Sonho e realidade

Todos nós, em determinados momentos, temos um sonho ou uma sensação que algo importante está para acontecer. Assim, ficamos em dúvida se isto é um sinal e devemos estar preparados para tal acontecimento. Numa das secções de terapia, onde uma situação destas aconteceu, perguntei a minha analista, como eu poderia saber se aquilo era uma premonição. Sua reposta foi que deveria observar a realidade e comparar com aqueles pensamentos, e só assim saberia se foi um wish full thinking, como se diz em inglês, ou não.

Desde a crise de 2008, o mercado "sonha" com uma mudança na China, a de que o foco por parte dos Chineses, seria em aumentar o consumo interno em detrimento de suas exportações, criando um equilíbrio melhor. Assim, os países desenvolvidos poderiam ajustar seu nível de dívidas, diminuindo a demanda interna, sem que houvesse queda de preços forçada pelos produtos Chineses exportados. Tudo muito lindo, parece fazer muito sentido, pois com o nível de poupança elevadíssimo da China comportaria com folga este aumento de consumo interno.

Desde então a balança comercial Chinesa tem apresentado uma certa estabilidade, e os economistas diziam que era uma questão de tempo para que a mesma diminuísse. Acontece que ontem foram publicados os dados comerciais, e para surpresa de todos, o superavit bateu novo recorde histórico, a bagatela de US$ 47,3 bilhões, o dobro do que era esperado! E agora José?


O detalhe é ainda mais impressionante, enquanto as exportações cresceram 15,5% em bases anuais, as importações caíram 1,6%, indo exatamente na contramão do que se "sonhava". Ao se analisar os países, ou regiões, observa-se um aumento generalizado em todos eles.


Outro dia, li uma notícia que na hora, não entendi direito a razão pela qual a China estaria investindo US$ 50,0 bilhões para construção de um canal na Nicarágua, um concorrente do canal do Panamá. O planejamento é para comportar navios com 400.000 toneladas, muito maior que o de seu concorrente, numa extensão de 278 quilômetros, alterando assim, o caminho marítimo do comércio.

Parece que agora não devemos ter dúvidas, a realidade nos diz que a China vai continuar com seu modelo de ser a fábrica do mundo, e está se preparando para cada vez mais, exportar. As indústrias ao redor do mundo que se cuidem, e principalmente as automobilísticas, que empregam muitos trabalhadores. Tudo isso é deflacionário e não inflacionário.

No post vou-me-separar-dos-santos comentei que haveria 2 possibilidades para o Ibovespa e acabou acontecendo a segunda: ...Já no cenário 2, uma pequena retração entre 51.500/50.000 e depois romperia os 57.000 para buscar novas altas dos últimos anos ... Vejam o gráfico que foi lá publicado.

Eu frisei também que tinha uma preferência, mas não estava seguro, e assim continuo. Resolvi publicar abaixo um gráfico de mais longo prazo, para compartilhar meus pontos.

Tecnicamente o mercado poderia estar pronto para voos mais altos, mas tem alguns indicadores que me preocupam. Atente-se primeiro aos círculos em verde, mesmo vocês não sendo experts em gráficos, observem que o primeiro movimento do final de 2008 é muito mais potente que o de 2014, isto dá uma indicação que a correção pode não ter terminado. Assim, a bolsa subiria um pouco mais (não é obrigatório), até os 62.000 pontos, para depois voltar a cair mais forte. Será que este cenário combina com um segundo turno nas eleições, culminando com a vitória da Presidenta Dilma?

O SP500 fechou a 1.931, com alta de 1,15%; o USDBRL a R$ 2,2872, com queda de 0,34%; o EURUSD a 1,3411, com alta de 0,37%; e o ouro a US$ 1.310, com queda de 0,19%.
Fique ligado!

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