Dreams

Eu desafio alguém me apresentar algum dado bom da economia brasileira, são todos ruins ou péssimos. Qualquer livro texto de economia, recomendaria uma Política Monetária frouxa, mas não é o que vem acontecendo, o BCB está subindo os juros sem parar, e não dá mostras que o ciclo já terminou. Hoje com os maiores juros do planeta, não podemos nos orgulhar.

Mas o que será necessário para que esse quadro se altere? A resposta é a inflação cair e a obtenção de um superávit fiscal decente, sem "malandragem". Vamos dar uma olhada nos dados de inflação publicados na sexta-feira passada, logo a seguir. Quanto ao superávit fiscal, nosso Ministro "salvador da Pátria", vem fazendo um trabalho incansável de convencimento com os políticos , e parece ter tido sucesso, na última semana, vamos aguardar.

Quanto a inflação, existe um cenário teórico onde pode ocorrer uma queda da atividade econômica com elevação da inflação, que chama-se estagflação. Um primo malandro da deflação, que tem efeitos nocivos, mas menos dramáticos. É como aquele carioca que vive na praia e ganha algum troco para sobrevivência, mas não consegue progredir. Nada contra os habitantes da bela Rio de Janeiro, mas essa é a imagem que se têm.

O IPCA de abril foi publicado em 0,71% , uma medida muito superior ao teto da meta da inflação de 6,5% a.a., que dirá sobre a meta. Fui indagado por alguns colegas, que a inflação estaria apontando para níveis muito perigosos, haja visto seus altos índices mensais, nestes últimos meses. Para que vocês entendam este argumento, eu construí dois gráficos que levam em consideração as inflações mais recentes, em um determinado mês. O primeiro a seguir, consiste na captura trimestral anualizada.

Inciei os cálculos em abril de 2014. O primeiro ponto refere-se as inflações de - abril, maio e junho de 2014, e assim sucessivamente, retira-se um mês e adiciona-se o próximo. Os economistas vão me matar, e jogar um monte de pedras sobre esse critério, pois não leva em consideração a sazonalidade da inflação. Eu sei disso, mas meu objetivo não é de precisão, mas somente de evolução. Observando o gráfico, chega-se a conclusão que não está nada bom.

Uma outra forma de efetuar esse estudo, seria o de calcular utilizando-se um período mais longo. Foi o que fiz no próximo gráfico, onde usei uma base semestral, com a mesma sistemática. O motivo é obter uma curva menos volátil.

Mesmo neste caso, a evolução da inflação, não continua nada boa. De uma forma simplista poderíamos afirmar categoricamente, que o Brasil está vivendo um caso clássico de estagflação. Acontece que é necessário uma análise mais detalhada, antes de chegar-se a esta conclusão.

Quem é do ramo de negócios sabe as barbeiragens que o governo "anterior" fez com os preços públicos. O próximo gráfico dá uma boa ideia de como foram manipulados, entre 2012 e 2013. Acontece que a realidade se impôs e desde que o "novo" governo tomou posse, está reajustando os preços públicos, sem dó!

Observem que os preços livres, aqueles que dependem de concorrência, permaneceram contidos, mas sem dúvida num nível elevado, muito próximo do teto superior da banda de inflação.

Então, por esse ponto de vista, a afirmação de um ambiente de estagflação não é visível por enquanto, pois espera-se que os preços públicos voltem em breve a reajustes menos cavalares. Uma outra dúvida que pode surgir, e se essa situação, não levará a que os preços livres sejam reajustados mais a frente, uma vez que, parte de sues custos são impactados pelos preços públicos. Um outro indicador que merece verificação é o índice de difusão, que consiste em mesurar como os vários itens medidos na inflação seguem o IPCA.

Este dado não mostra muito alento, pois esse indicador vem ganhando pressão recentemente, indicando que a inflação ainda tende a ficar elevada, pelo menos, por algum tempo.

Vejo muitos Bancos recomendando uma alocação em ativos de renda prefixado, afinal para quanto pode ir a taxa SELIC? Na minha avaliação, ainda é uma aposta com uma boa dose de especulação, sem uma comprovação clara. Até acredito que pode ser uma boa aplicação, pois tudo leva a crer que a inflação em bases anuais deva chegar a seu pico no 2º semestre deste ano.

Para essa aposta tenha uma performance positiva, é importante que algumas coisas aconteçam: Que o pacote fiscal seja aprovado e cumprido; que a taxa do dólar não suba muito, digamos acima de R$ 3,30; que os preços públicos terminem seu reajuste logo, e por último que a inflação passada não contamine outros itens. Vejam que, conseguir esses pontos, não é uma tarefa fácil. Minha recomendação: Quem quiser apostar, que o faça, mas muito pouco.

Falando de juros, no post it's-not-me, fiz os seguintes comentários sobre as taxas longas americanas: ...Para não cometer novamente um erro, e me antecipar, vou aguardar que a área anotada como Golden, seja rompida e em seguida vamos dar uma sugestão de trade projetando novas altas de juros... Na semana passada os juros chegaram ameaçar romper a área acima citada, porém retornaram, como pode-se observar no gráfico a seguir.
Hoje o mercado encontra-se a 2,20% a.a. e vou sugerir um trade com uma condição um pouco diferente das que venho fazendo. Se os juros estiverem no fechamento em NY acima de 2,30% a.a., executem o trade, com um stop a 2,00%. Os motivos disso, é ter uma evidência de investidores finais influenciando o preço, e não os day-traders.

- David, tem uma coisa que eu não estou entendo, você vem alertando que a economia americana não está indo tão bem, não seria ilógico apostar que os juros irão subir?
Muito bem, observação corretíssima do ponto de vista fundamentalista. Agora, o mercado vem apontando para outro lado, e nem sempre o que aponta os fundamentos acontece. Nosso objetivo é o bolso, tanto faz se para isso estamos ou não de acordo. É difícil, mas é dessa forma que um analista técnico tem que atuar. BOLSO entendeu? Hahahahaha ....

O SP500 fechou a 2.105, com queda de 0,51%; o USDBRL a R$ 3,510, com alta de 2,66%; o EURUSD a 1,1153, com queda de 0,45%; e o ouro a US$ 1.183, com queda de 0,39%.
Fique ligado!

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