Quando o bom não é tão bom

Quem já tem uma certa idade, já passou muitas frustrações na vida, expectativas de promoções que não aconteceram, ver seu time perder um campeonato na decisão, ou esperar que os filhos fossem aquilo que idealizamos. Talvez este último seja uma das maiores lições que aprendemos na vida, e quem não aceita esta verdade, vai sofrer muito. Quando a expectativa é muito grande, a tendência é que, mesmo um resultado muito bom, passa a ser uma derrota.

Isto me leva ao assunto mais importante de hoje que foi a publicação dos dados de desemprego, foram criados 209.000 vagas e a taxa de desemprego subiu para 6,2%, antes da publicação dos dados falavam-se em 270.000 vagas novas e desemprego em 6%. Os mercados reagiram imediatamente como o esperado, queda do dólar e melhora das bolsas. Tenho que confessar um certo desconforto com a reação deste último, pois raciocinemos juntos: Se a economia está crescendo, criando empregos, é natural que os juros subam dos níveis tão baixos, uma alta que eu chamo, pelo bom motivo. Então, por que a bolsa teria que cair? E se ao contrário, a economia fica em banho-maria criando poucos empregos, fazendo com que o FED mantenha seus helicópteros, porque isso seria bom para a bolsa? Mas não é assim a visão do mercado, ele têm reagido ao contrário, ficam aqui meus protestos! Hahahah....

Vejam a seguir um espectro dos principais dados de emprego, onde pode-se observar uma estabilidade, ao invés de um crescimento mais acelerado.


Quanto ao Participation rate, uma variável que a Yellen diz acompanhar de perto, subiu um décimo, atingindo 62,9, um nível ainda muito baixo. Talvez, sejam os rendimentos dos trabalhadores, que mostram pouco dinamismo, isto fica claro no gráfico a seguir. É importante notar, que este elemento é importante para indicar uma futura elevação na inflação proveniente do aumento de salários, o que não vem acontecendo ultimamente.


- David, bottom line, foi bom ou ruim?
Poxa, estava com saudades, saiu de férias? Hahahah... eu achei bom, mas como o mercado estava esperando muito mais, ficou um pouco frustrado, mas logo, logo, passa. Tenho quase certeza, que na próxima semana, os analistas vão achar isto.

Agora, se os USA estão conseguindo no mínimo manter um crescimento decente, o mesmo não se pode dizer da Europa, hoje foram publicados os PMI da região. A reação tão esperada por lá, está fazendo água, vejam a seguir.


O índice geral manteve-se estável em 51,8 (abaixo de 50 indica contração), o mais baixo dos últimos sete meses. A expansão da Alemanha foi comprometida pela queda na França. Je suis désolé!

Como prometido, um breve comentário sobre o real. Recomendo a leitura do post Labor_force, onde meus últimos comentários foram: ...Eu recomendo ficar de olho em 3 pontos de interesse para nossa posição: 1) R$ 2,25; 2) R$ 2,27; e R$ 2,29. Na minha ideia de curto prazo não deveria ultrapassar estes preços ... Vejam a seguir o que aconteceu nestes últimos dias.

O USDBRL testou os 3 pontos que eu havia mencionado, e daqui em diante, pode-se esperar quedas a partir da máxima atingida hoje (1), ou ainda novas altas até R$ 2,32/R$ 2,35 (2), para voltar a cair. Quanto ao stoploss, vou considerar que não fomos executados, se no fechamento ficar baixo de R$ 2,28. É assim que deve se agir em movimentos de correção, vale o fechamento.

- David, você não deve ter acompanhado o que acontecia aqui enquanto estava viajando, mas os dados econômicos  publicados foram horríveis, não acha que deveria mudar sua expectativa para nossa moeda?
É exatamente por isso, que teve esta melhora do dólar, não subiu por acaso. Vou manter, pois ainda não houve nenhuma violação técnica que sugira alguma mudança, lembram o que eu não canso de comentar sobre movimentos de correção. Quanto aos dados eu acompanhei sim, e estão muito ruins mesmo, mas nenhuma catástrofe, como a que estão metidos nossos hermanos.

O SP500 fechou a 1.925, com baixa de 0,29%; o USDBRL a R$ 2,2579, com baixa de 0,24%; o EURUSD a 1,3430, com alta de 0,31%; e o ouro a US$ 1.293, com alta de 0,85%.
Fique ligado!

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