FED: We have a problem!

Hoje vou começar reforçando alguns conceitos dos contratos de derivativos. Acredito que maior parte dos leitores conhece como funciona um contrato de derivativo que, nada mais é que, um compromisso de liquidar um ativo no futuro a um preço pré-estabelecido. Por exemplo, se você compra dólar para liquidar em dezembro deste ano a R$ 4,00, na data estabelecida, vai ganhar ou perder dinheiro se o dólar estiver acima ou abaixo deste valor, respectivamente.

Existem duas categorias de investidores que atuam neste mercado com objetivos diferentes: os especuladores e os arbitradores. Estes últimos são fundamentais para dar equilíbrio aos preços, assim se houver mais especuladores querendo comprar que especuladores querendo vender, os preços tendem a subir, e é neste momento que o arbitrador tem um papel importante.

Mas o que faz exatamente o arbitrador? Como o nome diz, arbitra entre o preço atual e o preço futuro. Vou usar um exemplo com o ouro, que é uma mercadoria liquida negociada em bolsa. Imaginem que o ouro esteja cotado a R$ 100 no mercado a vista, e existe oferta de compra de ouro, para daqui a um ano, por R$ 120. Sem fazer muita conta, percebe-se que a taxa implícita é de 20% a.a. Um banco, que tem recursos disponíveis, consegue aplicar seu caixa num título público a 15% a.a. Ao ver esta operação de ouro, ficará propenso a comprar com seu caixa o ouro a vista, e vender o contrato de ouro futuro. Ao fazer isso, ao final de um ano, liquida o ouro contra o recebimento de R$ 120.

Esta operação na margem, tende a subir o preço do ouro a vista (um novo comprador apareceu) e cair o preço futuro do metal (um novo vendedor apareceu). Como esta operação não tem risco, uma vez que é liquidada na bolsa, a tendência e que vários bancos entrem fazendo a mesma operação, comprimindo a taxa implícita para próximo de 15% a.a.

Existe a possibilidade de fazer o contrário, ou seja, o banco ao invés de financiar o mercado, se financia no mercado. Isso acontece quando no exemplo acima, a taxa de juros implícita nesta operação de ouro estivesse abaixo de 15% a.a. Este caso, é um pouco mais complexo a sua explanação, e como não é foco deste post, vou pedir que acreditem em mim!

Amigão, você está calado ultimamente,  nem vem que não tem! Hahaha...

A conclusão é que o arbitrador, por ter caixa suficiente, tende a fazer com que as taxas de juros implícitas nos mercados de derivativos não distorçam. Mas isso nem sempre acontece, e quando é o caso de mercados importantes, algo não está funcionando bem.

O valor total dos mercados de derivativos é de US$ 550 trilhões, sendo que aproximadamente, 80% são de contratos referentes a juros. É verdade que esse volume vem decrescendo no tempo, com uma queda de 22% desde 2013, mas mesmo assim é enorme.

O gráfico a seguir mostra o spread, diferença entre a taxa de juros atual e as expressas nos contratos futuros swap.
Desde 2015 este prêmio tornou-se negativo, o que não é esperado em situações normais. Para vocês terem uma ideia do que eu quero dizer, no próximo gráfico, vejam como antes da recessão de 2008 começou um movimento semelhante ao atual.
Os operadores deste mercado estão coçando a cabeça para entender qual seria o motivo desta distorção. Alguns apontam mudanças na regulamentação dos bancos, conhecido como Basel III, que desincentiva os bancos a terem títulos dos governos em suas posições, forçando que esses vendam suas posições a vista para compra de swaps.

Já outros têm uma visão mais pragmática dizendo: ..."Nós não temos que adivinhar o que o mercado nos quer dizer quando o spread fica negativo, O mercado não está nos dizendo nada mais que "algo" está errado"...

Situações anormais como esta, fazem com que os participantes deste mercado fiquem desconfiados, pois complica toda a estruturação de suas operações de empréstimos. Assim, a grande questão que fica, é se não existe algo maior acontecendo que ainda não foi identificado.

E por falar em algo maior, as commodities continuam em queda, sem descanso. Nada está sendo suficiente para deter este movimento. O gráfico abaixo conhecido como CRB, que é uma média ponderada de várias commodities, já está próximo aos níveis de 2002.
O boom das commodities iniciou-se em 2001, coincidentemente quando o Presidente Lula assumiu o poder. A alta desse índice atingiu entre a mínima e a máxima, aproximadamente 300%. Muitos projetos foram implementados neste período, considerando preços que já não existem mais hoje, e o Brasil é muito dependente desse setor.

Será que o Lula acha que consegue tudo e vai reverter esse quadro mundial, ou tem alguma outra intenção mais maquiavélica, quando quer comandar o país novamente? Tenho certeza que nenhuma delas seria boa para o Brasil!

No post greve-dos-robôs, fiz uma análise de mais longo prazo do ouro: ...já enfatizei diversas vezes, se o ouro romper o nível de US$ 1.050, terei que refazer meu cenário onde esperava uma alta em breve...Numa visão de mais curto prazo, o ouro está "tentando" romper, já algumas vezes, o nível de US$ 1.080. Veja seguir.
Pode ser que uma mini reação aconteça e o ouro ganhe um fôlego, mas pode ser que seja somente de curto prazo. Para uma recuperação mais consiste, seria necessária uma alta de US$ 100, e não parece haver condições disso acontecer, pois nem o terror da última sexta-feira foi suficiente para subir os preços.

Por enquanto, a única coisa que está subindo é o "dólar-dólar"!

O SP500 fechou a 2.050, com queda de 0,13%; o USDBRL a R$ 3,8103, com queda de 0,23%; o EURUSD a 1,0644, com queda de 0,37%; o ouro a US$ 1.069, com queda de 1,23%.
Fique ligado!

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