Eu serei você amanhã


No post risco-de-uma-Argenzuela, comentei como o Brasil poderia seguir os caminhos desastrosos trilhados por nossos vizinhos, a Argentina e a Venezuela. Eu me lembro, há cinco anos em conversa com um amigo, indaguei como um cidadão esclarecido poderia morar na Venezuela, parecia que não havia dúvidas que esse pais estava fadado a afundar.

De tempos em tempos, são publicadas matérias sobre a escassez de alimentos e produtos básicos, bem como o desespero de seu Presidente, Nicolás Maduro, que implementa medidas totalmente absurdas, como autorizar o governo a tomar empresas, caso julgue necessário para prover produtos a população. Acredito que seu sobrenome deveria mudar para Nicolás Podre! Ahahah...

O gráfico a seguir mostra a evolução da inflação naquele país nos últimos quatro anos.
   

Os dados do banco central mostram que a Venezuela mais do que duplicou a oferta de notas de 100, 50 e  2 Bolívar em 2015, uma vez que elevou a liquidez monetária, incluindo depósitos bancários.

O fornecimento cresceu ainda mais, mesmo a Venezuela tendo menos dólares americanos para apoiar a emissão de novos bolívares, resultado da queda dos preços do petróleo. Esta questão, tornou-se particularmente triste ontem, quando, pela primeira vez, um dólar americano poderia comprar mais de 1.000 bolívares venezuelanos, no mercado negro. No mercado oficial, o bolívar venezuelano "forte", assim denominado, vale 6,35, um sobrepreço de 156 vezes. Ah, um detalhe, mantém-se estável por vários meses, também quem deve ser o idiota que troca nesta taxa!



A situação original em que uso o termo "dólar - dólar', faz muito mais sentido por lá! O pai do meu amigo teria muito mais adeptos na Venezuela, que aqui! Hahaha...

Como a nota mais elevada da Venezuela é de 100 bolívares, equivalente a 10 cents americanos, foram necessários 36 Boeings 747 - Jumbo, para distribuir as notas pelo país. Ben Bernanke, teria orgasmo, caso fosse Presidente do BC Venezuelano, dentro de sua política de distribuir dinheiro lançando-os de helicópteros. Mas deveria ter muito cuidado para não se enganar, são bolívares! Hahaha...

O nosso índice de inflação de janeiro - IPCA ficou em 1,27%, muito acima das expectativas dos analistas, levando a taxa anual para 10,71% a.a. O que mais preocupa neste relatório são dois pontos, primeiro o índice de difusão, que mede a quantidade de itens que seguem a mesma trajetória, subiu novamente e encontra-se no mais elevado nível. Isso pode induzir a uma indexação generalizada.

E segundo, a inflação dos preços livres, está em trajetória de alta, o que induz uma contaminação dos preços menos sujeitos a fatores temporais ou extraordinários.


Parece que o livro texto não anda funcionando aqui no Brasil. Os economistas da "velha guarda", que estão ansiosamente aguardando um retrocesso da inflação, ocasionado pela queda em parafuso da atividade econômica, vão ter que aguardar mais um pouco, ou melhor, "mais muito"! Hahaha...

No post a-put-de-levy, comentei o que chamo de "efeito BFB": ...A cada ano partia-se da inflação atual e como era elevada, estimava-se que a inflação futura só poderia cair. Mas no ano seguinte, não só a inflação não caia como terminava superior a do ano anterior. Isso se sucedeu por alguns anos. Até que em 1983 eu disse ao meu chefe, que não iria mais perder meu tempo, projetando sonhos. Lógico com outras palavras! Hahaha... A seguir a projeção de inflação feita pela Rosenberg com minha inserção deste efeito.
Será que esse será o caso? Espero que não, pois as chances de o Brasil virar uma Venezuela, ainda são muito baixas. Mas, em continuando o cenário atual sem mudanças: 
O Brasil será você amanhã Venezuela! 

No post o-bom-e-o-ruim-da-deflação, fiz os seguintes comentários sobre o real: ...Em relação ao real, enquanto o nível de R$ 4,25 não for ultrapassado, acredito numa "mini" queda para um nível de R$ 3,85 - R$ 3,60... ...Para que o cenário que eu antevejo aconteça, será necessário que o dólar caia abaixo de R$ 3,96, aí as chances aumentam... ...Frisei também que esse seria um movimento de curto prazo, uma vez que espero novas altas do dólar no futuro....E durante a semana o dólar caiu abaixo R$ 3,96 atingindo ontem o primeiro intervalo de R$ 3,85.

Eu poderia considerar alcançado o objetivo desta mini-queda, porém acredito que possa cair ainda mais um pouco. Imaginei dois cenários possíveis:

Vermelho
Neste caso, a formação de um triângulo, ocasionaria uma queda marginal até R$ 3,75 e depois, novas altas superiores a R$ 4,25.

Verde
Nesta situação pode-se esperar quedas até R$ 3,65, ou se for mais extensa até R$ 3,45, para depois iniciar um novo ciclo de alta.

No momento não resta nada a fazer a não ser aguardar, pois o desenvolvimento das cotações poderá nos dar pistas de onde iniciaremos um trade de compra do dólar. Mesmo que comprarmos mais caro, não considero uma boa aposta entrar agora, pois caso o cenário verde se concretize, e principalmente no caso 2, estamos falando de uma queda adicional de 13%, fora os juros.

Eu sei que posso ser criticado pelos leitores por não ter uma posição neste momento, mas prefiro isso, a dar uma sugestão como a feita pela empresa de consultoria Empiricus, em seu relatório de ontem: ..."Gosto bastante da ideia de comprar dólares abaixo de R$ 3,90"...Gosto bastante? Eles e a torcida do Corinthians, São Paulo e inclusive o Banco Central. Um tipo de recomendação destas não tem como dar errado, basta daqui alguns meses ultrapassar esse nível, e tanto faz se chegou a R$ 3,70 ou R$ 3,50. Isso sim é ficar totalmente no muro! Outra pegadinha da recomendação, é o que significa "abaixo"? Muito abaixo, médio abaixo ou pouco abaixo? Lamentável, era melhor não recomendar nada.

Vou incluir uma tabela que será publicada todas as sextas-feiras, com os trades em aberto pelo Mosca. Assim, fica mais fácil os leitores acompanharem o que ainda está aberto, e seu resultado.



O SP500 fechou a 1.880, com queda de 1,85%; o USDBRL a R$ 3,9020, com alta de 0,20%; o EURUSD a 1,1161, com queda de 0,40%; e o ouro a US$ 1.173, com alta de 1,53%.
Fique ligado!

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