Depressão pós eleições

Tenho percebido entre meus amigos que, passados os primeiros dias dos resultados das eleições, um certo sentimento de desesperança, ronda pelos ares. Emocionalmente, depois de viver um período intenso em nossas vidas, quando ele termina, é esperada esta reação. Os médicos dizem que, quando estamos sujeitos a uma carga grande de pressão, o corpo humano produz mais hormônios, e depois, a falta do mesmo, causa este estado de ausência.

Acredito que na situação atual, esta desesperança, pode causar um estado depressivo. No post Dilma-melhor-opção-para-o-momento, elaborei um cenário mais positivo para o futuro, porém alertei que até lá, não seria nada agradável, e este tempo já está correndo. Vejam os últimos dados econômicos publicados recentemente:  Dívida pública cresce 10% em setembro; arrecadação federal, mesmo com refis, amarga péssimo resultado; Copom sobe os juros; crédito segue desacelerando; exportações sofrem forte queda anual; a indústria recua pelo 5º mês seguido.

A Presidenta voltou de férias ontem, e todos estes problemas devem encontrar-se em sua mesa, com várias decisões difíceis de serem tomadas. Faço um paralelo, com operações de hedge, que são feitas para cobrir uma determinada exposição. Que percentagem deve ser coberta: 100%, 50%, 20% ....? Cada uma delas terá um impacto emocional depois de executada. Se você cobriu 100%, passa a virar um torcedor contra a posição original, pois embora o efeito total seja nulo, o fato de você ter agido, o faz sentir como se você tivesse ganhando, e vice-versa. Agora, com certeza, a pior delas são os 50%, pois depois de feita, se o ativo subir vai se lamentar de não ter feito a posição inteira, e se cair, porque fez.

Qual o caminho Dilma vai definir, o dos "beneficiários" que demandam mais ações sociais, menos juros, mais intervenção na economia, como já vêm pedindo os líderes do PT; ou dos "pensadores", que demandam, um rigor maior sobre a inflação, uma política mais austera em termos de gastos públicos, reforma fiscal e etc...? Alguém vai ficar insatisfeito, e acredito que este será o tom deste novo mandato da Presidenta, ora indo para um lado, ora indo para o outro, mas sem sair muito do lugar. O primeiro teste para que as pessoas avaliem para que lado ela vai pender, será a escolha do Ministro das Finanças nos próximos dias.

No exterior um certo grau de confusão paira no ar, embora os dados publicados nos USA apontem para uma melhora, a reação de alguns mercados mostram disparidades.


O mês de outubro foi marcado por uma onda de receio com a deflação, no gráfico acima pode-se verificar que até o meio desse período, os juros dos títulos de 10 anos, a bolsa representada pelo SP500 e o preço do óleo, caíram de preço. A declaração de um membro do FED, que caso fossem necessários, novos helicópteros seriam colocados no ar, fez com que estes ativos tivessem comportamentos distintos a partir daí. Qual deles está certo?

No Japão vimos uma ação do BOJ na sexta-feira, que ocasionou uma midi-desvalorização do Yen, com queda de 6,5% e uma alta expressiva da bolsa de 8,5%. Enquanto que na Europa, o mercado espera, já algum tempo, atitude similar do ECB, embora não seja tão fácil chegar a um acordo entre seus membros. Enquanto isso, a inflação na Alemanha, caminha em conjunto com o restante da Europa, para níveis muito próximos de 0%.


A musica: Que mundo é esse??? Interpretada por Charles Brown Jr., fala sobre o momento atual.

Olho para um lado
e vejo ricos,
olho pro outro
e vejo pobres.

Na riqueza vejo políticos,
gente chata, ignorante, criminosa,
corrupta, irresponsável e idiota.

Na pobreza vejo gente feliz,
compartilhando o que podem,
num gesto de nobreza e de carisma,
sempre mostrando que dinheiro
não é tudo mas sim ser solidário.


A bolsa brasileira encontra-se "sem destino" no curto prazo. Meus últimos comentários no post Dilma-melhor-opção-para-o-momento, vislumbram um cenário de mais longo prazo: ...Eu calculo que o índice Bovespa possa atingir o nível de 40.000/42.000, nos próximos meses, uma queda nada desprezível de 20% a 25%. Para os terroristas de plantão, aviso que muito provavelmente eu vou sugerir uma compra, caso atinja estes níveis.. Anotei no gráfico abaixo, a evolução depois dessa data.


É importante observar que a ilustração acima, tem uma visão de curto prazo, diferente do anotado no post citado acima. Se o Ibovespa ensaia uma reação, o primeiro ponto a vencer é ao redor de 55.000, e em seguida, e com maior importância, os de 59.000. Este índice subiu da mínima atingida no dia logo após os resultados das eleições, até agora um pouco mais de 10%. Vai precisar mostrar conquistas, antes de um call de compra ser anunciado, por enquanto, I´m out!

O SP500 fechou a 2.012, com queda de 0,28%; o USDBRL a R$ 2,4959, sem alteração; o EURUSD a 1,2543, com alta de 0,49%; e o ouro a US$ 1 1.168, com alta de 0,27%.
Fique ligado!

Comentários