Alea jacta est

Ao se fazer uma análise pormenorizada, sobre o conteúdo escrito da minuta do FED, nada de muito diferente do comunicado anterior pode ser extraído, com exceção da extensão de seu texto, que bateu o recorde conforme pode-se verificar no gráfico a seguir. Anexo a este, a autoridade monetária também publica suas revisões dos principais indicadores econômicos, bem como a tabela contendo a expectativa de taxas de juros, que cada membro acredita para os próximos anos, e é aí que as primeiras evidências começam a aparecer.


Antes de entrar na análise do gráfico conhecido como dots, é importante frisar o desvio significativo em relação as previsões do PIB. Como o gráfico abaixo mostra, a projeção desta variável para 2014, prevista no início de 2012 até hoje, acarretou num erro de 43%. Assim, sob esta ótica, não dá para confiar muito nas suas previsões, nestes tempos com excessiva interferência do FED. 


Vamos agora às previsões dos juros, na tabela abaixo do lado esquerdo, encontra-se o que foi publicado em junho, e do lado direto, agora em setembro.


A primeira observação que salta a vista, é em relação a 2015, onde antes havia uma concentração maior na faixa de 0% - 1% e agora está mais dispersa; entretanto é em 2016 que os dados chamam mais a atenção, existe uma nítida tendência de alta no nível médio de juros esperado. Porém, notem que a dispersão ficou muito maior, e não menos importante, agora 3 membros acreditam num nível de 1% (em rosa). A conclusão mais clara, é que existe muita divergência entre os membros, de como estará a economia nos próximos anos. 

Eu assisti a toda seção de perguntas e respostas, e o momento mais importante na minha opinião, foi quando a Yellen foi questionada sobre quanto tempo representa o termo considerable time. Sua resposta não foi assertiva em dar um período de tempo específico. Ela disse que, se os dados no futuro mostrarem uma melhora antes que o esperado, o FED vai antecipar a data de início da elevação dos juros, caso contrário irá postergar. Isto, mais a forma que respondeu outras perguntas, me fez concluir que o cenário esperado para o futuro é totalmente incerto, e isso é para eles, que têm muito mais informações que qualquer um de nós.

A primeira reação do mercado foi apostar no cenário que é crença atual, que consiste na melhora mais rápida. Porém, fica claro que é por sua conta e risco, pois esta ação não pode ser extraída dos comentários e percepções do FED. O título do post de hoje espelha a minha interpretação sobre os fatos, pois o termo, Alea jacta est, foi supostamente proferido por Júlio Cesar ao tomar a decisão de cruzar com suas legiões o rio Rubricão. A sorte está lançada, é a tradução para o português, e aplica-se em situações que os fatores determinantes de um resultado já foram realizados, restando apenas revelá-los ou descobri-los.

Vou comentar sobre o ouro hoje, embora não tenha muito mais a acrescentar ao que eu comentei no post só-para-americano-ver: ...Existe uma formação de triângulo não muito comum, que pode ser o caso em questão. Me explico, ao invés do ouro ter reagido ao nível de US$ 1.260, pode ser que aconteça no intervalo atual entre US$ 1.190 e US$ 1.240 ...

A única coisa que posso antecipar, é que a decisão está próxima, com US$30 separando os preços atuais de US$ 1.190, ou o ouro sobe proximamente, ou vou ter que assumir que a última queda que espero está em curso.

- David, não vale uma compra especulativa?
Poderia até arriscar, mas prefiro esperar alguma evidência melhor, ou só aguardar a alta para asssim vender, pois os indicadores de momento são fortemente de queda.

- E então uma venda?
Seria o mais lógico, afinal estaria na tendência do mercado, por outro lado, os investidores estão muito "vendidos", e não é improvável que a alta aconteça, assim onde você colocaria o stop? O correto deveria ser em US$ 1.340, ou seja, US$ 120 do preço atual. Quanto é a previsão de ganho? Eu teria que calcular, mas supondo que os mesmos US$ 120, nos levaria a um preço de US$ 1.100, onde eu não quero estar vendido, de jeito nenhum. Então, quando o prejuízo é maior que o lucro, devemos ficar fora!

O SP500 fechou a 2.011, com alta de 0,49%; o USDBRL a R$ 2,3644, com alta de 0,25%; o EURUSD a 1,2922, com alta de 0,44%; e o ouro a US$ 1.225, com alta de 0,14%.
Fique ligado!

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