Quando a média engana

Quando ainda estava na faculdade, comprei uma régua de cálculo "turbinada" para fazer uma prova de estatística. Sim, não existiam máquinas de calcular, era tudo na mão. Confesso que não sabia usar direto a régua, era necessário ler o manual com atenção. A prova era com consulta e eu estava bem na matéria, pois mesmo se tirasse zero, passaria de semestre. Este não era o caso de vários colegas que precisavam de muita nota para passar. No intuito de ajudá-los, resolvi uma questão usando minha poderosa arma, e transcrevi num papel a resolução. A folha circulou por muitos, afinal se eu tinha notas boas, era um bom auxílio.

Na semana seguinte, quando as notas foram publicadas, eu e vários colegas ficamos chocados, havia nove zeros! O que tinha acontecido? Eu errei na conta, e todos erraram iguaizinhos, até a vírgula! Me senti culpado, alguns ficaram de DP. Mas esta história triste não termina por aí, dois meses depois, um outro colega me entrega a prova do crime, a maldita folha com a resolução. Agora, tinha um detalhe, este colega não tinha tirado zero. Eu perguntei:

David: Por que você não tirou zero?
Colega: Esta folha foi cair na minha carteira, eu dei uma olhada e vi que as contas não estavam certas, decidi não copiar!

No próximo ano vamos comemorar 40 anos de formados, é muito tempo! E minha turma é bem unida, é muito divertidos esses encontros. Em todas as comemorações anteriores, esse caso é sempre levantado, afinal porque esse colega não nos avisou? Ele vai pagar este constrangimento, até que a morte nos separe! Hahahah.....

Vários analistas deram suas opiniões sobre o resultado da reunião de ontem do FED. Em geral, são otimistas, pois enfatizam que a autoridade monetária está satisfeita com o desenrolar da economia americana, e não estão preocupados com o que vem  acontecendo nos emergentes. Acreditam que o FED vai subir os juros, mais tarde e devagar. Por isso, a bolsa subiu forte ontem. Estas conclusões basearam-se na média das expectativas dos membros. Será que dá para confiar nessa premissa?

Os membros publicam a sua estimativa pessoal de taxas de juros para o futuro, e esta informação é publicada na forma abaixo.

 Vamos nos atentar ao ano de 2106, notem como existe uma boa dispersão entre os membros, com uma concentração entre 2% - 3% a.a. É verdade que em 2017, o consenso é mais fidedigno, mas podemos confiar num horizonte tão distante? Eu não entro nessa, o track record nesse campo, tem sido ruim. Na minha humilde avaliação sobre a reunião é que: O FED não sabe o que vai acontecer, e está dividido! O mercado odeia indecisão e decidiu apostar na média. Será que é uma boa aposta, ou os "cálculos" estão errados? Em todo caso, a Yellen afirmou na secção de perguntas e repostas várias vezes, que são os dados que motivarão o FED a agir, tanto subindo os juros, como mantendo os atuais.

Ontem foi publicado o dado de inflação CPI, e como já era esperado, o índice total foi negativo em -0,3% e o que exclui gasolina e alimentos em 0,1%. Em bases anuais, todos estão ao redor de 1,7% a.a, estabilizados e sem nenhuma tendência nos últimos anos.


A Presidenta do FED disse que, enquanto a inflação não for para a meta estabelecida de 2% a.a., nem pensar em subir juros. Enfatizou também, que o petróleo terá um impacto por tempo limitado nesse índice. O que não foi dito, e nem poderia, é se o petróleo vai parar de cair ou uma nova roda de vendas vai levá-lo a US$ 35. Falando em petróleo, eu estou surpreso como ninguém ainda calculou o lucro adicional que a Petrobrás está tendo com a queda de preços internacionais. Veja a seguir a defasagem entre os preços locais e os internacionais, que antigamente eram um custo para Petrobrás, agora é receita.

Basta o governo "fingir de morto" e não baixar o preço da gasolina. Imagino daqui um tempo, a Petrobras vai estar nadando em dinheiro. O único risco é o pessoal do PT ter uma recaída e lançar o - Lava  a jato II - The return! Hahahahah...

Hoje o assunto de mercado é o euro, antes de começar, ontem fomos stopados em nossa posição de compra no empate a 1,2370. Vejamos a seguir o que podemos esperar desta moeda maldita! Hahahah.... No curto prazo eu estou projetando (ou torcendo?), uma pequena recuperação até o nível de 1,29/1,30, para em seguida continuar o movimento de queda, veja a seguir.

Esta queda poderá ir até o nível de 1,17 ou 1,05, a ser melhor detalhado mais à frente. Depois disso, um movimento de alta deverá ocorrer.

- David, pode parar! Primeiro fiquei chocado ao saber que você colou na sua juventude, depois sem muita cerimônia, projeta que o euro vai subir! Te desafio a achar alguém que acredite nisso?
Desculpe se eu te decepcionei, mas gostaria que me apontasse alguém que nunca colou, e que não está mentindo! Sobre o euro, eu sei que ainda é muito prematura essa previsão, até fiquei na dúvida se eu deveria colocar agora, mas é o que eu acho por enquanto. É natural que eu me dê o direito de avaliar mais à frente, mas é isso que eu visualizo nos gráficos. Agora da mesma forma que o dólar estava virando pó em 2011, o euro hoje está numa situação semelhante. Só para especular um pouco, suponha que a França, Itália ou ambas decidam abandonar o euro, sobrando a Alemanha e uns gatos-pingados, o que você acha que aconteceria com o euro-marc? Hahahah ....

Mas isso está distante, e como vocês sabem, tudo pode mudar. Por enquanto vamos  nos ater ao curto prazo. No post FED-buscando-palavras eu aventei a hipótese do euro romper uma formação que estava se formando, conforme gráfico abaixo.
E este rompimento acabou acontecendo, porém ontem retornou a cair. Enquanto a mínima de 1,2245 não for ultrapassada, ainda existe uma chance, mas é bem baixa, o mais provável é que aconteça o que está apontado no gráfico a seguir

Uma nova mínima ao redor de 1,21, para depois provocar uma recuperação que estou desejando.

- David, você deve estar com muita raiva do euro, ele não está te dando, nenhuma oportunidade.!
A palavra melhor é frustrado, mas não posso me deixar levar por está esta emoção e simplesmente jogar a toalha. Por enquanto não tive evidências que eu deva mudar.

O SP500 fechou 2061, com alta de 2,40%; o USDBRL a R$ 2,6623, com baixa de 1,92; o EURUSD a 1,22877, com baixa de 0,43%; e o ouro a US$ 1.198, com alta de 0,82%.
Fique ligado

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