motivo dessa ansiedade são as recentes
declarações de alguns diretores do FED indicando que não se deve descartar uma
alta de juros agora em setembro.
O SP500 fechou a 2.175, com queda de 0,52%; o USDBRL a R$ 3,2246, com queda de 0,24%; o EURUSD a 1,1261, com queda de 0,37%; e o ouro a US$ 1.323, com queda de 1,13%.
Fique ligado!
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