China: A nova bolha?

Enquanto o mundo está repleto de insatisfações populares, com reações variadas entre manifestações e até guerras, um país continua a margem, onde pouco ou quase nada se ouve falar. Sabemos que existe repressões fortes a quem não obedece as leis internas, mas por outro lado, sua população é tão grande que parece difícil imaginar um controle, caso algo que os incomode aconteça. Já sabem de quem eu falo? A China, que continua uma incógnita!

Há Alguns meses, eu publiquei um gráfico mostrando que a performance da bolsa chinesa estava muito díspare quando comparado ao SP500. Tecnicamente me lembro, que o nível de 2.000 no Shangai Index apresentava um grande risco. Acontece que, desde de outubro de 2014, resolveu dar bye bye e subiu expressivamente. Que tenha ganho terreno sobre as bolsas dos desenvolvidos até poder-se-ia aceitar, mas sobre os emergentes que são seus pares de comparação, é no mínimo intrigante.

Alguns fatores poderiam justificar essa performance, o mais imediato e esperado por todo o mundo, seria que o consumo estivesse amentando por lá, diminuindo sua dependência das exportações. Porém, longe de ser o caso, o último dado publicado, relativo a fevereiro deste ano, o saldo comercial foi US$ 60 bilhões no mês e a incrível soma de US$ 606 bilhões em 12 meses.

E não pode se deixar de levar em consideração, que o Yuan teve uma valorização expressiva contra todas as moedas, exceto o dólar.

Está bem, então continua do jeito que está. O motivo seria a alta do PIB à moda antiga, ou seja, exportações a toda carga e investimentos a rodo?
Também não parece ser o caso, pois a previsão do mercado, bate com a previsão do governo. É verdade que a queda dos preços das commodities tem um fator muito positivo para a China, afinal é a maior importadora do mundo dessa categoria. Mas esse efeito não foi sentido nas indústrias, pois como se pode ver abaixo o PMI, mantém-se relativamente estável.

O governo alterou algumas regulamentações para facilitar os estrangeiros a investirem na bolsa, talvez isso explique esse movimento. No gráfico acima, pode-se ver que a bolsa teve um comportamento bem diferente ultimamente quando comparado com o PMI, não posso deixar de questionar a existência de uma bolha, será? Com tanta liquidez existente hoje em dia, esta hipótese não pode ser descartada. Eu aprendi que, bolhas só são conhecidas depois que estouram, não dá para apostar contra no meio do processo. Só porque subiu muito, não é argumento, pois depois de algum tempo, o que você achava que era muito, vira pouco!

Na última vez que postei sobre o SP500 dólar-mini-bolha, fiz os seguintes comentários: ...Não é um bom risco x retorno, pois ao comprar nos níveis atuais de 2.050, colocaria um stop a 1.970 (- 4%), para buscar um retorno esperado de 2.200 (+ 7%). Não tenho muita convicção, e seria um trade de curto prazo... E passado um tempo, o índice encontra-se exatamente no mesmo ponto à 2.050. Hoje vou fazer uma análise de mais longo prazo, uma vez que, o SP500 encontra-se numa conjuntura importante, do ponto de vista técnico.

Atente-se primeiramente à linha azul, apontada como um divisor de águas, durante 40 anos. O SP500, depois de ter ultrapassado essa linha em 1986, ficou acima até a crise de 2008. A partir daí, caiu e vem buscando recuperar essa linha. A outra linha azul que liga alguns pontos desde 2008, forma um triângulo com a linha anterior. Normalmente, essa formação tende a romper para cima, ou para baixo, nesse caso, o mais provável seria esperar uma queda.

Por enquanto os indicadores de momentum não indicam grandes preocupações, porém vocês devem levar em consideração, que o gráfico acima é de longo prazo, nada que deva acontecer amanhã, mas é necessário que esse pano de fundo fique em suas mentes.

Em algum momento no futuro saberemos para que lado o SP500 irá pender, ou novas altas, ou "velhas" baixas, é por esse motivo que não tenho dado muitas sugestões de trade nesse ativo.

O SP500 fechou a 2.061, com alta de 0,24%; o USDBRL a R$ 3,2248, com alta de 1,12%; o EURUSD a 1,0877, sem variação; o o ouro a US$ 1.198, com baixa de 0,41%.
Fique ligado!

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