Grécia: Missão impossível

As manchetes de hoje anunciam a vitória do candidato de esquerda na Grécia, Syriza. Em seu discurso disse que romperá com a Troika, libertando a Grécia de seu programa austero. Se esta vontade for levada ao pé da letra, seria certo que esse país estaria prestes a abandonar o euro. Porém existe um pequeno detalhe, mais de 80% do povo quer a continuidade da moeda única, e o novo líder disse não considerar essa hipótese. Assim, o que ele prometeu, assemelha-se as missões da série de TV dos anos 70, Missão Impossível, onde os objetivos de uma agência governamental secreta eram extremamente difíceis de serem atingidos.

Para cumprir a sua promessa com o povo, teria que romper com a Europa e abandonar o euro. Nesse caso, uma recessão enorme estaria contratada e seria um bom exemplo para Espanha e Itália do que pode acontecer, uma vez que estes países têm eleições este ano. Outra hipótese, é Syriza dar uma de PT, sem o Petrolão e assemelhados é claro, e fazer de conta que está cumprindo o que prometeu. Este caminho pode implicar algumas molezas a serem dadas pelos Alemães nas rolagens de sua dívida, mas teria como obrigação o controle fiscal. O 1º semestre de 2015 promete muito jogo de cenas e ameaças de um lado ou de outro, mas que não dá para cumprir as duas promessas, todo mundo sabe, menos o povo. É bom alguém avisar o manifestante que está carregando a placa na foto!

Na sexta-feira passada, foram publicados os dados cambias brasileiro, com o fechamento de 2014. Muito ruim! O déficit em transações correntes no mês de dezembro foi de US$ 10,3 bilhões, uma cifra para ninguém botar defeito. Com isso, o déficit anual atingiu US$ 90,9 bilhões, ou o equivalente a 4,17% do PIB.


O principal responsável foi a balança comercial, seguido em menor magnitude a conta de serviços, enquanto a conta de rendas manteve-se estável. No financiamento deste déficit, destaca-se o investimento estrangeiro direto com US$ 62,5 bilhões e investimento em carteira (ações e renda fixa) US$ 33,5 bilhões. Assim, combinados com as demais formas de financiamento externo, o balanço de pagamentos terminou superavitário em US$ 10,8 bilhões, não havendo perda de reservas.

A situação cambial vislumbra pouca margem de manobra, como já mencionei diversas vezes. A receita clássica em situações como esta, sugerem uma desvalorização cambial da moeda, que teoricamente acarretaria uma melhora da balança comercial. Acontece que no caso brasileiro esta fórmula não atinge o objetivo desejado, pois 85% da nossa pauta de exportações é baseada direta ou indiretamente em commodities, onde o câmbio só ocasionaria um lucro maior ao exportador. Assim, somente uma diminuição das importações poderia resultar em algum benefício. Em situações normais esta poderia ser uma saída útil, onde os produtos importados seriam substituídos pelos locais, acontece que a indústria local foi dizimada nos últimos anos. Assim, a queda das importações seriam limitadas, e teriam um efeito inflacionário.

Acredito que essa seja a razão do Ministro "salvador da pátria", insistir tanto que temos que aumentar a produtividade. No último final de semana, foi publicado uma entrevista no Estadão, onde Armínio Fraga disse tudo o que tinha vontade. Além de ele ser competente, é uma pessoa muito equilibrada e polida, mas durante a campanha eleitoral, foi "rifado" injustamente pelas mentiras do PT. Ele tem a mesma opinião do Mosca ao dizer que o Ministro Joaquim Levy é "uma ilha em um mar de mediocridade" economia estadão-Armínio Fraga.

A posição brasileira ainda é muito confortável, pois o volume de reservas, que anda na casa dos US$ 374 bilhões, não diminuiu quase nada nesse movimento de queda do real. Mas com o passar do tempo, como poderia este déficit diminuir?

  • Uma reversão da balança comercial, e aqui não quero dizer atingir um mero empate, e sim um superavit padrão China, uns US$ 20/30 bilhões. Isso só aconteceria, se as commodities explodissem em preço, mas no momento está acontecendo o contrário. 
  • O investimento direto estrangeiro parece ter atingido um teto de US$ 60 bilhões nos últimos anos, e aí estabilizou-se. Acho difícil aumentar, e tenho receio, que em algum momento possa cair.
  • A conta de serviços vem aumentando nos últimos anos, através de venda das plataformas da Petrobrás ao exterior, que em seguida, assume um contrato de aluguel do mesmo. Dado a situação precária dessa companha, vislumbrando um crescimento desse tipo de operação, elevando os gastos com aluguéis.
  • Parece restar somente os títulos do governo, que pagam juros convidativos aos investidores. Desta forma, ficamos cada vez mais dependentes dos estrangeiros, pagando juros exorbitantes e recebendo uma remuneração de 0% sobre as reservas em dólares. Até que um dia, o pessoal resolver cair fora destes títulos.

No post Deus-ainda-é-brasileiro? disse que faria uma análise mais detalhada do euro. Posso dizer que raramente vi um ativo com um momentum tão negativo, e em todas as janelas, curto, médio e longo prazo. Esta é uma situação onde  boas oportunidades podem surgir. Comentei também naquele post que poderíamos ver o euro subir depois do anúncio do ECB, mas não foi o que aconteceu.

Um dos leitores do Mosca, vem questionando algum tempo, se já não seria a hora de comprar. Percebo que ele está com coceira na mão. Eu não incentivei, afinal se visse alguma oportunidade , teria publicado aqui. Vamos aguardar o mercado dar sinais, e lembrem-se, o objetivo não é acertar o bumbum da mosca, só a mosca, já está ótimo! Hahahah....

O gráfico acima é de longo prazo, a primeira área de interesse na compra surge exatamente onde o euro se encontra agora, entre 1,12/1,14. Observando num horizonte mais curto (não publicado), os movimentos de ontem a noite e hoje pela manhã foram positivos. Fiquem de olho, e acompanhem o twitter para um eventual trade de compra.

- David, porque você não "mete ficha?"
Ah, e eu que sou irresponsável! Hahahahah ... Não acho oportuno, uma vez que a moeda única, ainda tem que mostrar "serviço". Você nem deixou eu completar o comentário, mas caso o euro não reverta o movimento de queda, o próximo ponto seria ao redor da paridade, ou seja, 12% de queda. Não se preocupe, se a minha expectativa de alta para o euro estiver correta, teremos muito tempo para entrar.

O SP500 fechou a 2.057, com alta de 0,26%; o USDBRL a R$ 2,5832, com alta de 0,18%; o EURUSD a 1,1238, com alta de 0,28%; o ouro a US$ 1.280, com queda de 1,06%.
Fique ligado!

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