A busca por retorno


Amanhã será publicado os dados de emprego nos USA. Não parece que existe maior preocupação por parte do FED, uma vez que, a taxa de desemprego está próxima do nível considerado como pleno emprego.

Porém, cabe aqui duas observações: primeiro que esse é um dado que é defasado da realidade recente, e segundo que as contratações vem desacelerando levemente. A publicação do ADP - Employment report hoje pela manhã, dá uma indicação desse último fator, pois foram gerados somente 173 mil empregos. O gráfico a seguir fornece uma ideia da desaceleração ocorrida, embora é importante notar que foi pequena.




A próxima ilustração parece mais preocupante, pois percebe-se nitidamente uma estagnação em torno de 200 mil empregos desde 2011. Eu digo isso porque, se nesses últimos anos que a economia americana teve um baixo desempenho, seria de se esperar uma retomada do crescimento do emprego. Será que os robôs já estão afetando esse indicador?

O consenso para o dado de amanhã é de 158 mil, mas deve-se levar em conta que, a greve da empresa de telefonia Verizon contribuiu com uma queda temporária de 25-35 mil, desse número.

  
Um ponto crítico que vem ocorrendo nos retornos dos investimentos, desde que os bancos centrais intervieram nos mercados, é que eles foram muito afetados, e estão agora expostos significativamente à mais risco. Por exemplo, a fim de obter um retorno no mercado americano de 7,5% a.a. em 1995, a pesquisa de Callan Associates Inc encontrou que, um investidor poderia ter uma carteira inteiramente de títulos de renda fixa, com um desvio padrão de cerca de 6%. No entanto, para alcançar esse mesmo retorno de 7,5% a.a. em 2015, esse investidor teria de encolher a alocação em renda fixa para apenas 12%, e alocar recursos em outros ativos mais arriscados, aumentando o desvio padrão da carteira (risco) para 17,2%. Em outras palavras, essa mudança eleva em quase 3 vezes o risco, a fim de gerar o mesmo retorno que há vinte anos!



Isto representa o dilema final para grandes investidores institucionais em atingir um objetivo de retorno de 7,5% a.a., e que precisam reduzir sua alocação em títulos de renda fixa assumindo significativamente mais risco - o trade-off é, naturalmente, não aumentar tanto o risco de perda e viver com níveis mais baixos de retornos.

Essa solução pode levar a problemas muito maiores no futuro, pois ao assumir mais risco, implica que seu retorno poderá ser bem inferior que o necessário para cobrir os pagamento futuro de pensões. Aliás, não é desta forma que se deve gerir um portfólio, ao definir qual o retorno desejado e assumir o risco implícito por default, e sim, ao contrário, para um determinado nível máximo de risco desejado qual é o retorno que se obtém.

Contra tudo e contra todos o SP500 caminha para testar o nível de 2.130. Nestes últimos dias, me deparei com várias reportagens de investidores considerados conhecedores de mercado, que pregam por uma queda iminente da bolsa americana. Mas não é o que vem acontecendo, talvez o motivo seja algo que comentei recentemente no post elevação-improdutiva-da-população: ..."Os últimos indicadores que tenho visto, e que são consistentes com a opinião dos investidores, encontram-se ou com posição vendida na bolsa, ou menos expostos”...

Em post mais recente Temer-ou-não-temer, frisei: ...” Faz aproximadamente 2 anos que a bolsa americana não tem tendência nenhuma, ficou num intervalo entre 1.850 – 2.100. Em algum momento ela irá readquirir um movimento mais direcional, e o fato de ter ficado tanto tempo, indica que deverá ser forte. Até o nível de 2.000 é aceitável a retração, porém abaixo desse valor as coisas podem ficar mais delicadas”...


Agora, a bolsa está adentrando na área onde diversas vezes tentou o seu rompimento e não conseguiu - entre 2.100 e 2.130. Não existe nenhum garantia que irá romper agora, entretanto, os sinais são nesse sentido.


- David, será que agora vai?

Eu não quero dar nenhum palpite, minhas considerações técnicas estão bastante claras acima. Mas não me coloco a fazer nada agora, ou passa os 2.130 e entramos com um trade na compra, ou não passa e analisamos se vai valer uma venda ou não. Nossa posição é bem mais confortável que a dos investidores que estão vendidos, pois esses terão que decidir se zeram no rompimento ou vão continuar na torcida. Enfatizo novamente a diferença do fundamentalista e do técnico, o primeiro tem que defender suas ideias e nós o bolso!

O SP500 fechou a 2.105, com alta de 0,28%; o USDBRL a R$ 3,5916, sem variação; o EURUSD a 1,1149, com baixa de 0,32%; e o ouro a US$ 1.210, com baixa de 0,16%.
Fique ligado!


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