A China está perdendo o charme?

Nestes últimos anos, não existe país que mais chamou a atenção no mundo, do que a China. De uma forma determinada os Chineses colocaram como objetivo tornarem-se uma potência, onde é necessário, um território extenso, poderio militar e economia poderosa, e há 30 anos faltava este último. Através de um capitalismo pragmático, hoje é a 2º economia do planeta. Missão cumprida!

O modelo para atingir este objetivo, todos sabem de cor e salteado, foi através de investimentos e exportações de seus produtos, será que isto está mudando? Quando eclodiu a crise de 2008, as economias dos países desenvolvidos, acreditaram que o modelo Chinês teria que mudar, incentivando seu mercado interno em detrimento das exportações, uma vez que as mesmas (exportações para esses países) deveriam se desacelerar. Passados mais de 5 anos, isto aconteceu de uma forma tímida, imagino que deve ser difícil fazer com que um povo que poupa quase 50% de sua renda, comece a comprar iphone, BMW, Chanel e etc...

Recentemente, os dados econômicos vindos daquele país tem frustrado parte dos analistas, que esperavam um crescimento mais robusto, haja visto um mini pacote de estímulo feito alguns meses atrás. Como todas os países a China não é exceção, seu volume de crédito é elevado. Considerando o governo, indivíduos e empresas atingiu um nível de 240% do PIB. Assim, qualquer estímulo creditício obtém resultados temporários, principalmente no primeiro trimestre após a injeção. Como se pode esperar, com o efeito diminuindo, e ficando até negativo nos trimestres seguintes, é necessário novas injeções. O gráfico abaixo espelha este fenômeno para a China.

Está nova situação deve estar afetando a taxa de retorno nos investimentos feitos naquele país, afinal se existia uma expectativa de crescimento acelerado por vários anos, a não realização deste objetivo, ou mesmo uma diminuição no ritmo, vai tornar vários projetos não rentáveis, e o efeito disso pode-se observar no ingresso de investimentos diretos.


Também em conversas com alguns empresários que mantém relações comerciais com a China, eles observam que não é mais vantajoso o custo de sua mão de obra, alertando que fábricas como a LG entre outras, fechou sua unidade na China e abriu no Vietnã.

Os mercados aguardam um novo pacote, objetivando atingir a meta de crescimento do PIB de 7,5% a.a, Vale ressaltar que desde 2007, esta variável vem caindo. As autoridades estão enfrentando uma decisão difícil: a elevação na dívida para obter um crescimento maior no curto prazo, e que trazem um risco maior de longo prazo; ou aceitar um crescimento menor. Os sinais têm sido inconsistentes este ano, porém o Premier Li Keqiang, declarou na semana passada no World Economic Forum, que está confortável com um crescimento um pouco menor. Assim, pode-se esperar que o PIB vai estar mais para 7% a.a. do que 7,5% a.a., Nesta situação, o Brasil deverá sofrer este impacto, ou já vem sofrendo, nos preços das commodities, que vem caindo recentemente.

Em todo caso, os Chineses não têm o que reclamar, com um mundo beirando a estagnação quase em todas as partes, crescer 7% a.a. é espetacular, menos para os empresários que investiram muito capital, acreditando que a China cresceria a taxas de 10% a.a. ad infinutm!

Uma última informação interessante, é a respeito de uma pesquisa realizada com  os indivíduos de alta renda, perguntando se eles pretendem mudar de seu país, nos próximos 5 anos. Vejam os resultados:


Quase a metade dos Chineses pretendem sair de seu país, os motivos citados foram: educação; oportunidades, segurança econômica, clima. O autor ficou surpreso pelo fato de ninguém mencionar o item: risco de processo por corrupção política, também alguém teria coragem de assinalar esta opção? Hahahahah....

Eu imagino que dos mercados que eu cubro, o real é o que está mais demandando atenção, afinal ele é importante em nosso dia a dia. Minha avaliação semanal aponta, do ponto de vista de momento, muito positivo para a alta do dólar, mas observado sobre outros critérios, ainda não estou convencido. Eu citei no passado que o gráfico do real é passível de várias interpretações e este fator complica sua análise neste momento.

- David, chega de milongas, admita que neste movimento você errou!
Eu não posso negar que o fator emocional tem peso, mas minhas avaliações técnicas ainda me deixam em dúvida. Eu não posso mudar de opinião "empurrado" pela mídia, pois se estiver errado não vou me perdoar por ter me precipitado. Não sei se já estamos rumo aos R$ 2,60 >, ou se ainda vai permanecer contido nesta correção, eu preciso de mais tempo!

Enquanto isso, vou dividir com vocês 3 possibilidades  que imagino possam acontecer nos próximos meses, a ordem não significa minha preferência.

1) Cenário Mosca

O nome dado a esta hipótese é óbvia! Uma queda das cotações até o nível de R$ 2,10 (mais provável) e após uma alta acima de R$ 2,45 (a ser melhor calculada). Quero enfatizar que, em algum momento passado, eu aventei a hipótese do dólar cair abaixo de R$ 1,90, esta situação fica descartada, por enquanto.

2) Triângulo

Aqui pode-se esperar que a alta atinja níveis próximos de R$ 2,40, para em seguida uma retração ao redor de R$2,20/2,25, para então seguir a níveis superiores à R$ 2,45.

3) Up now!


Nesta situação, as cotações teriam retrações mínimas e já estaria rumo ao rompimento dos R$ 2,45.

- David, se no final, o dólar vai subir em todos seus cenários, por que não comprar já, deixa de ser pão duro!
Talvez se estivéssemos falando de outra moeda, o euro por exemplo, seu raciocínio seria mais válido, mas mesmo assim, imagina comprando agora, e daqui um tempo a cotação cai 12% ( de R$ 2,34 para R$ 2,10), você não ficaria nada feliz, certo? No caso do real é ainda mais grave, pois teria que somar os juros elevados embutidos nos contratos futuros. Para entender melhor o que quero dizer, releia o post desmistificando-o-hedge.

Tenho que aceitar que os odds não estão a meu favor, porém em alguns momentos você têm que usar todos os seus recursos e não só a lógica. Neste caso os juros estão a meu favor, além de não sentir que estou na torcida, pois não tenho nenhuma posição. Agora se você tem alguma exposição em dólares, ou não está disposto a esperar, compre dólares, eu não vou, até que alguns destes cenários fiquem mais claros.

O SP500 fechou a 1.998, com alta de 0,75%; o USDBRL a R$ 2,3271, com baixa de 0,64%; o EURUSD a 1,2960, com alta de 0,15%; e o ouro a US$ 1.235, com alta de 0,21%.
Fique ligado!

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