Dependencia "jurista"

Antes da publicação dos dados de emprego na última sexta-feira, fiquei pensando o que poderia ser melhor para o mercado, e especificamente para a bolsa de valores. Um número acima de 300.000, seria um dado bom, as empresas engajando-se para contratar mais funcionários atendendo um crescimento de vendas, por outro lado, um dado inferior a 150.000, seria ruim, pois significa que as empresas desaceleraram.

Depois desse raciocínio, fiquei na dúvida como se comportaria o SP500, no primeiro caso, onde contempla boas notícias, implicaria uma alta de juros pelo FED, mais cedo. Será que a bolsa gostaria? Já no segundo caso, onde dúvidas iriam surgir sobre a sustentabilidade do crescimento, atrasaria a data de elevação dos juros. Como a bolsa interpretaria.

Esta é a ilógica em que os mercados se encontram nos dias de hoje. Assim, como uma pessoa pode ficar dependente de drogas, o mercado ficou dependente dos juros baixos.

Vejamos os detalhes dos dados publicados: O número de vagas criadas foram de 126.000, e ficou bem abaixo das expectativas.


Já a taxa de desemprego manteve-se inalterada em 5,5%, impactada pela queda no Participation Rate, para 62,7%, níveis somente atingidos nos anos 70.

Já em relação aos ganhos dos trabalhadores, embora o dado mensal foi um pouco melhor, numa métrica anual, observa-se uma estabilidade já há um bom tempo, não indicando preocupação inflacionária, se é que isso é uma preocupação hoje em dia!



Uma outro detalhe que chama a atenção, é em que faixa etária esses empregos foram criados. E ai, novamente uma distorção aparece de forma preocupante. Como o gráfico abaixo mostra, existe uma troca visível de contratações, entre os mais idosos em relação ao mais jovens. Independente de qual seja o motivo, essa tendência não é saudável.


Este fenômeno vem acontecendo desde do início da recessão de 2007, e não mostra nenhuma reversão.
Não precisa ser um especialista em empregos, para perceber que uma mudança estrutural está acontecendo no mercado de trabalho americano, e dá razão à cautela, de alguns membros do FED. 

Estamos entrando, no sexto ano dessa recuperação, com resultados muito fracos quando comparados com os anteriores, além disso, nunca se injetou tanta liquidez, em tantos países. Assim, como no tratamento de um viciado, que passa por um programa de abstinência numa clínica, e não têm uma garantia de sucesso, parece que este momento econômico, que possui uma dependência nos juros <  0%, não está surtindo os efeitos desejados, obrigando os Bancos Centrais a aceitar que as economias, consumam a "droga" dos juros baixos.

No post china-nova-bolha, fiz uma análise de mais longo prazo para o SP500, frisando que esse índice encontra-se num movimento que indica cautela, conforme pode-se verificar no gráfico que puliquei então.
Essa indecisão começa também a aparecer quando a análise é feita no curto prazo, conforme o gráfico a seguir.
Os movimentos de mercado começam a afunilar indicando uma potencial ruptura para algum dos lados. Se for para cima, é possível que o target de 2.200, que venho anunciado de longa data, seja atingido, isso não suficiente para declarar que novas altas serão vistas, serão necessárias mais evidências. Já, se o índice cair abaixo de 1.980, a possibilidade de novas quedas é real.

Para não ficar aqui enchendo vocês com um monte de hipóteses e sem nenhum trade a ser sugerido, prefiro aguardar os movimentos para traçar a estratégia. Por enquanto, nada muda, vou ficar assistindo de camarote, o vai e vem desse mercado.

O SP500 fechou a 2.081, com alta de 0,72%; o USDBRL a R$ 3,1164, com queda de 0,13%; o EURUSD a 1,0937, com queda de 0,35%;, e o ouro a US$ 1.215, com alta de 0,40%.
Fique ligado!

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